sexta-feira, 20 de junho de 2025

Dica Apple Tv Plus - Echo Valley

 

Por Isa Barretto

Echo Valley, dirigido por Michael Pearce e roteirizado com precisão por Brad Ingelsby, é um thriller contido, mas de impacto, que prende o espectador pela tensão psicológica e pela força silenciosa de suas protagonistas.

Julianne Moore dá vida a Kate, uma mulher marcada pelo luto e pela solidão, vivendo isolada em uma fazenda. Sua interpretação é poderosa justamente por não exagerar: cada olhar, cada pausa diz muito. Kate é o tipo de personagem que fala pouco, mas que deixa tudo no ar — e Moore domina isso com maestria.

Quem também impressiona é Sydney Sweeney, no papel de Claire, a filha que reaparece com um problema grave e um passado cheio de rachaduras. Sweeney traz intensidade e vulnerabilidade na medida certa, equilibrando fragilidade com impulsividade. A química entre as duas sustenta o filme do início ao fim.

O roteiro é um dos grandes acertos. Construído de forma enxuta e direta, não desperdiça palavras nem cenas. Os diálogos são carregados de tensão, e há um jogo constante entre o que é dito e o que fica subentendido. Ingelsby cria uma narrativa que se desenrola como um novelo — quanto mais o espectador puxa, mais camadas surgem, sem perder o ritmo.

A direção de Pearce mantém o tom sombrio, com uma fotografia fria e silenciosa que reflete bem o estado emocional das personagens. O uso do espaço — especialmente a fazenda tão isolada — amplifica bem o clima de claustrofobia emocional.

Apesar do ritmo mais contido, o filme nunca é arrastado. Ao contrário, ele cresce à medida que os segredos são revelados e o laço entre mãe e filha é testado até os extremos. Echo Valley trata da maternidade de forma dura e realista, mostrando que nem sempre o amor protege — às vezes, ele cega, sufoca e ultrapassa limites.

Sem recorrer a cenas forçadas ou reviravoltas artificiais, Echo Valley constrói sua força em uma tensão contínua e emocionalmente densa. O resultado é um filme que não precisa ensinar nada explicitamente — apenas nos entrega duas atrizes em performances memoráveis, guiadas por um roteiro preciso e sob medida para seu talento.

Echo Valley é um filme que merece ser assistido com atenção — e, depois, digerido com calma.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

NOS CINEMAS - Como Treinar o Seu Dragão (live action)

 

Por Isa Barretto

Trazer de volta uma história tão querida quanto 'Como Treinar o Seu Dragão' é, no mínimo, um ato de ousadia. A trilogia animada marcou uma geração — não só por seus voos emocionantes e dragões carismáticos, mas por falar sobre crescimento, perdas, coragem e conexão. Agora, o desafio foi ainda maior: transformar esse universo mágico em algo real, quase palpável. E foi exatamente aí que o live action encontrou seu maior triunfo.

Sob a direção de Dean DeBlois, o mesmo nome por trás da animação original, o filme ganha uma nova roupagem sem perder a alma. A escolha por manter a essência dos personagens, da mitologia e das emoções foi sábia. Mas há algo de diferente aqui — algo mais maduro, mais cru, mais próximo.

Revisitar essa história ao lado do meu filho, agora pré-adolescente, foi especial de um jeito difícil de descrever. Nossa jornada com a franquia começou de forma pouco convencional: assistimos primeiro ao terceiro filme da animação, quando ele tinha apenas quatro anos. Fomos fisgados de trás pra frente — e isso só prova o quanto essa história tem força, não importa por onde se começa.

Naquela época, ele ria alto com as travessuras do Banguela e se empolgava com os voos de Soluço. Desta vez, no entanto, o silêncio dele falou mais do que as palavras. Ele assistiu com um olhar diferente, mais atento, mais tocado. Se emocionou em vários momentos. Talvez porque agora entenda melhor o que é crescer, sentir medo, mas continuar — com coragem, com afeto, com os vínculos que nos seguram quando o mundo parece grande demais.

O elenco ajuda a manter essa conexão ainda mais viva. Mason Thames, no papel de Soluço, é uma grata surpresa — entrega a vulnerabilidade do personagem com autenticidade, sem perder a curiosidade e a bravura que sempre definiram o protagonista. Nico Parker, como Astrid, equilibra força e leveza com naturalidade, construindo uma presença marcante e afetuosa. E é impossível não destacar o “sempre galã” Gerard Butler como Stoico. Sua presença impõe respeito, mas também traz calor emocional às cenas mais delicadas entre pai e filho. Juntos, o trio dá vida a relações que amadurecem diante dos nossos olhos — refletindo, com sensibilidade, as mudanças que também vivemos ao longo da vida.

O humor continua presente, naturalmente — e cumpre bem o papel de suavizar a narrativa nos momentos certos. Mas o verdadeiro coração da história sempre foi o vínculo. A amizade improvável entre um garoto e um dragão, que à primeira vista parecia impossível, permanece sendo o motor que move tudo. Só que agora ela vem com uma nova camada, mais madura, mais profunda. O filme nos lembra, com delicadeza, que até nas conexões mais inesperadas existe espaço para confiança, respeito e afeto genuíno. E é justamente isso que faz essa história continuar tão poderosa.

A fotografia é um espetáculo à parte. As paisagens naturais, com seus penhascos recortados, o mar agitado e o céu encoberto por nuvens densas, criam uma atmosfera que equilibra com delicadeza o épico e o íntimo. A Ilha de Berk, antes vibrante e colorida na animação, agora se apresenta selvagem, imponente e quase solitária, como se estivesse mais próxima do mundo real. Cada enquadramento parece esculpido pela própria natureza, revelando uma beleza crua e cativante . A fotografia não apenas compõe o cenário — ela intensifica a experiência emocional, tornando tudo mais palpável, mais próximo, mas sem jamais abrir mão do encanto da fantasia.

