quinta-feira, 30 de junho de 2011

EM BREVE: MISSÃO IMPOSSÍVEL IV - PROTOCOLO FANTASMA


Missão Impossível 4 (Mission: Impossible - Ghost Protocol) ganha o seu primeiro trailer.
Rafael Morais
30 de junho de 2011

Veja abaixo Tom Cruise correndo, Simon Pegg fazendo graça, Paula Patton sendo uma graça e o novato Jeremy Renner (Guerra ao Terror; O Gavião Arqueiro do esperado Os Vingadores) mostrando para Ethan Hunt que tem o que é preciso para fazer o trabalho, enquanto "Won't Back Down", de Eminem com Pink, dá o tom.
Brad Bird dirige a nova aventura de Ethan Hunt, escrita por Josh Applebaum e Andre Nemec (Alias, Life on Mars) a partir de uma ideia de Cruise e do produtor J.J. Abrams. A trama é mantida em segredo.
No elenco estão ainda Ving RhamesJosh HollowayVladimir MashkovLéa Seydoux,Michael Nyqvist e Anil Kapoor. A estreia está marcada para 16 de dezembro.
Trailer legendado em HD:

É algo raro uma sequência ser melhor do que o primeiro filme. E isso acontece nessa franquia de sucesso. O III superou o II que bateu o I. Tomara que o IV mantenha a pegada.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

FILME PIPOCÃO: SUCKER PUNCH - MUNDO SURREAL


São tantos efeitos especiais e tão poucas emoções, bicho!
Rafael Morais
23 junho de 2011

Já comecei parafraseando o "rei" Roberto Carlos, isso é porque não dá pra levar esse filme tão a sério. O que sobra de efeitos visuais, falta de arco dramático e emoção. Olha que o roteiro intencionava, além de tudo, emocionar o público, mas meteu os pés pelas mãos e só restou um bom thriller de ação.

Dessa vez a ambição do promissor diretor Zach Snyder foi longe demais, até porque ele também assinou o roteiro do longa. Conhecido como "O Visionário" pelas suas antigas produções 300 e Watchmen,  Snyder parece que visou só ao lucro nesse seu mundo surreal.

Só para efeito de esclarecimento, um filme Pipocão não é algo de todo ruim, é o famoso blockbuster, ou seja, é um ótimo passatempo repleto de cenas visualmente impecáveis e heróis que se sobressaem de qualquer situação munido de uma simples bala no revólver e uma espada mais navalhante do que as facas ginsu. E assim é Sucker Punch - Mundo Surreal, o problema é que o seu maior erro é querer se vender como um filme que, sobretudo, tem conteúdo. Não, conteúdo não é o seu forte e o seu propósito é outro.

Até que o filme começa interessante, com ótimas trilhas sonoras que perpassam a vida da sofrida Babydoll (Emily Browning) uma jovem que "come o pão que o diabo amassou" nas mãos de seu padrasto, que acaba confinando-a em um hospício. É redundante falar que um longa assinado por Snyder tem uma qualidade técnica sem igual. A fotografia, principalmente das primeiras tomadas, é ótima. E aquela obsessão por câmera-lenta que teima em detalhar as cenas, é novamente usada aqui, porém algumas vezes dá certo e na maioria é puro preciosismo.

Voltando à narrativa, acompanhamos a trajetória da pobre garota que, ao chegar ao hospício, descobre que em cinco dias um médico (John Hamm) virá lobotomizá-la. Sabendo disso, Babydoll encontra refúgio na sua imaginação para fantasiar uma fuga insólita, contando com a ajuda de suas amigas Rocket (Jena Melone), Blondie (Vanessa Hudgens), Sweet Pea (Abbie Cornish) e Amber (Jamie Chung).

Dividida em segmentos bem distintos visualmente - hospício, bordel, mundo de fantasia, Primeira Guerra Mundial, Japão feudal (tipo mangás) e futuro distante - o filme joga com o espectador ao relacionar imagens dos universos criados com o mundo real, tornando parte da diversão.  É no exagero e na repetição que Snyder esconde o óbvio para tentar criar algo novo e empolgante.

