sexta-feira, 8 de março de 2024

OSCAR 2024 - PALPITES

Por Rafael Morais

- OSCAR 2024 -
Como de costume, seguem os meus palpites nas principais categorias. Serão divididos em "na torcida, quem ganha e correndo por fora". Façam suas apostas...

MELHOR FILME

Na torcida - Oppenheimer
Quem ganha - Oppenheimer
Correndo por fora – Anatomia de Uma Queda

DIRETOR

Na torcida – Christopher Nolan
Quem ganha - Christopher Nolan
Correndo por fora – Christopher Nolan

ATOR

Na torcida – Paul Giamatti (Os Rejeitados)
Quem ganha – Cillian Murphy (Oppenheimer)
Correndo por fora - Jeffrey Wright (Ficção Americana)

ATRIZ

Na torcida – Emma Stone (Pobres Criaturas)
Quem ganha - Emma Stone (Pobres Criaturas)
Correndo por fora - Emma Stone (Pobres Criaturas)

ATOR COADJUVANTE

Na torcida – Robert Downey Jr. (Oppenheimer)
Quem ganha - Robert Downey Jr. (Oppenheimer)
Correndo por fora – Ryan Gosling (Barbie)

ATRIZ COADJUVANTE

Na torcida - Da’Vine Joy Randolph (Os Rejeitados)
Quem ganha - Da’Vine Joy Randolph (Os Rejeitados)
Correndo por fora - Da’Vine Joy Randolph (Os Rejeitados)

ROTEIRO ADAPTADO

Na torcida – Ficção Americana
Quem ganha - Ficção Americana
Correndo por fora - Ficção Americana

ROTEIRO ORIGINAL

Na torcida – Anatomia de Uma Queda
Quem ganha – Anatomia de Uma Queda
Correndo por fora - Anatomia de Uma Queda

TRILHA SONORA ORIGINAL

Na torcida – Ludwig Göransson (Oppenheimer)
Quem ganha - Ludwig Göransson (Oppenheimer)
Correndo por fora – Jerskin Fendrix (Pobres Criaturas)

DOCUMENTÁRIO

Na torcida – 20 Dias em Mariupol
Quem ganha - 20 Dias em Mariupol
Correndo por fora – 20 Dias em Mariupol

FILME INTERNACIONAL

Na torcida – A Sociedade da Neve
Quem ganha – Zona de Interesse
Correndo por fora – Dias Perfeitos

ANIMAÇÃO

Na torcida – O Menino e a Garça
Quem ganha - O Menino e a Garça
Correndo por fora - O Menino e a Garça

FIGURINO

Na torcida – Pobres Criaturas
Quem ganha – Barbie
Correndo por fora – Pobres Criaturas

DESIGN DE PRODUÇÃO/DIREÇÃO DE ARTE

Na torcida – Pobres Criaturas
Quem ganha – Pobres Criaturas
Correndo por fora – Pobres Criaturas

MONTAGEM/EDIÇÃO

Na torcida – Anatomia de Uma Queda
Quem ganha – Oppenheimer
Correndo por fora – Pobres Criaturas

EDIÇÃO DE SOM/SOM

Na torcida – Oppenheimer
Quem ganha – Oppenheimer
Correndo por fora – Oppenheimer

EFEITOS VISUAIS

Na torcida – Godzilla Minus One
Quem ganha – Resistência
Correndo por fora – Guardiões da Galáxia Vol.3

FOTOGRAFIA

Na torcida – Oppenheimer
Quem ganha – Oppenheimer
Correndo por fora – Pobres Criaturas

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Nos Cinemas - VIDAS PASSADAS

                                        

Por Rafael Morais

"Passado é algo que se pode ver, mas não se pode tocar."
( Filme: Amor à Flor da Pele; Dir.: Wong Kar-Wai)

Escrito e dirigido por Celine Song, 'Vidas Passadas' conta a história de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amigos de infância com uma conexão profunda, mas que acabam se separando quando a família de Nora decide sair da Coréia do Sul e se mudar para a cidade de Toronto. Vinte anos depois, os dois amigos se reencontram em Nova York e vivenciam uma semana fatídica enquanto confrontam as noções de destino, amor e as escolhas que compõem uma vida.

