segunda-feira, 13 de junho de 2022

Nos Cinemas - LIGHTYEAR


Por Rafael Morais

Em 1995, Andy recebe um brinquedo de presente que ganha vida. Buzz Lightyear era um boneco baseado no filme que o garoto mais gostava, à época. E agora estamos assistindo a esse longa preferido de Andy para conhecer a origem do famoso patrulheiro espacial na sua “versão humana”, digamos assim.

A sinopse oficial diz que “Lightyear” é uma aventura de ficção científica cheia de ação e que nela acompanharemos a jornada definitiva de Buzz (voz de Chris Evans em inglês e Marcos Mion em português brasileiro). O herói que inspirou o brinquedo agora terá sua história contada numa metalinguagem bem bolada pelos criadores de Toy Story.

A nova narrativa segue o lendário Space Ranger em uma experiência intergalática ao lado de um grupo de recrutas renegados e desajeitados, mas não menos ambiciosos (vozes de Keke Palmer, Dale Soules e Taika Waititi), e seu companheiro robô Sox (voz de Peter Sohn/César Marchetti). A animação é dirigida por Angus MacLane (co-diretor de “Procurando Dory”), parceiro habitual da Pixar em curtas-metragens.

Mas o que esse resumo acima não antecipou foi a carga dramática e os conflitos que todos os personagens, seja o protagonista ou os coadjuvantes, passam durante a trama. O arco de redenção e progresso de cada um é notório.

O inteligente roteiro foca no errático e na imperfeição para trazer humanidade ao triunfo. Todos têm a sua importância aqui. A equipe do herói, escolhida por acidente e por ausência de opção, é marcada pela falta de talento aliada à vontade de sempre melhorar e de acertar. E isso aproxima o público, há identificação. Observe que a Pixar vem explorando cada vez mais essa temática: vide o sucesso recente da canção "Não falamos do Bruno" da animação "Encanto".

A computação gráfica, por sua vez, é deslumbrante. Há um inegável avanço nos efeitos visuais. Perceba o movimento dos cabelos dos personagens, o balançar dos fios que ganham vida num vaivém hipnotizante. As boas sequências de ação também são auxiliadas pelo CGI de alta qualidade.

Já a trilha sonora de Michael Giachinno é só operante, passando longe de ser tão inspiradora quanto o seu último trabalho em “Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa”.

E para quem, assim como eu, estava criticando a escolha de Marcos Mion para dublar o protagonista, uma vez que Guilherme Brigs dava voz ao Buzz desde sempre, tem que reconhecer o excelente trabalho do cara. Mion desaparece na persona do herói e por várias vezes esqueci que era ele quem estava dublando. O que é um bom sinal.

Essa mudança da Disney foi global e justificou a substituição de todos os dubladores. Há uma enorme diferença na personalidade: se por um lado tínhamos um boneco nascido num passe de mágica e totalmente perdido num quarto, ainda se conhecendo e lidando com outros toys ao seu redor; por outro, agora vemos um humano autoconfiante e totalmente ciente de sua missão. Esse é o ponto. A autoconfiança de Buzz e o domínio do ambiente onde está inserido é sentido na voz. E como foi esse longa que inspirou a criação do brinquedo, de acordo com a história apresentada, nada mais justo que encarar a versão clássica como uma paródia, uma reinvenção.

Portanto, esqueça o fiasco de Luciano Huck em "Enrolados". Aprenderam com o próprio erro, felizmente.

E a inventividade não poderia faltar por ser marca registrada do renomado estúdio. Assim, o gato robô Sox é um exemplo disso. Carismático, engraçado e com o timing perfeito para o alívio cômico, o bichano autômato rouba a cena.

Ao infinito e além do Toy Story...Lightyear é Pixar na essência!

*Avaliação: 4,5 Pipocas + 4,0 Rapaduras = 8,5.

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