Diferente do esplêndido Labirinto do Fauno de Guilherme Del Toro, Sucker Punch fracassa na tentativa de traçar paralelos entre os dois universos criados pela protagonista. Na cabeça daquela menina de aparência doce e sofrível, há dragões, samurais com metralhadoras, zumbis criados por máquinas, exoesqueletos de ataque, lutas de espadas e orcs. Quanta imaginação para se traçar um plano de fuga! A película, em diversos momentos, parece mais um mix de videoclipes do gênero Rock'n'Roll, dada às caprichadíssimas músicas e hits poderosos. 

É como se toda a cultura pop do pretenso cineasta tivesse sido batida em um liquidificador e devolvida em película. Que me desculpem a expressão, mas para alguns críticos é pura punhetagem nerd.


Sabiam que o próximo filme do Superman caiu nas mãos do visionário Snyder? Deus salve a América, ou melhor, o Homem de Aço. 

E A RAPADURA DE OURO DA SEMANA VAI PARA ...


Uma das maiores e mais complexas obras-primas do cinema.
Rafael Morais
16 de junho de 2011.

Considerado pela maioria dos estudiosos e cinéfilos de todo o mundo como o melhor filme já realizado (exceto pelo Pipoca&Rapadura, que atribui esse título à trilogia O Poderoso Chefão), Cidadão Kane é um marco na história da sétima arte, seja pelas técnicas de filmagem, seja pela genialidade do jovem Orson Welles, que sem medir esforços e munido de muita coragem, roteirizou, dirigiu e atuou no longa.

Não dá pra falar desse filme sem levar em conta a época de sua realização. O ano era 1941 e um gênio de 20 e poucos anos, chamado Orson Welles, "cobrou o escanteio e ainda marcou de cabeça", isto é, produziu, escreveu, atuou e dirigiu Cidadão Kane de forma icônica. Se hoje em dia tratar temas polêmicos significa mexer na ferida, imaginem o "burburinho" causado pelo jovem cineasta ao expôr toda a sujeira que há por trás do sistema jornalístico mundial. E foi dessa forma que aconteceu. O estopim para o circo pegar fogo já estava aceso e a década de 40 parecia não estar preparada para tanta polêmica e revolução, já que eram tempos tradicionalistas e cheios de regras de conduta.

A história, baseada em acontecimentos reais, conta a ascensão e queda na trajetória de um magnata da comunicação Charles Foster Kane, um americano visionário, ambicioso e austero que consegue fama, dinheiro e polêmicas/problemas durante a sua carreira. Apesar de Orson Welles nunca ter assumido publicamente, o longa é baseado na vida do milionário Willian Randolph Hearst.    

Nas primeiras cenas, já percebemos a qualidade da película, quando o movimento da câmera nos leva da entrada de um castelo até uma janela (takes inovadores para a época) e, através de uma cena transição, somos levados para dentro desse castelo - outro recurso técnico executado brilhantemente - onde vemos uma pessoa segurando uma bola, dizendo "Rosebud". Logo após, ele a solta, entra uma enfermeira no aposento e constatamos que ele está morto.

Tem-se início um filme-documentário que é contado de maneira cronologicamente inversa. A partir daí descobrimos que quem acabara de falecer é o importante Charles Foster Kane e, para os realizadores do documentário, era de capital relevância adicionar um mistério àquela produção bibliográfica. Para tanto, os idealizadores colocaram seus jornalistas em campo em busca de uma resposta que será a espinha dorsal do filme: o que significaria “ROSEBUD", a última palavra, o derradeiro fôlego gasto pelo poderoso Kane?

A genialidade de Welles emerge com essa simples palavra, sabiamente a inserção dessa dúvida atrairia não só a atenção do público, como também traçaria um paralelo imprescindível com a história do personagem principal.

Remetendo-nos à infância de Kane, o enredo, inicialmente, pretende apresentar o conturbado e triste passado daquele que viria a ser um importante homem, mas que na infância não teve vida fácil, sofrendo como poucos até ser adotado (na verdade, doado como um objeto) por um milionário. Inclusive a cena em que os pais do pequeno Kane resolvem entregá-lo ao magnata é de uma delicadeza e densidade sem igual. A câmera inquieta e reveladora acompanha subitamente os dois vértices da realidade. De um lado uma criança inocente brinca em seu balanço, demonstrando a felicidade de estar em seu lar, que mesmo humilde, podia chamar de seu. No outro ponto, pela janela da singela casa, os seus pais negociam a sua "doação", tudo isso com uma tomada simplesmente perfeita, que perpassa o balançar de uma criança contrapondo a dura realidade que está por vir. Emocionante!