'Como Treinar o Seu Dragão' em live action não é apenas uma nova adaptação — é um reencontro. Com a história, com os personagens e, de certa forma, com aquilo que nos fez encantar por esse universo desde o início. A nova versão resgata a essência da animação e a apresenta com um olhar mais realista, mas ainda preserva o charme e a sensibilidade que tornaram a saga tão especial. Uma prova de que histórias bem contadas permanecem vivas — e continuam conquistando espaço no coração de quem as acompanha.


STRANGE DARLING

Por
Por Isa Barretto
Quando o Caçador e a Presa Trocam de Máscara


'Strange Darling' não é apenas um thriller psicológico. É um quebra-cabeça cuidadosamente embaralhado que se recusa a oferecer qualquer pista concreta. Desde os primeiros minutos, o filme lança o espectador em uma dança de percepções — e não demora a deixar claro: aqui, nada é o que parece.

Sob a direção de JT Mollner, a narrativa se constrói em fragmentos, como se estivéssemos observando um mesmo acontecimento refletido por diferentes espelhos quebrados. A estrutura não linear não é apenas um recurso estético, mas a engrenagem central que nos manipula — e que, muitas vezes, revela nossa cumplicidade na confusão.

O roteiro, engenhoso e provocador, nos instiga constantemente: quem está no comando? Quem é a vítima? E, afinal, onde reside a verdadeira ameaça? No centro desse nó narrativo, acompanhamos dois personagens intensos — vividos por Willa Fitzgerald e Kyle Gallner — que tornam a experiência ainda mais hipnótica.

Fitzgerald transita entre vulnerabilidade e controle, sustentando uma presença magnética que nunca entrega tudo de imediato. Já Gallner apresenta uma atuação marcada por uma tensão silenciosa, incômoda na medida certa, que nos faz questionar suas intenções a cada cena. Juntos, eles nos conduzem por um labirinto psicológico onde cada gesto, cada olhar, pode carregar um significado oposto ao esperado.

É aí que Strange Darling se sobressai: ele nos força ao desconforto. Nos obriga a revisar julgamentos apressados. Em uma sociedade moldada por expectativas de gênero — onde o homem é o predador e a mulher, a vítima — o filme desconstrói essa fórmula e expõe que a loucura, o desequilíbrio e a perversidade não têm rosto definido. Nem gênero. A insanidade aqui não segue estereótipos; ela simplesmente existe — crua, imprevisível e assustadora.

Com precisão e ousadia, o filme conduz o espectador por caminhos inesperados, lembrando a sensação provocada por Garota Exemplar (Gone Girl, 2014), ao inverter, desmontar e reconstruir a lógica das relações de poder, culpa e percepção. Mas, enquanto o filme de Fincher se apoia nas reviravoltas do enredo, Strange Darling mergulha mais fundo na essência humana — naquilo que nos faz confiar, desconfiar, rotular.

A direção sabe exatamente quando confundir e quando revelar. É um jogo de ritmo e tensão, onde o espectador é levado a tomar partido, apenas para perceber que talvez não existam lados confiáveis. A câmera se aproxima, mas nunca entrega tudo. Ela insinua. Oculta. Distorce. E é nesse jogo de luz e sombra que o filme se torna mais perturbador.

'Strange Darling' é, no fim, um espelho distorcido da nossa necessidade de impor lógica ao caos. De identificar o mal, de rotular a insanidade. Mas o filme recusa esses atalhos. Ele desconstrói o espectador tanto quanto seus personagens. E quando, enfim, chegamos ao desfecho, a sensação não é de alívio, mas de inquietação. Porque, no fundo, a pergunta que permanece não é “quem era o monstro?”, mas “por que eu achei que sabia a resposta tão cedo?”
 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

MINHA LISTA DE LOVE STORIES | Especial Dia dos Namorados

 

Por Isa Barretto

O cinema tem o dom de transformar sentimentos em imagem, som e silêncio. E quando o tema é o amor, tudo ganha mais cor, mais ritmo e muito mais verdade.

Nesta data que celebra os afetos, reuni histórias que me marcaram — não só por falarem de amor, mas por revelarem suas muitas formas: o que começa sem aviso, o que resiste ao tempo, o que parte, o que retorna.

Não é só uma lista de filmes românticos. É uma jornada entre encontros e desencontros, entre o que poderia ter sido e o que, de fato, ficou.

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*Enquanto Você Dormia (1995)


Lucy vive sua rotina solitária em meio aos trens de Chicago, sonhando com um amor distante — até que, por engano, se vê envolvida com uma família que a acolhe como parte dela. No meio da confusão, é ali, no inesperado e no cuidado silencioso, que ela encontra o que realmente buscava: alguém que a veja de verdade.




*As Pontes de Madison (1995)



Quando Francesca conhece Robert, tudo muda em apenas quatro dias. Eles se cruzam tarde demais, mas profundamente. Sem grandes gestos, sem promessas. Um amor que não sobrevive no tempo, mas permanece eterno na memória.





*Mensagem para Você (1998)



Em tempos de livrarias de bairro e internet discada, dois desconhecidos trocam e-mails cheios de alma, sem saber quem está do outro lado. É aquele tipo de amor que cresce devagar, na sutileza, na troca de palavras. Um filme que aquece o coração e nos faz acreditar nas conexões que nascem primeiro pela escuta.




*Um Lugar Chamado Notting Hill (1999)



Ela é uma das mulheres mais famosas do mundo. Ele, um livreiro tímido em um bairro tranquilo de Londres. Quando seus caminhos se cruzam, o improvável se torna possível — e o amor aparece onde ninguém esperava. Uma história que fala sobre enxergar além das aparências e arriscar, mesmo quando tudo parece fora do alcance.




