Afinal, qual a cifra da felicidade?
Rafael Morais09 de junho de 2011.
A figura do malandro é universal, talvez por isso muitos filmes usam esse personagem-argumento para realizar grandes obras. E em Nove Rainhas não é diferente, no entanto aqui o pretexto é inteligente e sagaz como poucos. O longa - produção plenamente argentina - é um daqueles raros filmes que nos fazem pensar: porque o cinema brasileiro não evolui? Cada vez mais, a mesmice toma conta das "nossas" produções. Os roteiristas parecem não se desprender do realismo cinematográfico que virou o país (tráfico-violência-palavrões) e acabam sem dar vazão à imaginação.
Contudo, vamos deixar de lado as comparações e nos atenhamos ao filme em si. A estória se passa em uma Argentina mergulhada numa crise financeira (isso não é novidade), onde a necessidade encontra na criatividade uma saída para a sobrevivência econômica dos seus nacionais. É nesse contexto que Marcos (Ricardo Darín), um estelionatário fino, busca sempre a maneira mais fácil de ganhar a vida. E bota fácil nisso! O cara é daquele tipo que tira proveito de toda situação, sempre com um jeitinho brasileiro argentino de ser.
Mas as suas malandragens não se atêm apenas a pequenos golpes, Marcos procura um aliado para aplicar mirabolantes e audaciosos planos. Com isso, Juan (Gastón Pauls) entra na trama como um vigarista com "cara de bonzinho", que se encaixa perfeitamente nos planos do experiente Marcos. O grande trunfo gira em torno de uma valiosíssima coleção de selos, chamada Nove Rainhas, que dá nome ao filme. A trama ágil, inteligente e repleta de reviravoltas mostra o lado obscuro das ruas, aquilo que não é visível aos olhos de um cidadão comum é claro e explícito aos olhos de um golpista. O jogo entre gato e rato acrescenta muito ao roteiro, pois deixa a sensação de que alguém está sempre sendo enganado e a indagação de quem será a próxima vítima. Se é que tem alguém inocente nesse contexto...
Ricardo Darín (o estupendo ator também atuou em o recente O Segredo dos Seus Olhos, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro) interpreta um homem que visa ao dinheiro em tudo, para ele existe cifra para saúde, felicidade e amor. Não existe nada que a grana não compre e todos têm um preço, basta que se tenha um investidor. Nesse aspecto, o filme ganha um contorno interessante ao apresentar um ser humano que não tem limites quando o assunto é lucro. Para o vigarista, você tem a opção de pagar e ter alguma coisa ou não pagar e tê-la do mesmo jeito. Advinha qual ele sempre escolhe?
A direção de Fabián Billinsky é fenomenal, já que na época o diretor era estreante. Observe como as cenas nas ruas de Buenos Aires, são montadas de forma orgânica resultando em tomadas interessantes, ainda que o filme tenha obtido parcos recursos. A criatividade dá lugar ao pouco investimento, imprimindo assim, uma qualidade à película.
Estou emplogadíssima em assistir o filme, pois adorei a atuação de Ricardo Darin no Segredo de seus olhos... Adorei a visão desse Brother apaixonado pela 7a arte!!!
ResponderExcluirAna Milena
A "estória" é boa mesmo. :D
ResponderExcluirOlá pessoal! Só lembrando: Ao comentar, por favor, se identificar. Outra coisa, o vocábulo "ESTÓRIA" consta no Dicionário de Língua Portuguesa de 2004 da Porto Editora, como sendo >> s.f. história de carácter ficcional ou popular; conto << em contraposição à concepção factual, ou verídica, de "HISTÓRIA". Leiam mais. Abçs.
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