quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Invocação do Mal 4 - O Último Ritual

Por Isa Barretto

Encerrar uma franquia como Invocação do Mal é mais do que concluir uma história — é dar fim a um ciclo que ajudou a redefinir o terror contemporâneo.  

Dirigido por Michael Chaves, o quarto capítulo marca a despedida de Ed e Lorraine Warren, vividos com a habitual intensidade por Patrick Wilson e Vera Farmiga. Desta vez, o mal não habita apenas as casas de estranhos: ele invade o lar dos próprios investigadores, transformando o último caso em um confronto íntimo, onde fé e fragilidade se misturam.

O roteiro revisita os elementos que consagraram a franquia — o embate entre ciência e espiritualidade, o peso psicológico das investigações e o vínculo inabalável entre o casal. Mas há algo diferente aqui: o medo é mais humano, quase doméstico. Os Warren, que dedicaram a vida a salvar famílias assoladas por forças invisíveis, agora precisam lutar pela sua própria filha. O terror, que antes era missão, torna-se herança.

Michael Chaves demonstra segurança na condução. Ele troca o susto fácil pela tensão construída com precisão técnica — explorando o som, o enquadramento e o silêncio como recursos narrativos. A fotografia aposta em contrastes marcados: o claro-escuro traduz o limite entre o divino e o profano, enquanto a trilha sonora opera como uma extensão da angústia, sustentando a sensação de que algo maior se aproxima.

Ainda que previsível em estrutura, 'Invocação do Mal 4' é eficiente em propósito. O filme entende que o encerramento de uma saga não precisa surpreender, mas honrar o caminho percorrido. E faz isso com respeito — tanto à mitologia criada quanto ao público que acompanhou essa história por mais de uma década.

No fim, o que permanece não é o susto, mas o legado. O casal que passou a vida enfrentando o mal para proteger os outros agora luta para proteger o próprio sangue. E nessa inversão, o filme encontra sua força simbólica: a de mostrar que o amor — mesmo cercado de sombras — ainda é a arma mais poderosa contra o que não se pode compreender.

 

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