*E Se Fosse Verdade (2005)



Ele está tentando seguir a vida num novo apartamento, ela aparece do nada — e diz que o lugar ainda é dela. Só tem um detalhe: ela está em coma. Uma história que mistura leveza, humor e emoção, e nos faz lembrar que algumas conexões desafiam até a lógica. Amor, aqui, é presença mesmo sem corpo.




*A Casa do Lago (2006)



Dois moradores da mesma casa se correspondem por cartas… com dois anos de diferença entre eles. Tempo, espaço e realidade se confundem, mas o sentimento cresce com cada palavra escrita. Um filme sobre esperas, sobre encontros desencontrados e sobre a certeza de que, quando é pra ser, o tempo dá um jeito.




*Um Dia (2011)



Emma e Dexter se encontram sempre no mesmo dia, ano após ano. A vida muda, os caminhos se distanciam, mas algo entre eles permanece. Um amor que amadurece junto com os erros e os acertos. É bonito, é agridoce. E mostra que algumas histórias só fazem sentido com o tempo.





*Para Sempre (2012)



Após um acidente, Paige esquece tudo — inclusive o marido. E Leo, ao invés de desistir, decide reconquistá-la, mesmo que ela já não seja mais a mesma. Um amor testado pela memória, mas sustentado principalmente pela escolha diária de permanecer, mesmo sem nenhuma garantia.





*Ele Não Está Tão Afim de Você (2009)



Aqui, a vida real dá as caras. Personagens tentando entender os sinais, forçando situações, esperando respostas que não chegam. Um lembrete sincero (e necessário) de que nem todo sentimento vira história — e tudo bem. Porque reconhecer isso também nos prepara principalmente, para amar melhor depois.




*Um Divã para Dois (2012)



Depois de anos de casamento, a rotina vira silêncio. Mas e se o amor ainda estiver lá, quieto, esperando ser reencontrado? Com humor e delicadeza, esse filme mostra que às vezes é preciso reaprender a conversar, a tocar, a querer. Amar, aqui, é continuar escolhendo o outro, mesmo quando parece mais fácil desistir.




O amor não segue roteiro. Ele surpreende, desafia e, de algum jeito, sempre transforma!

Feliz Dia dos Namorados a todos!


quinta-feira, 29 de maio de 2025

FILMES DA VIDA - A Chegada

 

Por Isa Barretto

'A Chegada', do diretor Denis Villeneuve, é daqueles filmes que se transformam conforme a gente assiste — e, principalmente, depois que termina. Não é só sobre alienígenas. É sobre a forma como percebemos o tempo, sobre as escolhas que fazemos mesmo quando já sabemos o que elas vão nos custar, e sobre o poder — e o limite — da linguagem como ferramenta para conexão.

A história gira em torno da Dra. Louise Banks (Amy Adams, num dos trabalhos mais delicados da carreira), uma linguista convocada pelo governo para decifrar a linguagem de seres que chegaram à Terra. Ao lado do físico Ian Donnelly (Jeremy Renner), ela mergulha num processo que parece técnico, mas logo se revela existencial.

Desde o início, o filme dá sinais — mas a gente não percebe. As imagens da filha de Louise, os momentos de dor, de ternura, parecem flashbacks. Mas a grande virada narrativa vem quando entendemos que não são lembranças… são vislumbres do futuro. A linguagem dos alienígenas, circular e não-linear, reestrutura a forma como Louise percebe o tempo. E nós, espectadores, vamos sendo guiados por essa transformação até sermos atingidos por ela também.

O mais impactante é a escolha que se impõe. Louise vê o futuro. Ela sabe o que vai acontecer. Sabe da perda, da dor, da finitude. E ainda assim, escolhe viver tudo aquilo. Escolhe amar, mesmo sabendo do fim. Essa é a grande beleza do filme. Ele nos pergunta, de maneira sutil, mas cortante: se você soubesse de antemão que sua história teria dor, ainda assim escolheria vivê-la?

Villeneuve não grita. Ele vai sussurrando. Vai construindo essa revelação aos poucos, com um roteiro primoroso escrito por Eric Heisserer (baseado no conto "Story of Your Life", de Ted Chiang), e uma montagem que brinca com nossa percepção do tempo, costurando passado, presente e futuro como se fossem partes de um mesmo fio — porque são.

O filme foi indicado a oito Oscars e venceu na categoria de Melhor Edição de Som, o que faz todo sentido: o som, aqui, é parte da linguagem. É a primeira impressão que temos dos alienígenas. É com ele que sentimos a tensão, o estranhamento, a curiosidade. O som não está ali só pra criar clima — ele comunica, mesmo quando não entendemos nada. Assim como acontece com os encontros da vida.                                                                                  No fim, 'A Chegada' não é sobre salvar o mundo. É sobre aceitar que o tempo, mesmo quando cruel, pode ser belo. É sobre entender que as escolhas que fazemos hoje — mesmo sem saber — nos empurram em direção ao nosso destino. E, quem sabe, não seja preciso ver o futuro para aprender a escolher com mais coragem no presente.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

FILMES DA VIDA - O Jardim Secreto (1993)


Por Isa Barretto

Baseado no clássico de Frances Hodgson Burnett, O Jardim Secreto (1993), dirigido por Agnieszka Holland, é uma obra que trata menos de flores e mais do florescer humano. No centro da história está Mary Lennox (Kate Maberly), uma menina criada à sombra da negligência, que é enviada para viver com um tio amargurado (John Lynch) em uma mansão isolada, cercada por memórias dolorosas e por um jardim trancado há anos. Lá, conhece também seu primo Colin (Heydon Prowse), frágil, isolado, convencido de que jamais poderá caminhar.