O filme de estreia de Song traz claras referências ao estilo Woody Allen na escolha das locações, no caminhar pelas ruas de New York dando ênfase à arquitetura da megalópole em contraponto aos dilemas de seus protagonistas. A melancolia salta aos olhos. Mas é em Richard Linklater - na trilogia 'Antes do Amanhecer'- que enxergo as maiores semelhanças: um casal "lava suas roupas sujas" andando lado a lado pelas ruas de uma grande cidade enquanto discutem o que poderia ter acontecido SE...é o 'What if' da vida real, na veia, sem dó nem pena.

A obra propõe discutir a respeito de pertencimento, relutância, redescoberta e, principalmente, sobre escolhas e consequências. O carrossel cíclico da vida uma hora vai cobrar o preço da viagem.

Mas é na quebra da quarta parede, logo no início do filme, indicando a metalinguagem proposta sobre o jogo do julgamento, que a história já ganhou minha atenção. Nora e o seu esposo são roteiristas e escritores, o que explica essa narrativa tão inteligente se entrelaçando com o enredo proposto. Afinal, aquele trio no bar, lá no comecinho, seria um triângulo amoroso ou o quê?! Dentre as inúmeras possibilidades de relacionamentos, o olhar charmoso, lançado por Na Young (agora Nora), é também questionador e nos coloca contra a parede - enquanto voyeurs, curiosos e julgadores, ao mesmo tempo - como se nos confrontasse dizendo/fitando: "eu sei que você também já fez escolhas pelas quais não está completamente certo. Então, tá olhando o quê?!"

Na verdade, a mulher contemporânea é manipuladora da situação. Não no sentido pejorativo. Como protagonista das relações, é ela quem vai tomar as rédeas e escolher qual caminho seguir. Claro que cada escolha terá uma consequência, e Nora terá que pagar o preço das suas. Há uma linha tênue entre ser escrota/negligente com o possível amor da sua vida e tomar o rumo da carreira de sucesso, do tão sonhado Nobel. Como se ambas as opções jamais pudessem fazer parte do mesmo mundo. Não se pode ter tudo?!

Todavia, a maneira como o roteiro colocou o misticismo por trás do conceito do 'In-Yun', da cultura coreana, não me convenceu muito. É meio jogado lá para tentar explicar uma ligação irremediável entre pessoas. A tal "tampa da panela", conexão inexorável de vidas, na verdade, me pareceu cafona e mal desenvolvida, mas isso não me tirou totalmente do caminho, da proposta que considerei como a principal: os percalços e reviravoltas que a vida dá e como, definitivamente, não somos o "capitão do nosso próprio barco".

‘Past Lives’ é mais um grande acerto do estúdio A24, que vem se notabilizando pela qualidade de suas produções, pensando sempre “fora da caixa”. Aqui, a subversão do gênero traz um romance moderno. A produtora vem se destacando por tratar temas complexos em filmes dirigidos por excelentes cineastas, sejam eles principiantes ou não. A sutileza é marca registrada, ressaltada pela excelente fotografia. Destinos, sucesso profissional x amoroso e solidão urbana são assuntos recheados por simbolismos, alegorias e metáforas. Perceba, em alguns takes, por exemplo, a opressão dos arranha-céus espremendo o “intruso” He Sung. Essa semiótica, o A24 faz como poucos.    

Não menos primorosa, apesar de sutil, a direção de arte "deixa escapar", não por acaso, que um dos livros de cabeceira de Nora é 'Macbeth', de William Shakespeare. A obra é um dos ensaios mais tenebrosos dos dramas shakespearianos. A peça é uma ótima oportunidade para refletir sobre aspectos sombrios e atemporais do comportamento humano, como ganância, traição e culpa. E Lady Macbeth tem um papel fundamental nesta jornada. Liguem os pontos...

