A
sinopse oficial diz que “Lightyear” é uma aventura de ficção científica cheia
de ação e que nela acompanharemos a jornada definitiva de Buzz (voz de Chris
Evans em inglês e Marcos Mion em português brasileiro). O herói que inspirou o
brinquedo agora terá sua história contada numa metalinguagem bem bolada pelos
criadores de Toy Story.
A
nova narrativa segue o lendário Space Ranger em uma experiência intergalática
ao lado de um grupo de recrutas renegados e desajeitados, mas não menos
ambiciosos (vozes de Keke Palmer, Dale Soules e Taika Waititi), e seu
companheiro robô Sox (voz de Peter Sohn/César Marchetti). A animação é dirigida
por Angus MacLane (co-diretor de “Procurando Dory”), parceiro habitual da Pixar
em curtas-metragens.
Mas
o que esse resumo acima não antecipou foi a carga dramática e os conflitos que
todos os personagens, seja o protagonista ou os coadjuvantes, passam durante a
trama. O arco de redenção e progresso de cada um é notório.
O
inteligente roteiro foca no errático e na imperfeição para trazer humanidade ao
triunfo. Todos têm a sua importância aqui. A equipe do herói, escolhida por
acidente e por ausência de opção, é marcada pela falta de talento aliada à
vontade de sempre melhorar e de acertar. E isso aproxima o público, há
identificação. Observe que a Pixar vem explorando cada vez mais essa temática:
vide o sucesso recente da canção "Não falamos do Bruno" da animação
"Encanto".
A
computação gráfica, por sua vez, é deslumbrante. Há um inegável avanço nos
efeitos visuais. Perceba o movimento dos cabelos dos personagens, o balançar
dos fios que ganham vida num vaivém hipnotizante. As boas sequências de ação
também são auxiliadas pelo CGI de alta qualidade.
Já
a trilha sonora de Michael Giachinno é só operante, passando longe de ser tão
inspiradora quanto o seu último trabalho em “Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa”.
E
para quem, assim como eu, estava criticando a escolha de Marcos Mion para
dublar o protagonista, uma vez que Guilherme Brigs dava voz ao Buzz desde
sempre, tem que reconhecer o excelente trabalho do cara. Mion desaparece na
persona do herói e por várias vezes esqueci que era ele quem estava dublando. O
que é um bom sinal.
Essa
mudança da Disney foi global e justificou a substituição de todos os
dubladores. Há uma enorme diferença na personalidade: se por um lado tínhamos
um boneco nascido num passe de mágica e totalmente perdido num quarto, ainda se
conhecendo e lidando com outros toys ao seu redor; por outro, agora vemos um
humano autoconfiante e totalmente ciente de sua missão. Esse é o ponto. A
autoconfiança de Buzz e o domínio do ambiente onde está inserido é sentido na
voz. E como foi esse longa que inspirou a criação do brinquedo, de acordo com a
história apresentada, nada mais justo que encarar a versão clássica como uma
paródia, uma reinvenção.
Portanto,
esqueça o fiasco de Luciano Huck em "Enrolados". Aprenderam com o
próprio erro, felizmente.
E
a inventividade não poderia faltar por ser marca registrada do renomado
estúdio. Assim, o gato robô Sox é um exemplo disso. Carismático, engraçado e
com o timing perfeito para o alívio cômico, o bichano autômato rouba a cena.
Ao
infinito e além do Toy Story...Lightyear é Pixar na essência!
*Avaliação: 4,5 Pipocas + 4,0 Rapaduras = 8,5.