São tantos efeitos especiais e tão poucas emoções, bicho!
Rafael Morais
23 junho de 2011
Já comecei parafraseando o "rei" Roberto Carlos, isso é porque não dá pra levar esse filme tão a sério. O que sobra de efeitos visuais, falta de arco dramático e emoção. Olha que o roteiro intencionava, além de tudo, emocionar o público, mas meteu os pés pelas mãos e só restou um bom thriller de ação.
Dessa vez a ambição do promissor diretor Zach Snyder foi longe demais, até porque ele também assinou o roteiro do longa. Conhecido como "O Visionário" pelas suas antigas produções 300 e Watchmen, Snyder parece que visou só ao lucro nesse seu mundo surreal.
Só para efeito de esclarecimento, um filme Pipocão não é algo de todo ruim, é o famoso blockbuster, ou seja, é um ótimo passatempo repleto de cenas visualmente impecáveis e heróis que se sobressaem de qualquer situação munido de uma simples bala no revólver e uma espada mais navalhante do que as facas ginsu. E assim é Sucker Punch - Mundo Surreal, o problema é que o seu maior erro é querer se vender como um filme que, sobretudo, tem conteúdo. Não, conteúdo não é o seu forte e o seu propósito é outro.
Até que o filme começa interessante, com ótimas trilhas sonoras que perpassam a vida da sofrida Babydoll (Emily Browning) uma jovem que "come o pão que o diabo amassou" nas mãos de seu padrasto, que acaba confinando-a em um hospício. É redundante falar que um longa assinado por Snyder tem uma qualidade técnica sem igual. A fotografia, principalmente das primeiras tomadas, é ótima. E aquela obsessão por câmera-lenta que teima em detalhar as cenas, é novamente usada aqui, porém algumas vezes dá certo e na maioria é puro preciosismo.
Voltando à narrativa, acompanhamos a trajetória da pobre garota que, ao chegar ao hospício, descobre que em cinco dias um médico (John Hamm) virá lobotomizá-la. Sabendo disso, Babydoll encontra refúgio na sua imaginação para fantasiar uma fuga insólita, contando com a ajuda de suas amigas Rocket (Jena Melone), Blondie (Vanessa Hudgens), Sweet Pea (Abbie Cornish) e Amber (Jamie Chung).
Dividida em segmentos bem distintos visualmente - hospício, bordel, mundo de fantasia, Primeira Guerra Mundial, Japão feudal (tipo mangás) e futuro distante - o filme joga com o espectador ao relacionar imagens dos universos criados com o mundo real, tornando parte da diversão. É no exagero e na repetição que Snyder esconde o óbvio para tentar criar algo novo e empolgante.
Diferente do esplêndido Labirinto do Fauno de Guilherme Del Toro, Sucker Punch fracassa na tentativa de traçar paralelos entre os dois universos criados pela protagonista. Na cabeça daquela menina de aparência doce e sofrível, há dragões, samurais com metralhadoras, zumbis criados por máquinas, exoesqueletos de ataque, lutas de espadas e orcs. Quanta imaginação para se traçar um plano de fuga! A película, em diversos momentos, parece mais um mix de videoclipes do gênero Rock'n'Roll, dada às caprichadíssimas músicas e hits poderosos.
É como se toda a cultura pop do pretenso cineasta tivesse sido batida em um liquidificador e devolvida em película. Que me desculpem a expressão, mas para alguns críticos é pura punhetagem nerd.
Sabiam que o próximo filme do Superman caiu nas mãos do visionário Snyder? Deus salve a América, ou melhor, o Homem de Aço.