quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

ANIVERSARIANTES MEMÓRAVEIS – “Seven: Os Sete Crimes Capitais” faz 30 anos em 2025

Por Isa Barretto

“Seven: Os Sete Crimes Capitais” (1995), dirigido por David Fincher, continua sendo uma das experiências mais envolventes e perturbadoras do gênero de thriller policial. Tive a chance de revê-lo em IMAX pela UCI, o que só reforçou o quanto esse clássico permanece impactante desde o seu lançamento. A brutalidade psicológica, a qualidade técnica e a força da narrativa ainda se mantêm firmes.

A história gira em torno dos detetives William Somerset (Morgan Freeman) e David Mills (Brad Pitt), encarregados de investigar um serial killer que se inspira nos sete pecados capitais para cometer seus crimes. Em cada cena, é quase impossível não ser arrastado para a tensão e o desconforto causados pelas ações do assassino.

Algo que chama a atenção é o quanto o filme segue atual. A direção de David Fincher cria um clima sombrio e opressor, fazendo com que a cidade pareça tão sufocante quanto os próprios crimes. Ver essa produção em uma tela gigante realça ainda mais o ambiente pesado, com paletas de cores escuras, um trabalho detalhado de luz e sombra e um design de som que ressalta cada nuance.

As atuações também merecem elogios. Morgan Freeman interpreta um detetive experiente, cansado e cético em relação ao mundo, enquanto Brad Pitt faz o papel do policial jovem, impulsivo e idealista, em contraste com a sobriedade de Somerset. Mas quem realmente se destaca é o vilão John Doe, vivido por Kevin Spacey — meticuloso, assustador e motivado por uma lógica distorcida que transforma cada assassinato em um macabro quebra-cabeças moral.

Mais do que apenas um filme sobre crimes, “Seven” traz uma reflexão sobre a decadência social, a natureza humana e os limites delicados entre justiça e vingança. Fincher pinta um cenário mergulhado na desesperança, com ruas escuras, becos imundos e personagens no limite da ruptura moral. A investigação de Somerset e Mills vai além de procurar por um assassino: ela expõe os conflitos internos de cada um, seus dilemas éticos e a forma como lidam com a violência e o sofrimento. O público se depara com questões incômodas sobre justiça, questionando se a vingança — quando “justificada” por alguma lógica superior — não acaba sendo apenas mais um ato brutal.

“Seven” não esconde o lado mais sombrio da humanidade, evidenciando nossa inclinação à violência, ao julgamento e à busca incessante de sentido em meio ao caos. Por mais revoltante que John Doe seja, ele levanta uma questão perturbadora: até que ponto fechamos os olhos para as nossas próprias falhas e perpetuamos um sistema cheio de hipocrisia e crueldade? Mas a maneira que ele encontra para expor esses pecados é tão brutal quanto equivocada: ao acreditar que a violência pode revelar e corrigir os erros do mundo, ele só alimenta o ciclo de brutalidade que diz condenar. O filme não justifica as ações de Doe, mas usa sua loucura como um espelho desconfortável, levando o espectador a encarar suas próprias contradições e refletir sobre a fragilidade da moralidade humana.

Tenso, bem construído e visualmente marcante, “Seven: Os Sete Crimes Capitais” permanece uma experiência cinematográfica obrigatória, provando mais uma vez que é um clássico incontestável do gênero.

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