Mary chega como quem nada espera. Mas, aos poucos, movida por sua curiosidade, ela encontra a entrada para o jardim proibido — e, com ele, a chave para transformar a todos. O que antes era abandono, vira abrigo. O que parecia infértil, floresce. Colin reaprende a viver. Mary descobre o amor por algo além de si. A dor começa a recuar. Sem pressa, mas com força.

A estética do filme reforça essa metamorfose de maneira delicada e poderosa. A atmosfera opaca do início, com tons acinzentados e espaços enclausurados, vai sendo substituída por luz natural, verdes vibrantes, flores em movimento, brisa e som de folhas. A câmera nos conduz não só por um jardim, mas por um rito de passagem — da dor para o afeto e do egoísmo para o vínculo.

O jardim é metáfora e personagem. Ele representa aquilo que deixamos morrer por dentro, mas que ainda pode ser resgatado. Representa o que nos cura sem alarde: o tempo, o cuidado, a reconexão com o que é vivo.

Assistir O Jardim Secreto é contemplar o renascimento em sua forma mais sutil. É lembrar que a transformação raramente começa com grandes gestos — ela brota devagar, nos detalhes, no silêncio de uma planta crescendo,ou na coragem de abrir uma porta trancada há anos.

Um filme sobre os vários reencontros da vida: com os outros, com o que fomos um dia, e principalmente com aquilo que ainda podemos ser.

domingo, 11 de maio de 2025

Lado a Lado (Especial dia das Mães)

 

Por Isa Barretto

"If you need me, call me — no matter where you are, no matter how far."

"Se você precisar de mim, me chame — não importa onde você esteja, nem o quão longe esteja."

É com esse verso que 'Ain’t No Mountain High Enough' nos prepara para a travessia emocional de 'Lado a Lado' (1998), filme dirigido por Chris Columbus. A canção, que parece alegre em seu ritmo, é uma declaração de presença eterna — o tipo de promessa que só o amor materno, mesmo imperfeito, pode sustentar: “onde quer que você esteja, eu estarei com você”.

O longa coloca em cena duas mulheres poderosas, conectadas pelos laços da maternidade — uma biológica, a outra construída no afeto. Susan Sarandon é Jackie, a mãe que teve todas as histórias: os aniversários, as noites sem dormir, as conversas difíceis. Seu tempo, no entanto, é finito — e ela sabe. Mas quer garantir que o amor que construiu sobreviva à sua ausência. Julia Roberts é Isabel, a madrasta que chega sem manual e com medo, mas com a coragem de quem está disposta a amar o que ainda não conhece. É nela que habita a possibilidade do futuro, de continuidade, de um novo tipo de cuidado.

Entre as duas, está Luke (Ed Harris), o pai que tenta equilibrar os afetos, as perdas e os recomeços — e, mais do que isso, os filhos, que precisam entender que o amor de mãe não precisa ser único para ser verdadeiro.

'Lado a Lado' emociona porque não idealiza. Mostra que o amor materno também sente ciúme, falha, compete, recua. Mas que, no fim, ele permanece. Que ser mãe é, acima de tudo, garantir que alguém se sinta amado mesmo quando você não estiver mais por perto. Que o legado mais profundo não está nas histórias vividas, mas na segurança que você deixa.

Neste Dia das Mães, esse filme é um tributo a todas as formas de maternar. Às mães que se foram, mas continuam vivas na memória. Às que chegaram depois e aprenderam a amar sem pedir espaço. E às que estão, todos os dias, dizendo — com palavras ou silêncio —: “Se você precisar de mim, me chame.”

Porque quando o amor é verdadeiro, não há montanha alta o bastante que o impeça de chegar.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Novocaine - À Prova de Dor


Por Isa Barretto

Uma comédia de ação que anestesia a dor com carisma e socos bem dados.

Alguns filmes não precisam reinventar o cinema para entregar uma experiência divertida — precisam apenas de uma boa ideia, ritmo e um protagonista que tenha química com o público. 'Novocaine: À Prova de Dor' dos diretores Dan Berk e Robert Owen, acerta nesse ponto como um soco que não dói, mas deixa marca.

Jack Quaid vive Nathan Caine, um gerente de banco com uma condição rara: ele simplesmente não sente dor. Literalmente. E é justamente essa peculiaridade que vira seu superpoder — ou maldição — quando tudo desanda num assalto violento e a mulher por quem ele é apaixonado é sequestrada.

A partir daí, o filme se assume como uma montanha-russa de ação insana, com piadas afiadas, perseguições improváveis e socos que pareceriam letais se não fosse a sua peculiaridade clínica. A graça está justamente em ver um cara absolutamente comum — frágil em vários sentidos — se jogando em situações absurdas com uma resistência física que desafia a lógica (e o bom senso).

Jack Quaid conduz tudo com um carisma despretensioso que lembra o típico "herói por acidente". A gente torce por ele não porque ele seja o mais forte, mas porque, no fundo, ele está tão perdido quanto nós — e mesmo assim escolhe agir. Amber Midthunder, como a colega de trabalho e possível interesse amoroso, traz equilíbrio à trama com presença e firmeza.

Se a história se apoia em exageros? Com certeza. Se o final entrega tudo o que promete? Talvez não para os mais exigentes. Mas se você embarcar na proposta e estiver disposto a rir do absurdo enquanto torce por um anti-herói que não sente dor, mas sente tudo o que realmente importa — então vale assistir. Novocaine sabe o que representa: um filme honesto digno de uma boa sessão pipoca e que tem o coração no lugar.


sexta-feira, 2 de maio de 2025

PARALELOS - 'Corra!' e 'Pecadores'


Por Isa Barretto

Paralelos: 'Corra!' e 'Pecadores' — O horror por trás do controle e da opressão.

O verdadeiro terror nem sempre está no escuro. Às vezes, ele se esconde na luz — no cuidado que sufoca, no afeto que aprisiona, no fascínio que vira dominação.

