sábado, 22 de fevereiro de 2025

ESPECIAL OSCAR 2025 - O Robô Selvagem

 

Por Isa Barretto

Se existe algo que o Cinema de animação faz bem, é traduzir emoções universais em histórias cativantes. 'O Robô Selvagem', baseado no livro de Peter Brown, faz isso com maestria ao explorar o amor materno de uma forma inusitada – não com uma figura tradicional, mas através de uma robô que descobre, aos poucos, o que significa cuidar, proteger e se sacrificar.

Roz, a protagonista, não foi projetada para sentir. No entanto, quando se vê responsável por um filhote órfão de ganso, algo muda. A princípio, ela age por lógica: ele precisa de calor, alimento e segurança. Mas conforme o tempo passa, seu instinto programado dá lugar a algo mais profundo. Ela aprende a ser mãe, não porque foi construída para isso, mas porque a vivência lhe ensina o que é amar. E isso é um dos pontos mais bonitos da história – a ideia de que o amor não é apenas um sentimento, mas também um aprendizado.

Mas 'O Robô Selvagem' vai além do amor materno. O filme fala sobre pertencimento e identidade. Roz não é um animal, mas também não é apenas uma máquina. Em uma ilha onde tudo segue as leis da natureza, ela precisa encontrar seu espaço e entender onde se encaixa. O roteiro desenvolve isso com calma, mostrando que a identidade não é algo fixo – é construída a partir das conexões que formamos e das experiências que acumulamos.

A relação entre tecnologia e natureza também é um tema central. O filme não demoniza a tecnologia, mas questiona até que ponto ela pode coexistir com o mundo natural sem destruí-lo. Roz não chega como uma ameaça, mas como uma forasteira tentando aprender e respeitar o ambiente ao seu redor. No entanto, o conflito surge quando forças externas tentam tirá-la dali, levantando questões sobre liberdade e controle.

Visualmente, a animação traduz bem essa dualidade. A ilha é exuberante, cheia de vida, enquanto Roz, com seu design metálico e movimentos mecânicos, parece deslocada no início. Mas conforme ela se integra ao ambiente, essa diferença se dissolve – um reflexo da sua própria transformação.

No fim, 'O Robô Selvagem' é uma história sobre aprender a sentir, sobre encontrar um lar onde menos se espera e sobre como o amor, mesmo nas formas mais improváveis, tem o poder de mudar tudo. E talvez seja isso que faz a jornada de Roz tão especial: não importa se somos humanos, animais ou máquinas, no fundo, todos estamos buscando conexão.

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