He Sung quer que Nora volte a ser Na Young. Mas ela está disposta a isso?!

Como diria o grande filósofo contemporâneo Jr. Neymar (rsrsrs): “Saudades do que a gente não viveu!”

 Avaliação: 4,0 Pipocas + 5,0 Rapaduras = 9,0.


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Nos Cinemas - POBRES CRIATURAS

                                         

Por Rafael Morais

O Frankenstein, segundo Yorghos Lanthimos. Filme propõe uma fábula sobre a desconstrução de padrões sociais em prol de uma liberdade utópica.

A jovem Bella Baxter (Emma Stone, fabulosa como sempre) é trazida de volta à vida pelo cientista Dr. Godwin Baxter (o espetacular William Dafoe). Querendo ver mais do mundo, ela foge com um advogado e viaja pelos continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella exige igualdade e libertação. ‘Pobres Criaturas’ é a história de uma mulher que luta contra a opressão e está pronta para questionar tudo e todos. Que nasce desamarrada das convenções, sem filtro total.

Polêmico, subversivo, controverso, e um tanto perturbador, o longa adapta o livro homônimo de Alasdair Gray. Destaque para a parte técnica do filme: a direção de arte é caprichada e realça os volumes, as nuances e as texturas de cada cena. Surrealismo e expressionismo se confundem, dando vazão a diversos cenários e locações que parecem inspiradas em quadros ambulantes. Telas pintadas à mão aparentam saltar do escopo. Simplesmente lindo e imersivo.

Claro que a impulsiva fotografia de Robbie Ryan é tão deslumbrante que só reforça toda a ideia de quadros artísticos em movimento. A sensação é de estarmos dentro do sonho, e por vezes pesadelo, dos personagens. Os enquadramentos hipnóticos brincam com o conceito de tamanhos, formas e cores. Caricatural, os estereótipos são bem capturados pelas lentes de Ryan.

A já famigerada câmera com lente de "olho de peixe", em 180º, emula uma redoma, um confinamento que a protagonista está passando. Perceba que em ambientes fechados esse tipo de técnica mostra a sua função narrativa. E o diretor de fotografia também se utilizou desse formato para captar as intrigas palacianas em ‘A Favorita’.

Não menos fantástico, o figurino também auxilia nessa imersão a um conto de fadas nada convencional. Tudo isso associado à trilha sonora de Jerskin Fendrix, que usa sons destoantes, desafinados e fora de ritmo para enfatizar a condição errática da protagonista, sobretudo na primeira metade do filme. Os acordes de violinos distorcidos e tambores desconexos não só causam desconforto ao público (de maneira proposital), como auxiliam à narrativa. E sim, lá pelas tantas - progredindo em sincronia com o arco de Bella - a música se ajusta harmonicamente e já passa a soar rítmica.

Assim, ‘Poor Things’ tem embalagem de drama, cheiro de suspense, mas, na essência, trata-se de uma comédia bizarra que se sobressai através dos risos involuntários provocados mais pelo constrangimento das cenas do que propriamente pelos diálogos afiados. E aqui não quero desmerecer o ótimo trabalho de Mark Ruffalo na pele de um impagável cafajeste. Pelo contrário. Bobo e canastrão, na medida, Duncan Wedderburn me fez dar boas e genuínas risadas em algumas sequências.

Mas, felizmente, o roteiro de Tony McNamara é sagaz o bastante para se desvencilhar da estranheza (não seria esta a trincheira final de Lanthimos) e aproximar o espectador. Perceba que a expressão “polido” é utilizada de maneira recorrente no script para dar uma ideia de termômetro social daquilo que você deseja falar, mas acaba pensando mil vezes antes e desiste. Coisa que a protagonista já não tem desde a sua “ressureição”. Isso torna Bella cada vez mais humana e próxima da plateia.

Outra sacada inteligente é a forma como a protagonista chama o seu criador: Dr. Godwin, para ela, é simplesmente God. Não à toa, o diminutivo representa a grandiosidade de um “deus” na vida/sobrevida de Bella. O interessante é que esta alcunha surgiu naturalmente no cotidiano da menina, durante sua criação. É o “painho” dela em forma de divindade.