Em Corra! (2017), Jordan Peele escancara o racismo travestido de civilidade. Chris, um jovem negro, visita a família branca da namorada e descobre que a hospitalidade esconde um plano perverso: eles querem mais do que aceitá-lo — querem possuí-lo. O corpo negro é desejado, mas não por respeito: é visto como ferramenta, como produto. O horror está na tentativa de tomar sua mente, sua identidade, sua liberdade.

Em Pecadores (2025), Ryan Coogler conduz uma história ambientada no Mississippi de 1932.Seus personagens são marcados pela dor, pela fé e pelo poder ancestral da música. E é justamente essa música — símbolo de resistência, espiritualidade e identidade negra — que passa a ser alvo de apropriação. Não basta silenciar vozes. É preciso capturá-las. Domesticá-las. 

Nos dois filmes, há uma tensão silenciosa: o que se deseja não é destruir o povo negro — é se apossar do que ele tem de mais profundo. O corpo, em Corra!; a alma, em Pecadores. Ambos são capturados sob o pretexto de admiração. Mas por trás do encantamento está a violência da dominação.

O paralelo é claro: são histórias sobre tentativas de controle — físico, emocional e cultural. Histórias onde o terror nasce do desejo de roubar o que não se compreende... e transformá-lo em algo que sirva aos olhos de quem oprime.

Dois filmes. Dois gritos. 
Um só alerta: nem tudo que brilha é acolhimento. Às vezes, é armadilha.



quinta-feira, 1 de maio de 2025

NOS CINEMAS - Thunderbolts

 

Por Rafael Morais

'Thunderbolts' é mais uma tentativa do Marvel Studios de emplacar um grupo low profile (pra não dizer B) no gap deixado pelos 'Avengers'.

O pedágio continua lá: para ter uma experiência completa é importante consumir, previamente, a tudo que foi lançado, incluindo as séries. E isso parece continuar fazendo sentido somente na cabeça de Kevin Feige. Pena (ou graças a Deus) que larguei faz tempo e nem o último Capitão América consegui assistir, o do Hulk vermelho lá. Desinteresse mesmo. 

No filme da vez, um grupo de anti-heróis é pego em uma armadilha mortal e forçado a trabalhar juntos em uma missão perigosa. Premissa preguiçosa que se arrasta com uma sucessão de clichês. Dirigido pelo não inspirado Jake Schereier, o longa tem o seu melhor momento no terceiro ato quando desvenda o vilão interpretado por Lewis Pullman. Bob/Void/Sentinela eleva à enésima potência a máxima de Nietzsche: "Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." O sentido figurado dessa encarada ao nosso lado mais obscuro - onde vivem os medos, os ressentimentos e a culpa - é o ponto alto do roteiro.

Interessante, portanto, como a Marvel conseguiu levantar temas sensíveis como a depressão profunda, a solidão, o luto e o propósito. Emocionante, o desfecho representa um sopro de altruísmo e união de um grupo desacreditado para salvar o outro, e a si próprio, dos seus piores pesadelos. Destaque para Florence Pugh, que entrega ação e emoção aos socos e entre olhares compassivos, respectivamente.

Por fim, é lamentável que apenas 30 minutos, de 126, tenha alguma relevância narrativa. O terceiro ato mostra que o apego aos Vingadores não deveria ser uma constante. Isso empalidece a nova proposta apresentada. A sensação de não estar vendo algo fechado e único é enfadonha. São tantas promessas, criação de expectativas (hype) e tantos personagens! Que tal desenvolvê-los melhor antes de apenas arremessá-los em tela?!

As sombras (e as sobras) de Homem de Ferro, Capitão América e sua trupe não deveriam pautar o UCM. Essa dependência traz um tom episódico a cada obra lançada. A sanha pelas famigeradas cenas pós-créditos já virou uma marca da ansiedade de um público que está mais interessado sempre no que estar por vir e nunca naquilo que está bem à sua frente. E já sabemos: ansiedade demais, em tempos de cólera, gera depressão, que gera um vácuo...cuidado! Mais autocuidado.


quinta-feira, 24 de abril de 2025

NOS CINEMAS: Until Dawn - Noite de Terror


Por Isa Barreto e Rafael Morais

Baseado no aclamado game do Playstation Studios, 'Until Dawn' estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 24 de abril, sob direção de David F. Sandberg, prometendo transportar para as telas a tensão e o suspense psicológico que marcaram a experiência interativa do jogo. Mas o que era conhecido por colocar o jogador no centro de decisões morais, múltiplos finais e reviravoltas construídas com paciência, aqui vira uma história de rota única — e previsível. 

Com Ella Rubin e Michael Cimino à frente do elenco, a entrega dos atores até convence nos momentos mais densos, mas esbarra em personagens pouco desenvolvidos. A ambientação é promissora: uma casa isolada nas montanhas, chuva incessante, corredores sombrios. Tudo parece caminhar para um mergulho no trauma da protagonista. A chuva, metáfora possível de um estado depressivo. A casa, os monstros, reflexos de sua mente fragmentada. Mas essa simbologia é apenas sugerida — e nunca realmente explorada.

Ao contrário do game, onde cada escolha pode alterar o curso da história, o filme não nos dá espaço para duvidar ou questionar. A grande virada — aquela que poderia recontextualizar tudo — é inserida apenas nos minutos finais, como um lembrete de que havia, sim, uma tentativa de profundidade. Só que ela chega tarde demais, sem base suficiente para se sustentar.

O roteiro ainda tenta dialogar com o imaginário do terror contemporâneo, piscando para referências como 'O Segredo da Cabana' e 'Evil Dead'. Mas falta ao filme a ousadia do primeiro e o descontrole visceral do segundo. As criaturas que aparecem — entre elas o Wendigo, mencionado quase como um aceno ao público gamer — são pouco contextualizadas; e outras figuras, como um vilão mascarado que remete a um "Jason moderno", surgem e desaparecem sem função narrativa clara.

