sábado, 6 de setembro de 2025

Fórmula 1


Por Isa Barretto

As luzes vermelhas se apagam, as bandeiras baixam, e o coração do público dispara junto ao rugido dos motores. Mas aqui não é apenas corrida: é cinema em estado puro de adrenalina. 'Fórmula 1' (2025), dirigido por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick), transforma a velocidade em espetáculo visual e sonoro, colocando o espectador dentro do cockpit, onde cada curva parece uma sentença e cada ultrapassagem, um ato de coragem.

O longa acompanha Brad Pitt como Sonny Hayes, um veterano chamado de volta às pistas para guiar o jovem talento vivido por Damson Idris. A dupla é sustentada por um elenco de peso: Javier Bardem dá corpo ao chefe de equipe, Kerry Condon brilha como a engenheira-chefe, e nomes como Tobias Menzies, Sarah Niles e Kim Bodnia completam esse mosaico de personagens que carregam o drama para além da pista.

O roteiro não se contenta em mostrar carros correndo. Ele fala de legado, de escolhas e do impacto do tempo. Kosinski conduz a narrativa com equilíbrio: deixa o barulho ensurdecedor dos motores falar, mas também nos oferece o silêncio dos boxes e a respiração contida do piloto antes da largada. É nesse contraste que o filme encontra sua força.

Tecnicamente, é um espetáculo. O som dos carros não é apenas ruído — é música, quase um cântico ritual. A fotografia ousada nos joga no meio da ação, fazendo sentir a vibração da pista no corpo. Tudo isso cria uma experiência que não se limita a impressionar, mas que busca emoção genuína.

E quando vemos arquibancadas lotadas, multidões que vibram a cada curva, é impossível não pensar nas arenas da Roma Antiga, quando cidadãos se reuniam para assistir a heróis colocarem a vida em risco diante do público. A Fórmula 1 herda esse espírito: um espetáculo moderno que mistura risco, glória e catarse coletiva.

Para os fãs, essa é uma experiência visceral. Os pilotos surgem como semideuses que desafiam a morte em busca de eternidade. E, para nós brasileiros, ouvir o eco distante do nome Ayrton Senna é reencontrar um herói que permanece vivo na memória, um mito que atravessa gerações.

No fim, 'Fórmula 1' não é apenas sobre carros em alta velocidade. É sobre superação, coragem, sacrifício e a beleza de testemunhar homens que decidiram viver como lendas. Quando os motores rugem e os "deuses" correm, nós acreditamos de novo no impossível.

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