sábado, 4 de junho de 2022

Nos Cinemas: JURASSIC WORLD - DOMÍNIO

Por Rafael Morais

Sequência direta de "Jurassic World: Reino Ameaçado" (de 2018), a história da vez acompanha quatro anos após a destruição da Ilha Nublar. Agora, os dinossauros vivem, caçam, são caçados e sobrevivem ao lado de humanos em todo o mundo. Consequência disso é o iminente desastre biológico e ambiental dessa convivência forçada, uma vez que nem todos os répteis conseguem coexistir em harmonia com a espécie humana, e vice-versa. Esse desequilíbrio poderá colocar o futuro em cheque. Com esta cadeia alimentar em desordem, os maiores predadores do planeta estão destronando outros num ciclo caótico.

Lendo assim parece o enredo perfeito. Só aparenta.

As ideias e o potencial do argumento são totalmente descartados durante o desenrolar dos atos. É um típico blockbuster enlatado daqueles sem alma, sem identidade, que o melhor dele já está no trailer. A propósito, a prévia separa as melhores cenas. É aquele famoso caso do trailer ser infinitamente melhor que o filme. Sabe aquela redação que começa bem, mas que não se desenvolve e chega até a fugir de tema?! Pois é, aqui em "Jurassic World Domínio" é mais ou menos isso que acontece: uma produção realizada de qualquer jeito que arremessa ideias, planta conceitos, mas que acaba colhendo piadas mal construídas, falta de timming cômico e de desenvolvimento de diálogos minimamente críveis, já que pedir capricho seria demais.

Nem as famosas cenas de ação escapam, marca registrada da recente franquia. Tudo é muito confuso: a geografia da misancene simplesmente não existe; é uma edição mal renderizada, uma película pessimamente finalizada e coreografada de forma desleixada. Sem contar que o desenho de som é estrondoso ao ponto de distorcer ao invés de equalizar. Zuadento é diferente de impactante.

Apelar para o trio original formado pelos ótimos Laura Dern (Dra. Ellie Satler), Sam Neil (Dr. Alan Grant) e Jeff Goldblum (Dr. Ian Malcom) não foi suficiente. Pelo contrário. Mal aproveitados, os personagens apenas desbloqueiam a nostalgia barata no espectador. E nada mais. Dar vergonha alheia as linhas de diálogos entre eles, por sinal. Por vezes, são mais rasos que uma poça d'água causada por uma neblina. É preguiçoso! Não deu química, não deu match!

A franquia anunciou o seu fim, felizmente, e ficou fácil perceber a saturação da saga. Nem sombra do que foi o clássico de 1998. Spielberg assistiu isso, será?! O diretor Colin Trevorrow demonstra ser fã do original, mas isso não é suficiente.

O que escapa, então, para não dizer que esse novo episódio foi um completo desastre? Alguns enquadramentos são bem captados e retratam essa tentativa de convívio dos dinossauros com os homens aqui na Terra. Cavalos correndo contra o sol sempre é bonito de se ver. Outro ponto positivo fica pra única cena de suspense do filme, onde Claire (Bryce Dallas Howard) se arrasta na mata para não ser trucidada por um dino esquisitíssimo, visual ameaçador de um novo tipo de predador. Inventividade não falta no quesito visual, temos que concordar com isso.

Ao final, o que mais assusta não são os maiores predadores do universo, que precisam se reinventar a cada episódio, mas sim as facilitações de um roteiro pobre de conteúdo e de espírito que nem sequer consegue harmonizar a introdução com o desfecho. Lamentável a série "O Parque dos Dinossauros" terminar de forma tão genérica, totalmente no piloto automático.

* Avaliação: 1,5 Pipocas + 1,5 Rapaduras = 3,0.

Nenhum comentário:

Postar um comentário