'Until Dawn', no cinema, parece hesitar entre ser uma homenagem ao terror adolescente e uma jornada interna sobre dor, perda e reconstrução. E nessa indecisão, entrega um filme que tenta assustar, mas não assombra. Tenta ser profundo, mas só molha os pés. E tenta homenagear clássicos do terror, mas esquece que para ser um deles, é preciso mais do que sustos fáceis (pura diversão escapista) e maquiagem sombria — é preciso alma.

Ainda assim, o filme pode interessar aos curiosos e fãs do gênero, como uma adaptação que tentou — mesmo que timidamente — trazer para as telonas a sombra emocional de um jogo que se tornou referência. Só é preciso entender: o controle, dessa vez, não está nas nossas mãos.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

NA NETFLIX - Como Ganhar Milhões Antes que a Vovó Morra

 

Por Isa Barretto

Dirigido por Pat Boonnitipat e protagonizado com uma entrega emocionante por Usha Seamkhum e Putthipong Assaratanakul , o filme tailandês surpreende ao entregar uma história profunda, cheia de humanidade e silêncios que gritam.

Não se engane pelo título: o que parece ser uma comédia de interesse logo revela sua verdadeira essência — um drama sensível, dolorosamente real, sobre vínculos familiares, finitude e o amor que nasce nos detalhes de quem cuida e é cuidado.

Para quem já acompanhou de perto a jornada de um familiar fragilizado, o filme é um espelho. Ele ativa gatilhos profundos: o cansaço físico, a exaustão emocional, a culpa invisível e o medo de não estar fazendo o suficiente. Mas também lembra das pequenas graças — um olhar, uma lembrança dividida, um gesto silencioso que diz: “você não está sozinho”.

A relação entre a avó e o neto é o coração pulsante da narrativa. Eles não partem de um laço idealizado — há mágoas, ruídos e interesses misturados. Mas é nesse terreno imperfeito que floresce algo genuíno: o cuidado que transforma, o afeto que amadurece, o amor que aprende a se expressar mesmo diante da morte.

'Como Ganhar Milhões Antes que a Vovó Morra' não quer apenas emocionar — ele quer que a gente lembre. Lembre da última refeição dada com carinho. Lembre do tempo que faltou e do que foi possível oferecer. Lembre que algumas heranças não são materiais, mas ficam marcadas para sempre.

Prepare os lenços. Não apenas para as lágrimas, mas para limpar o coração de quem, por amor, já ficou até o fim.


terça-feira, 22 de abril de 2025

NOS CINEMAS - Pecadores


Por Rafael Morais e Isa Barretto

Imagine se Jordan Peele dirigisse 'Um Drink no Inferno': esse é 'Pecadores', novo filme escrito e dirigido por Ryan Coogler. Ambientada no sul dos Estados Unidos, a obra é banhada por suor, talento, fé e sangue. O filme nos conduz ao Mississipi da década de 1930, período ainda marcado pelo segregacionismo, onde cada esquina guarda um segredo e cada nota de blues pode acordar algo ancestral.

Logo de início, conhecemos os irmãos gêmeos Fumaça e Fuligem (Michael B. Jordan em um trabalho impressionante de dualidade), que vivem no limiar entre o sagrado e o profano. Anti-heróis complexos, que não são exatamente maus — apenas frutos de um mundo que se alimentava do sofrimento negro enquanto dizimava suas raízes.

No universo de 'Pecadores', a música é mais do que expressão: é ritual. O blues, roubado por mãos brancas, torna-se um canal para entidades, pactos e possessões. A crítica sobre apropriação cultural é tão clara quanto cortante. Aqui, o vampirismo é simbólico e literal: quem consome a arte negra também suga sua alma, sua história — e apaga quem a produziu.

É nesse cenário que brilha Sammie, “O Pastorzinho” (Miles Caton), dividido entre seguir os passos de fé do pai ou mergulhar no blues, sua paixão e vocação mais profunda. Em uma das falas mais marcantes do filme, o pai lhe diz: “Se você dança com o diabo, um dia ele vai bater à sua porta.” Essa sentença ecoa como maldição e aviso, não apenas para Sammie, mas para todos que caminham na corda bamba entre a perdição e a rendição.

A fé, neste filme, é chave. Não como um dogma, mas como uma barreira contra o mal. Ryan Coogler articula, com maestria, uma fábula de surrealismo negro onde o espiritual está entrelaçado ao cotidiano e a salvação exige não só escolha, mas coragem e raízes firmes.

O fato é que Coogler não faz apenas um filme de terror. Ele invoca. Ele denuncia. Ele celebra e transcende. 'Pecadores' é uma obra onde os mortos falam e os vivos lutam para não se perder. Ao final, a pergunta não é sobre o bem ou o mal — mas sobre quem bateu à sua porta…e se você abriu.

sábado, 19 de abril de 2025

PARALELOS - 'Aqui' e 'Sombras da Vida'


Por Isa Barretto

Entre paredes e séculos: o tempo como morador silencioso.

Existem filmes que não falam com pressa. Eles sussurram. Observam. Deixam o tempo passar enquanto a gente sente. 'Aqui' (Here) e 'Sombras da Vida' (A Ghost Story) são exatamente assim. Duas obras que, em silêncio e delicadeza, nos lembram que o tempo não pede licença — ele simplesmente mora ali, com a gente, mesmo quando não notamos.

Ambos os filmes têm um ponto fixo: uma casa. Uma sala. Um pedaço de chão. É ali que tudo acontece — e desacontece. Em Aqui, dirigido por Robert Zemeckis, a câmera fixa observa décadas se desenrolarem em uma mesma sala. Vidas entram e saem, histórias se tocam sem se ver. E o que parece banal — uma janela, um sofá, uma fotografia esquecida — se torna testemunha de amores, dores, silêncios e recomeços.