No entanto, de acordo com o autor do livro, este é um filme que demorou a sair do papel, a ser adaptado, até que algum cineasta tivesse a coragem e o talento necessário. Vários já haviam ficado pelo caminho e desistido no meio do processo. O próprio autor afirmou que a obra seria polêmica demais. Nisso, entra a figura do grego Yorghos Lanthimos com o know-how suficiente para transformar o creepy perturbador em crítica social.

O filme recebeu ‘classificação indicativa 18+’ totalmente justificável. O final do segundo ato há uma ode ao hedonismo que depois “evolui” para discursos políticos diretos e enfáticos sem saber para onde “atirar”. É uma obra pronta para amealhar indicações em festivais e premiações (como de fato aconteceu), muito mais pela técnica impecável e pelas metáforas visuais do que pelo discurso. 

3,5 Pipocas + 5,0 Rapaduras = 8,5. 

                 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Nos Cinemas - OS REJEITADOS

                                 

Por Rafael Morais

Nova “dramédia” de Alexander Payne é um filme de natal diferente das galhofas do gênero que você encontra facilmente ao remexer os streamings da vida.

A trama segue a desventura de um professor mal-humorado (vivido pelo excepcional Paul Giamatti) de uma prestigiada escola americana, forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as festas de fim de ano. Assim, o mestre carrasco acaba criando um vínculo improvável com um deles – um encrenqueiro magoado e muito inteligente – e com a cozinheira-chefe da escola, que acaba de perder um filho no Vietnã.

Logo de início, é fácil constatar a semelhança, quase homenagem, de Payne à filmografia de John Hughes, sobretudo ‘Clube dos Cinco’. A familiarização fica notória quando vemos uma turma de adolescentes (e no início são justamente cinco) tendo que ficar mais tempo do que o esperado na escola, cada um com os seus motivos e personalidades diferentes.

Claro que essa aparência com as fitas de Hughes logo se dissipa quando o filme começa a deixar claro sobre o que quer falar. Inspirado em ‘Merlusse’, longa francês dirigido por Marcel Pagnol em 1935, ‘The Holdovers’ (traduzido aqui como ‘Os Rejeitados’) está mais preocupado no estudo dos seus personagens e entender o motivo pelo qual cada um está naquele estado de espírito, do que propriamente com a comédia casual ou situações inusitadas de jovens dentro de uma escola/internato. Aqui, a ironia vence a gag.

Emocionante, e com arcos narrativos bem delineados, o filme acerta na construção de amizades improváveis e na desconstrução das crenças dos seus personagens. Paul Giamatti brilha demais ao entregar a alma de sua persona ao espectador. Complexo, o professor, de cara, causa ranço, mas aos poucos baixa a guarda e traz humanidade. Tomado pelo tom de cinza, sem espaço para o maniqueísmo, o filme aborda uma “simbiose” entre mentor e aprendiz para falar sobre os relacionamentos entre pais e filhos: sejam aqueles negligenciados ou doloridos pela perda.

A empatia, elemento habitual dos filmes de Payne, aqui ganha um charme diferente ao abordar a relação de admiração e poder entre mestre e pupilo. E quanto um professor pode ser importante, de diversas maneiras, na vida de um aluno. O longa parece querer “colar” os relacionamentos quebrados e isso traz um aconchego ao público. Ao final, ‘Os Remanescentes’ (caso fosse traduzido literalmente) é sobre bondade (em tempos de cólera), amparo e maturidade. É um grupo que remanesce/sobrevive às intempéries da vida e entende que o fardo pode ser mais aliviado ao conhecer melhor quem está no “mesmo barco” que o seu.

A reunião de um professor “caxias”, quase amargurado (e ele tem lá seus motivos); um aluno dono de um olhar perdido, que pede ajuda de diversas maneiras, deixado de lado pela família (justo no natal) – e a cena em que ele remexe um globinho de neve simboliza bem a confusão mental de sua autoestima e dos seus sentimentos - e uma mãe que perdeu um filho recentemente, demonstra que todos eles têm mais em comum do que se imagina.

