* resenha escrita em
maio de 2011
Confesso que nunca li nenhum gibi da Marvel, porém assisti a
todas as adaptações cinematográficas já lançadas pelo Marvel Studios.
Por isso, entendo que Thor é o maior desafio enfrentado pelo
estúdio, tanto pelo universo fantástico (super-herói mitológico), quanto pelo
desapego aos heróis geneticamente modificados.
Já estava passando da hora de chegar às telonas um filme de super-herói com contornos imaginativos e fantasiosos, já que, cada vez mais, um suposto "realismo" toma conta dessas histórias. Até agora, as produções da Marvel, principalmente os dois “Homem de Ferro” e “Hulk”, são aventuras embasadas na ciência. Nesse contexto, Thor se insere como um divisor de águas, pois o ávido público desse gênero agora é apresentado a outros planos de existência/vida.
No longa, somos "transportados" a outro planeta - Asgard - e apresentados aos asgardianos, seres imortais de outra dimensão, que, ao revelarem-se aos vikings, foram confundidos com deuses, iniciando a mitologia nórdica. Thor - vivido pelo inspirado Chris Hemsworth - é um jovem príncipe desse povo, que anseia pelo trono/poder desde a sua infância. Contudo, o excesso de vontade do guerreiro desencadeia uma série de graves consequências para o reino, uma vez que a sua arrogância e impetuosidade são igualmente proporcionais a sua competência em batalhas. Somado à sua teimosia, tudo resulta em uma nova guerra contra os Gigantes do Gelo, liderados pelo Rei Laufey (Colm Feore). O Deus do Trovão acaba banido para a Terra por seu pai, Odin - interpretado com maestria por Anthony Hopkins - precisando, assim, aprender lições de humildade se quiser retornar e tornar-se digno de erguer o seu martelo Mjolnir e com ele o seu poder imortal.
As sequências aqui na Terra são aquém das expectativas, com exceção da luta com o Destruidor. Tudo é muito atropelado, literalmente. O encontro do Deus banido com os humanos: Jane Foster (Natalie Portman), Dr. Selvig (Stellan Skarsgard) e Darcy (Kat Dennings) é algo muito forçado, dando a impressão de que não se deu por força do destino, e sim por fragilidade do roteiro. Aliás, a atriz "oscarizada" poderia ter sido substituída por qualquer outra, sem prejuízo nenhum ao filme. Desnecessária, assim como a personagem Darcy que força algumas piadas sem graça.
Por outro lado, a construção do mundo asgardiano e os seus efeitos visuais enchem os olhos, assim como a cultura desse povo. Os figurinos, o design da cidade, a iluminação e as cores são impressionantes. Segundo os fissurados em HQ's, Asgard nunca foi tão fielmente retratada no papel ou fora dele. No entanto, o 3D pouco acrescenta ao filme, já que foi filmado com câmeras normais e depois convertido para essa tecnologia. O processo de conversão ainda não tem o grau de perfeição das filmagens em câmeras especiais 3D (Avatar, Resident Evil, Santuário). Os custos para essa finalidade ainda são altíssimos, fazendo com que os diretores optem por rodar o filme em 2D e nos estúdios fazerem a conversão. James Cameron é a exceção, o cara desenvolveu a tecnologia e ainda detém as câmeras.
Mas é Tom Hiddleston, o Loki, quem surpreende positivamente, o talentoso ator entrega ao diretor Branagh uma relação "shakespereana" bem convincente entre irmãos, pai e filhos.
Interessantes são as diferentes referências encontradas no Universo Marvel em seus filmes. No caso de Thor, há uma breve participação do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), passando pela menção a Bruce Banner, o Hulk, deixando assim, tudo pronto para o filme que virá de Os Vingadores, incluindo as reveladoras cenas pós-créditos.
*Avaliação: 4,5 Pipocas + 3,5 Rapaduras = 8,0.