Já em 'Sombras da Vida', de David Lowery, é o próprio tempo que veste um lençol. Um fantasma silencioso observa o mundo girar sem ele. O apego à casa não é apenas por saudade — é por tudo o que ela representava: um amor, um propósito, um lar. E o filme nos lembra de forma quase poética que o tempo passa diferente quando a alma não está pronta pra partir.

Ambos nos fazem pensar: quantas memórias existem em um cômodo onde hoje só há silêncio? Quantas versões de nós já passaram por onde agora estamos sentados?

É sobre isso. Sobre o quanto o espaço nos molda. Sobre como a casa, às vezes, guarda mais da gente do que a própria memória. E sobre como o tempo — esse inquilino invisível — permanece, mesmo quando tudo muda.

Entre móveis que mudam de lugar e luzes que atravessam a parede, 'Aqui' e 'Sombras da Vida' nos convidam a parar. A perceber que o tempo está sempre presente, mesmo quando achamos que ele foi embora. E talvez o grande gesto seja aceitar: tudo passa… mas algumas presenças,mesmo invisíveis, permanecem.

sábado, 12 de abril de 2025

NOS CINEMAS - Mickey 17


Por Isa Barretto

O que define um bom filme?

Pra muita gente, é a história que prende. Pra outros, são os personagens que parecem de verdade. E tem quem se encante com a direção afiada, a fotografia que emociona, ou até aquele final que fica dias na cabeça. Um bom filme é aquele que conecta — com o público, com a emoção, com a própria proposta. E é exatamente aí que 'Mickey 17', novo trabalho de Bong Joon-ho (adaptação do livro homônimo de Edward Ashton), derrapa feio.

Depois do sucesso estrondoso de Parasita, que levou o Oscar e arrebatou plateias no mundo todo, a expectativa era que Bong entregasse mais uma obra com identidade forte, e narrativa inteligente. Mas 'Mickey 17' parece tropeçar na própria ambição.

A premissa até chama atenção: Mickey é um “descartável”, um clone enviado para missões suicidas em um planeta inóspito, renascendo com todas as memórias da versão anterior. A ideia abre espaço para discussões filosóficas e sociais potentes: até onde vai o valor da vida quando podemos simplesmente “repor” alguém? O que define a identidade quando se é substituível? E mais — o que acontece quando um planeta já habitado precisa ser esvaziado para dar lugar à colonização humana? Quem decide quem fica e quem deve ser apagado?

O problema é que o filme levanta essas perguntas, mas não sustenta o debate. As duplicações se acumulam, os conflitos morais são apenas sugeridos, e o roteiro vai se perdendo entre idas e vindas desconexas. Falta amarração, falta ritmo, falta entrega.

Robert Pattinson se esforça para dar vida (ou vidas?) a Mickey, mas a atuação de Mark Ruffalo, por exemplo, parece fora de tom, quase deslocada — como se estivesse em outro filme. A sensação é de que o elenco, assim como o espectador, ficou esperando o momento em que tudo faria sentido. Mas esse momento nunca chega.

'Mickey 17' tem bons questionamentos, uma estética interessante e um diretor renomado por trás. Mas esquece de fazer o principal: contar uma história que envolva. No fim, fica a impressão de que vimos muitas versões de um personagem, mas nenhuma versão de um bom filme.

quinta-feira, 13 de março de 2025

EM BREVE na HBO MAX e PRIME VIDEO - Acompanhante Perfeita

Por Isa Barretto

Já imaginou um relacionamento onde o parceiro sempre te entende, nunca discorda e está ali para te satisfazer em todos os sentidos? Parece o sonho perfeito, né? Mas e se esse "parceiro" for, na verdade, um programa de inteligência artificial arquitetado para atender aos seus desejos sem questionar? É exatamente essa a premissa de Acompanhante Perfeita (Companion), filme dirigido por Drew Hancock, que mistura ficção científica e terror para entregar uma história surpreendente e inquietante.

O protagonista, Josh (Jack Quaid), tem tudo o que quer em Iris (Sophie Thatcher). Ela é linda, dedicada e incapaz de dizer "não". O detalhe? Ela não tem escolha. É um ser artificial programado para obedecê-lo sem questionar, mesmo quando ele a conduz a ultrapassar limites impensáveis, transformando-a em uma peça de seu próprio jogo manipulador. É a partir desse momento que o filme toma um rumo intenso, revelando não apenas a crueldade de Josh, mas também o quanto essa dinâmica reflete um ciclo de abuso real.

O que torna Acompanhante Perfeita tão envolvente é como a história brinca com a tensão. A direção de Hancock sabe exatamente como segurar o espectador, com uma atmosfera cada vez mais sufocante à medida que Iris começa a perceber que está presa em uma relação doentia. O terror aqui não se apoia em sustos previsíveis, mas na inquietação crescente de que algo está profundamente errado – e na percepção de que essa dinâmica de controle e submissão está mais próxima da nossa realidade do que gostaríamos de admitir.

E aí vem o grande ponto do filme: quando Iris finalmente tem a chance de tomar uma decisão por si mesma, o que a impede?O que a faz continuar presa ao mesmo homem que a explorou e usou para seus próprios interesses? Essa é uma questão brutalmente real. Quantas mulheres, mesmo sem serem controladas por IA, permanecem em relações tóxicas por medo, dependência emocional ou até por acreditarem em um amor que nunca existiu?

Companion entrega um filme que, além de entreter, dá aquele soco no estômago. É sobre controle, submissão e a ilusão do "amor perfeito". E, no final, a maior reflexão fica para o espectador: se alguém pudesse criar um parceiro sob medida, sem vontades próprias, o que isso revelaria sobre sua verdadeira natureza?