Avaliação: 3,0 Pipocas + 5,0 Rapaduras = 8,0.


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

RETRATOS FANTASMAS


Por Rafael Morais

O despertar da cinefilia.


“Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho ("O Som ao Redor", "Aquarius" e "Bacurau"), propõe um olhar crítico, intimista e gradualmente universal sobre o desaparecimento das salas de cinema de rua. Partindo de Recife - terra natal do cineasta - especificamente do bairro Setúbal, o documentário/ensaio ganha vida ao desbravar, justamente, o quão efêmero podemos nos tornar ao subtrair a cultura da equação da vida.

Bairrista, saudosista, mas, acima de tudo, amante da sétima arte, o diretor narra com sobriedade, melancolia, e um quê de poesia, o resumo de anos de fitas, fotos e arquivos catalogados entre 1950 e 2000. Figuras que preenchiam aqueles espaços e locais públicos, ou não, são redescobertas aqui, quase como um processo de ressuscitação audiovisual. Aos poucos, o cinema foi sendo substituído por prédios comerciais, igrejas e farmácias. Sim, os remédios surgem inescusáveis para uma sociedade doente e que, mesmo sem saber, está sedenta por arte.

O poder do Cinema (e aqui com "C" maiúsculo) é complexo ao ponto de se observar os seus diversos aspectos: seja o lado mercantilista, ou pelo prisma do espaço de socialização, de conhecimento e lúdico – tudo ao mesmo tempo. A experiência catártica e coletiva, porque não dizer comunitária, de assistir a um filme em uma sala de cinema revela muito do que nós somos enquanto agentes transformadores 

Concorrendo a uma das vagas de melhor filme internacional no Oscar de 2024 (foi o escolhido para representar o Brasil), “Retratos Fantasmas” chega ao catálogo da Netflix e se mostra uma excelente opção para quem valoriza a história e resgata memórias. O risco do descaso e esquecimento remete à finitude, à morte permanente. Afinal, quem não respeita o passado pouco se importa com o futuro.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Nos Cinemas - TARTARUGAS NINJA: CAOS MUTANTE

Por Rafael Morais

Meu fascínio por Cinema começa e se confunde com a chegada de Tartarugas Ninja nas telonas. Calma, eu explico. Em meados dos anos 90, minha mãe me levava ao São Luiz do Centro (um clássico cinema aqui de Fortaleza) para ver todos os filmes das Tartarugas e dos Trapalhões também. Eu tinha meus 07 anos de idade, um cágado ainda rsrsrs. Ali foi dado o start na minha cinefilia.

E sabendo de suas origens, sobretudo do contexto histórico, o roteiro dessa nova versão de 2023 (escrito por Seth Rogen e Evan Goldberg) homenageia "Curtindo a Vida Adoidado", por exemplo, e dar uma piscadela para o seu público rootz.

Saem os figurinos emborrachados, em live action, e entra a animação que reluta contra o jeito Disney de ser. Traços disformes assumem com bastante personalidade, lembrando a reformulação pela qual passou "Gato de Botas" e a novidade trazida em "Aranhaverso", este último mais ainda. Na verdade, este estilo artístico encaixou muito bem com o universo cyberpunk onde as Tartarugas estão inseridas. Mérito da caprichada direção de arte!

A movimentação também é sentida na taxa de quadros, como se tivesse emulando um stop motion. As cores vibram, quando têm que aparecer, e dessaturam no momento certo. Há uma quebra do "padrão", e isso é notório. Aliás, a própria trilha sonora dos excelentes Trent Reznor e Atticus Ross acompanham a variação conforme a intensidade da paleta. O que não muda são os ícones: as personas de Raphael (o melhor deles, por motivos óbvios rsrsrs) Leonardo, Donatello e Michelangelo; as armas características de cada um e, claro, a paixão deles por pizza! A direção de Jeff Rowe e Kyler Spears sabe o terreno que está pisando.