A jornada para descobrir o real significado daquele intrigante brado - Rosebud - apenas serviria com pano de fundo para a história, já que o trabalho sobre os personagens era a prioridade do argumento e observar o quão um ser humano podia chegar, era o primordial. Crescer e crescer, essa virou a meta do egoísta Kane, mesmo que para tanto tivesse de jogar sujo, manipular e criar notícias em nome da mídia, do consumo e da popularidade. O seu jornal, logo passou a ser o mais influente, mas nem por isso o de maior credibilidade.

De fato, o aspecto técnico da produção é o que há de melhor nessa obra. E a fotografia é outro fator importantíssimo para o filme. Ao contrário do Expressionismo Alemão, que utilizava das sombras para tornar o protagonista parte do cenário, Gregg Toland (o fotógrafo do filme) utilizou o jogo de luz e sombras para dar o clima dark que queria. Sempre que Kane ia revelando seu lado negro, fazendo suas peripécias egocêntricas, a sombra dominava o cenário, geralmente o encobrindo. O enquadramento foca tanto os primeiros planos como os segundos, sempre jogando com isso, diversas vezes mostrando o teto dos cenários, brincando com o tamanho aparente e seus egos no momento.

Todavia, deixando de lado o plano técnico do longa, o que mais me chamou a atenção foi a maneira perspicaz como o filme é contado, que nos faz refletir o verdadeiro sentido da vida e o  quão passageira ela é. Parafraseando Maximmus – personagem vivido por Russel Crowe em Gladiador - " O que fazemos em vida ecoa pela eternidade".

Pode ser que nem todos gostem tanto assim da história de Cidadão Kane, mas, analisando toda a sua importância, o filme é impecável. Um grande clássico do cinema que deve ser assistido por todos, não importa a idade, o sexo, os valores humanos. Inesquecível, um filme atemporal que estará vivo facilmente por outros tantos anos.


A meu ver, Rosebud é algo peculiar e inerente a Kane, que de forma complexa e íntima representa a sua essência a qual sempre o acompanhou e um passado que não volta mais. Enfim, nos últimos lampejos de vida, sem dúvida, todos teremos nosso momento Rosebud.

21º CINE CEARÁ


A vitória do cinema minimalista.
Rafael Morais
17 de junho de 2011.

Termina o Cine Ceará e com a vitória do cinema cearense. Mãe e Filha, de Petrus Cariry, conquistou 5 dos 9 prêmios, incluindo o de melhor filme. O Coro, do paranaense Werner Schumann, recebeu dois troféus, enquanto as premiações menores foram distribuídas entre produções de Argentina, Cuba e Espanha.

A premiação representa a consagração do jovem Petrus Cariry que com apenas dois trabalhos (O Grão, outro sucesso do diretor), já se insere entre os mais importantes cineastas do país. 

Confira todos os vencedores:

Melhor Filme 
MÃE E FILHA, de Petrus Cariry


Melhor Direção 
Werner Schumnann, O CORO


Prêmio da Crítica
MÃE E FILHA

Melhor Roteiro
Petrus, Rosemberg cariry e Firmino Holanda, MÃE FILHA

Melhor Ator
Hector Medina, BILHETE PARA O PARAÌSO

Melhor Atriz 
Cláudia Lapacó, LÍNGUA MATERNA

Melhor Som 
MÃE E FILHA

Veja o trailer de Mãe e Filha e observe como o premiado cineasta lida com a realidade da cultura nordestina de maneira visceral e melancólica. É um verdadeiro “soco no estômago"!


quarta-feira, 15 de junho de 2011

EM CARTAZ: X-MEN - PRIMEIRA CLASSE


Os dois lados da mesma moeda.
Rafael Morais
14 de junho de 2011.

"Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice". Sabendo disso, a Marvel Studios percebeu que os X-Men eram bem maiores do que os últimos longas lançados (Wolverine Origens e X-Men 3: O Confronto Final). Então, já estava passando da hora de corrigir os erros do passado, manter os acertos e inovar a frutífera franquia. Para tanto, a primeira providência foi contratar Bryan Singer - diretor do 1º filme dos mutantes - e sua inspiradora e focada direção acerta a mão novamente e consegue se superar nesse brilhante X-Men Primeira Classe.

O filme se passa na década de 1960, quando a Guerra Fria e a Crise dos mísseis em Cuba atormentavam a humanidade e uma 3ª Guerra Mundial estava na iminência de acontecer. E é nesse contexto histórico que Charles Xavier (James McAvoy) tentava recrutar e entender a genética mutatis, apoiando e servindo de mestre àqueles novos seres que estavam se conhecendo e "dominando" os seus poderes.

O novel líder, desde cedo, já demonstrava a sua personalidade pacífica e agregadora, bem diferente do seu amigo Erik (Michael Fassbender) um sobrevivente do holocausto cheio de amargura e ódio, que busca, na vingança dos algozes de sua família, uma filosofia de vida. A visão de mundo e as ideologias antagônicas dos amigos acrescentam tons filosóficos e dramáticos ao longa. 

Pra ser sincero, é nos diálogos dos dois, Xavier e Erik, (Professor X e Magneto) que o filme reserva as suas melhores partes, sem contar com as empolgantes cenas de ação, comédia e os ótimos efeitos visuais. Enquanto Xavier acreditava na convivência pacífica entre humanos e mutantes, o vingativo Erik tinha a certeza da supremacia de sua raça, considerada o próximo degrau na evolução da espécie.

Cada um com os seus motivos e ideais. Assim se desenvolve a trama, ora a razão está do lado da pacificação (Xavier), ora os nossos instintos mais primitivos afloram e a razão muda de lado, ou seja, como não odiar o nazista que matou sua família e desejar caçá-lo ao redor do planeta? Assim pensa o jovem Magneto, e graças à qualidade do trabalho de Fassbender, uma obsessão doentia nunca pareceu tão justa e fundamentada. Afinal, quem tem razão nessa história? Não me atrevo a responder. Assista e tire suas conclusões.

Todos os momentos em que McAvoy e Fassbender dividem a tela já pagariam o ingresso, arrancando a emoção do público, seja ele fã ou não das HQ's. A mise-en-scène ocorre naturalmente, ao ponto de nos envolver.  Mas, os seus personagens não estariam completos se não existisse um grande vilão - o maior de todos até agora - e aí entra em cena Sebastian Shaw (Kevin Bacon), o poderoso e ambicioso nazista que pretende não só entender a genética mutante, como também incorporá-la, transformando-se em um vilão/terrorista quase imbatível.

O maior mérito de X-Men First Class é a possibilidade de o espectador trazer toda aquela fantasia à realidade, isto é, o roteiro nos permite traçar analogias e paralelos com a contemporaneidade, tratando temas mundiais de fundamental importância, como: A discriminação étnica-social e a aceitação das diferenças. E nesse aspecto, Professor X e Magneto foram inspirados livremente nos debates ideológicos da época de Martin Luther King e Malcolm X pelos direitos dos negros.

Não menos interessante é notar a filosófica máxima "shakespeareana" que permeia toda a projeção: Ser ou não ser, eis a questão, uma vez que a questão central dos mutantes tornou-se a aceitação da sociedade e também a dos mutantes por si próprios. Nesse sentido, percebemos vários momentos que apresentam a dúvida e a crise de identidade de alguns deles, como o Fera (Nicholas Hoult) e a Mística (Jennifer Lawrence). 

Enfim, não é apenas um excelente filme de super-heróis, mas sim um grande filme. Nele podemos encontrar contornos de espionagem, drama e debates instigantes sobre a humanidade. Os X-Men voltaram e em grande estilo. 


Quem diria que o rejuvenescimento dos personagens desencadearia a revitalização da franquia?

terça-feira, 14 de junho de 2011

EM BREVE: MILLENIUM - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES


David Fincher mostra como se faz um trailer!
Rafael Morais
14 de junho de 2011.