Enfim, uma experiência intensa, que vale cada minuto.

*Para quem perdeu nos cinemas, a chance de assistir está chegando! Em breve, ‘Acompanhante Perfeita’ nos melhores streamings. Fique de olho!"


 

domingo, 2 de março de 2025

PALPITES OSCAR 2025

 

Por Rafael Morais e Isa Barretto

Como de costume, seguem os nossos palpites nas principais categorias. Serão divididos em "na torcida, quem ganha e correndo por fora". Façam suas apostas...


MELHOR FILME (Rafael Morais)

Na torcida - Duna Parte 2

Quem ganha - O Brutalista

Correndo por fora – Anora


MELHOR FILME (Isa Barretto)

Na torcida - A Substância 

Quem ganha - O Brutalista 

Correndo por fora – Anora


DIRETOR (Rafael Morais)

Na torcida – Coralie Fargeat (A Substância)

Quem ganha - Brady Corbet (O Brutalista)

Correndo por fora – Sean Baker (Anora)


DIRETOR (Isa Barretto)

Na torcida – Coralie Fargeat (A Substância) 

Quem ganha - Brady Corbet (O Brutalista)

Correndo por fora – Sean Baker (Anora)


ATOR (Rafael Morais)

Na torcida – Adrien Brody (O Brutalista)

Quem ganha – Adrien Brody (O Brutalista)

Correndo por fora - Ralph Fiennes (Conclave)


ATOR (Isa Barretto)

Na torcida – Ralph Finnes (Conclave)

Quem ganha – Adrien Brody (O Brutalista)

Correndo por fora - Timothée Chalamet (Um Completo Desconhecido)


ATRIZ (Rafael Morais)

Na torcida – Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui)

Quem ganha - Demi Moore (A Substância)

Correndo por fora - Mikey Madison (Anora)


ATRIZ (Isa Barretto)

Na torcida – Fernanda Torres (Ainda estou aqui)

Quem ganha - Demi Moore (A Substância)

Correndo por fora - Mikey Madison (Anora)


ATOR COADJUVANTE (Rafael Morais)

Na torcida – Yura Borisov (Anora)

Quem ganha - Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)

Correndo por fora – Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)


ATOR COADJUVANTE (Isa Barretto)

Na torcida – Yura Borisov (Anora)

Quem ganha - Kieran Culkin (A verdadeira Dor)

Correndo por fora – Kieran Culkin (A verdadeira Dor)


ATRIZ COADJUVANTE (Rafael Morais)

Na torcida - Ariana Grande (Wicked)

Quem ganha - Zoe Saldaña (Emilia Pérez)

Correndo por fora - Felicity Jones (O Brutalista)


ATRIZ COADJUVANTE (Isa Barretto)

Na torcida - Ariana Grande (Wicked)

Quem ganha - Zoe Saldaña (Emilia Pérez)

Correndo por fora - Felicity Jones (O Brutalista)


ROTEIRO ADAPTADO (Rafael Morais)

Na torcida – Conclave

Quem ganha - Conclave

Correndo por fora - Conclave


ROTEIRO ADAPTADO (Isa Barretto)

Na torcida – Conclave

Quem ganha - Conclave

Correndo por fora - Conclave


ROTEIRO ORIGINAL (Rafael Morais)

Na torcida – A Substância 

Quem ganha – O Brutalista

Correndo por fora - Anora


ROTEIRO ORIGINAL (Isa Barretto)

Na torcida – A Substância 

Quem ganha – Anora 

Correndo por fora - O Brutalista 


TRILHA SONORA ORIGINAL (Rafael Morais)

Na torcida – O Robô Selvagem

Quem ganha - O Brutalista

Correndo por fora – Wicked


TRILHA SONORA ORIGINAL (Isa Barretto)

Na torcida – Robô Selvagem 

Quem ganha - Wicked 

Correndo por fora – O Brutalista 


FILME INTERNACIONAL (Rafael Morais)

Na torcida – Ainda Estou Aqui

Quem ganha – Ainda Estou Aqui

Correndo por fora – Ainda Estou Aqui


FILME INTERNACIONAL (Isa Barretto)

Na torcida – Ainda Estou Aqui

Quem ganha – Ainda Estou Aqui

Correndo por fora – Ainda Estou Aqui


ANIMAÇÃO (Rafael Morais)

Na torcida – O Robô Selvagem 

Quem ganha - O Robô Selvagem

Correndo por fora - Flow


ANIMAÇÃO (Isa Barretto)

Na torcida – O Robô Selvagem 

Quem ganha - O Robô Selvagem

Correndo por fora - Flow


FIGURINO (Rafael Morais)

Na torcida – Wicked

Quem ganha – Wicked 

Correndo por fora – Wicked


FIGURINO (Isa Barretto)

Na torcida – Conclave 

Quem ganha – Wicked

Correndo por fora – Gladiador 2


DIREÇÃO DE ARTE (Rafael Morais)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – Wicked 


DIREÇÃO DE ARTE (Isa Barretto)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – Wicked


EDIÇÃO (Rafael Morais)

Na torcida – Conclave

Quem ganha – Conclave

Correndo por fora – Anora


EDIÇÃO (Isa Barretto)

Na torcida – Conclave

Quem ganha – Conclave

Correndo por fora - O Brutalista


SOM (Rafael Morais)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – Duna 2


SOM (Isa Barretto)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – Wicked


EFEITOS VISUAIS (Rafael Morais)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – Duna 2


EFEITOS VISUAIS (Isa Barretto)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – Duna 2


FOTOGRAFIA (Rafael Morais)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – O Brutalista

Correndo por fora – O Brutalista


FOTOGRAFIA (Isa Barretto)

Na torcida – Duna 2

Quem ganha – Duna 2

Correndo por fora – O Brutalista