quarta-feira, 15 de junho de 2011

EM CARTAZ: X-MEN - PRIMEIRA CLASSE


Os dois lados da mesma moeda.
Rafael Morais
14 de junho de 2011.

"Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice". Sabendo disso, a Marvel Studios percebeu que os X-Men eram bem maiores do que os últimos longas lançados (Wolverine Origens e X-Men 3: O Confronto Final). Então, já estava passando da hora de corrigir os erros do passado, manter os acertos e inovar a frutífera franquia. Para tanto, a primeira providência foi contratar Bryan Singer - diretor do 1º filme dos mutantes - e sua inspiradora e focada direção acerta a mão novamente e consegue se superar nesse brilhante X-Men Primeira Classe.

O filme se passa na década de 1960, quando a Guerra Fria e a Crise dos mísseis em Cuba atormentavam a humanidade e uma 3ª Guerra Mundial estava na iminência de acontecer. E é nesse contexto histórico que Charles Xavier (James McAvoy) tentava recrutar e entender a genética mutatis, apoiando e servindo de mestre àqueles novos seres que estavam se conhecendo e "dominando" os seus poderes.

O novel líder, desde cedo, já demonstrava a sua personalidade pacífica e agregadora, bem diferente do seu amigo Erik (Michael Fassbender) um sobrevivente do holocausto cheio de amargura e ódio, que busca, na vingança dos algozes de sua família, uma filosofia de vida. A visão de mundo e as ideologias antagônicas dos amigos acrescentam tons filosóficos e dramáticos ao longa. 

Pra ser sincero, é nos diálogos dos dois, Xavier e Erik, (Professor X e Magneto) que o filme reserva as suas melhores partes, sem contar com as empolgantes cenas de ação, comédia e os ótimos efeitos visuais. Enquanto Xavier acreditava na convivência pacífica entre humanos e mutantes, o vingativo Erik tinha a certeza da supremacia de sua raça, considerada o próximo degrau na evolução da espécie.

Cada um com os seus motivos e ideais. Assim se desenvolve a trama, ora a razão está do lado da pacificação (Xavier), ora os nossos instintos mais primitivos afloram e a razão muda de lado, ou seja, como não odiar o nazista que matou sua família e desejar caçá-lo ao redor do planeta? Assim pensa o jovem Magneto, e graças à qualidade do trabalho de Fassbender, uma obsessão doentia nunca pareceu tão justa e fundamentada. Afinal, quem tem razão nessa história? Não me atrevo a responder. Assista e tire suas conclusões.

Todos os momentos em que McAvoy e Fassbender dividem a tela já pagariam o ingresso, arrancando a emoção do público, seja ele fã ou não das HQ's. A mise-en-scène ocorre naturalmente, ao ponto de nos envolver.  Mas, os seus personagens não estariam completos se não existisse um grande vilão - o maior de todos até agora - e aí entra em cena Sebastian Shaw (Kevin Bacon), o poderoso e ambicioso nazista que pretende não só entender a genética mutante, como também incorporá-la, transformando-se em um vilão/terrorista quase imbatível.

O maior mérito de X-Men First Class é a possibilidade de o espectador trazer toda aquela fantasia à realidade, isto é, o roteiro nos permite traçar analogias e paralelos com a contemporaneidade, tratando temas mundiais de fundamental importância, como: A discriminação étnica-social e a aceitação das diferenças. E nesse aspecto, Professor X e Magneto foram inspirados livremente nos debates ideológicos da época de Martin Luther King e Malcolm X pelos direitos dos negros.

Não menos interessante é notar a filosófica máxima "shakespeareana" que permeia toda a projeção: Ser ou não ser, eis a questão, uma vez que a questão central dos mutantes tornou-se a aceitação da sociedade e também a dos mutantes por si próprios. Nesse sentido, percebemos vários momentos que apresentam a dúvida e a crise de identidade de alguns deles, como o Fera (Nicholas Hoult) e a Mística (Jennifer Lawrence). 

Enfim, não é apenas um excelente filme de super-heróis, mas sim um grande filme. Nele podemos encontrar contornos de espionagem, drama e debates instigantes sobre a humanidade. Os X-Men voltaram e em grande estilo. 


Quem diria que o rejuvenescimento dos personagens desencadearia a revitalização da franquia?

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