O trailer de The Girl With The Dragon Tattoo tem como trilha um cover da música "Immigrant Song", do Led Zeppelin, preparado por Trent Reznor e Karen O, do Yeah Yeah Yeahs.
A colaboração de Reznor e Karen O é a primeira notícia que temos sobre a trilha sonora da versão hollywoodiana de Os Homens que não Amavam as Mulheres desde a contratação do líder do Nine Inch Nails, que volta a colaborar com o diretor David Fincher depois de A Rede Social.
O remake da trilogia sueca de filmes baseados na série de livros Millennium, de Stieg Larsson, tem roteiro de Steve Zaillian, veterano de filmes como Missão: Impossível, Hannibal e Gangues de Nova YorkDaniel Craig - e não Brad Pitt, como o Pipoca&Rapadura havia postado - e Rooney Mara protagonizam.
Confesso que o trailer "queimou a minha língua" e está arrasador. Também, quem está na direção é nada mais nada menos que David Fincher. Confira a prévia e vibre com a trilha sonora arrebatadora.

Nos EUA, o filme chega aos cinemas em 21 de dezembro. No Brasil, com o título Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, o filme estreia em 10 de fevereiro de 2012.


Tomara que o filme corresponda e continue a me contradizer...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

FILME: NOVE RAINHAS


Afinal, qual a cifra da felicidade?
Rafael Morais
09 de junho de 2011.


A figura do malandro é universal, talvez por isso muitos filmes usam esse personagem-argumento para realizar grandes obras. E em Nove Rainhas não é diferente, no entanto aqui o pretexto é inteligente e sagaz como poucos. O longa - produção plenamente argentina - é um daqueles raros filmes que nos fazem pensar: porque o cinema brasileiro não evolui? Cada vez mais, a mesmice toma conta das "nossas" produções. Os roteiristas parecem não se desprender do realismo cinematográfico que virou o país (tráfico-violência-palavrões) e acabam sem dar vazão à imaginação.


Contudo, vamos deixar de lado as comparações e nos atenhamos ao filme em si. A estória se passa em uma Argentina mergulhada numa crise financeira (isso não é novidade), onde a necessidade encontra na criatividade uma saída para a sobrevivência econômica dos seus nacionais. É nesse contexto que Marcos (Ricardo Darín), um estelionatário fino, busca sempre a maneira mais fácil de ganhar a vida. E bota fácil nisso! O cara é daquele tipo que  tira proveito de toda situação, sempre com um jeitinho brasileiro argentino de ser.

Mas as suas malandragens não se atêm apenas a pequenos golpes, Marcos procura um aliado para aplicar mirabolantes e audaciosos planos. Com isso, Juan (Gastón Pauls) entra na trama como um vigarista com "cara de bonzinho", que se encaixa perfeitamente nos planos do experiente Marcos. O grande trunfo gira em torno de uma valiosíssima coleção de selos, chamada Nove Rainhas, que dá nome ao filme. A trama ágil, inteligente e repleta de reviravoltas mostra o lado obscuro das ruas, aquilo que não é visível aos olhos de um cidadão comum é claro e explícito aos olhos de um golpista. O jogo entre gato e rato acrescenta muito ao roteiro, pois deixa a sensação de que alguém está sempre sendo enganado e a indagação de quem será a próxima vítima. Se é que tem alguém inocente nesse contexto...

Ricardo Darín (o estupendo ator também atuou em o recente O Segredo dos Seus Olhos, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro) interpreta um homem que visa ao dinheiro em tudo, para ele existe cifra para saúde, felicidade e amor. Não existe nada que a grana não compre e todos têm um preço, basta que se tenha um investidor. Nesse aspecto, o filme ganha um contorno interessante ao apresentar um ser humano que não tem limites quando o assunto é lucro. Para o vigarista, você tem a opção de pagar e ter alguma coisa ou não pagar e tê-la do mesmo jeito. Advinha qual ele sempre escolhe?

A direção de Fabián Billinsky é fenomenal, já que na época o diretor era estreante. Observe como as cenas nas ruas de Buenos Aires, são montadas de forma orgânica resultando em tomadas interessantes, ainda que o filme tenha obtido parcos recursos. A criatividade dá lugar ao pouco investimento, imprimindo assim, uma qualidade à película.



No futebol, já sabemos que os nossos hermanos não nos superaram. Pena que nos cinemas não posso dizer o mesmo.