Aqui, os nossos protagonistas são adolescentes e o humor, por vezes bobo e nonsense, funciona. As cenas de ação empolgam bastante! Tá tudo no lugar! Há química entre os irmãos, entre a família. Mestre Splinter rouba a cena. As referências diretas a alguns super-heróis são hilárias!

Entretanto, nem tudo são flores. Um ponto do enredo que me incomodou está na virada de alguns capangas. Não quero dar spoiler, mas a busca por redenção a qualquer custo parece apressada demais e pode desapontar um pouco a audiência mais purista. Me enquadro nessa categoria, tendo em vista minha relação com os primórdios dos quelônios no Cinema, como explicado.

Por sorte, o filme tem uma mensagem final muito interessante, além de falar de amizade e pertencimento. Sem esquecer que o respeito e a proteção aos animais deveria lhe render algum destaque junto à PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), assim como aconteceu com "Guardiões da Galáxia Vol. 3".

Definitivamente, é um ótimo ano para as animações: "Super Mario", a própria continuação do "Aranhaverso" e "Gato de Botas 2", como já citado. Que venham mais sequências divertidas e de qualidade como esse "Caos Mutante". 

Cowabunga!

*Avaliação: 4,5 Pipocas + 4,0 Rapaduras = nota 8,5.


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Vale a Pena? Drácula - A Última Viagem do Demeter


Por Rafael Morais

Sinopse: A presença profana de Drácula condena a tripulação do navio mercante Demeter.

Direção: André Øvredal

Pontos positivos
  • Claustrofóbico, o filme nos encarcera junto com a tripulação. O ranger do navio é palpável, além do frio na espinha por sentir que tem um ser, quase onipresente, muito mais forte e implacável, caçando um a um. Isso te lembrou de algo? Tem um quê de "O Predador" e "Alien - o 8⁰ Passageiro".
  • Em "A Última Viagem do Demeter" o suspense precede o gore. Jugulares jorrarão! Os jump scares estão contidos aqui, o que é uma boa notícia.
  • A atmosfera opressora apresenta um vilão impiedoso, como deve ser. Por vezes pode até parecer um slasher de Drácula, mas é só uma primeira impressão.
  • A produção adapta um capítulo do livro do Drácula de Bram Stoker, onde o monstro está sendo transportado até à Inglaterra. Neste sentido, o recorte da história, que pretende ser contada, é bem realizada e sem grandes pretensões.
  • As atuações estão ótimas, com destaque para o ator mirim Woody Norman. O menino arrebenta!
  • A obra me recordou muito a 1ª temporada da série The Terror (disponível no Prime Video). Todo aquele clima sem escapatória está lá. Agonizante!

Pontos duvidosos, não diria negativos:
  • Para quem não curte uma preparação para o clímax, pode achar o filme arrastado, sobretudo o primeiro ato. Até porque ele se passa quase 100% dentro do navio e o Drácula vai ceifando lentamente as suas pobres vítimas.
  • Algumas decisões de alguns personagens são estranhas, para não dizer estúpidas. Mas OK, nem todo mundo vai saber o que fazer quando ver um bicho daquele querendo lhe matar bem na sua frente.
  • Clichês podem atrapalhar a experiência. Por que o cachorro tem que ser o primeiro a ser executado?! 
  • A transfusão de sangue (como solução) afastou os mais puristas, que não é o meu caso.
  • O visual inicial do monstro lembra demais o Gollum do Sr. dos Aneis. Fiquei esperando ele falar "my precious" a qualquer momento, mas não veio.
Síntese - Quem curte filmes de vampiro esse é um bom exemplar! Eu sei que o longa está sendo massacrado pela crítica especializada, mas realmente recomendo que cada um assista e tire suas próprias conclusões. Devo dizer que imergi naquela embarcação e senti a angústia dos tripulantes em alguns takes. O desfecho é empolgante e a última cena traz toda a elegância e a instigância que um filme do Drácula deve ter. Seria a história de origem do Blade?! Brincadeiras à parte, fica a dica!