segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

ESPECIAL OSCAR 2025 - Duna: Parte 2

 

Por Isa Barretto

Se 'Duna: Parte 1' apresentou Paul Atreides como um jovem dividido entre destino e escolha, a 'Parte 2' leva essa jornada ao seu ápice, mostrando como o poder pode consumir até mesmo aqueles que começam com as melhores intenções.

No primeiro filme, Paul era alguém deslocado, um herdeiro treinado para governar, mas sem a certeza se queria carregar aquele peso. Ele começa sua trajetória hesitante, perdido entre a visão mística que o liga aos Fremen e a política que exige sua liderança. Mas, conforme a tragédia se abate sobre sua família e ele se vê no deserto, Paul aprende a lutar, se adapta e, o mais importante, começa a sentir o gosto da autoridade.

E é aí que a máxima se cumpre: "Quer conhecer um homem? Dê a ele poder". 'Duna: Parte 2' se aprofunda na transformação de Paul, revelando o preço real de sua ascensão. A abdicação do amor é uma das decisões mais impactantes do filme – o Paul que jurava fidelidade a Chani aos poucos dá lugar a um líder que precisa escolher entre o coração e o trono. O dilema é claro: permanecer com os Fremen e lutar como um deles ou tomar para si o destino de imperador e levar sua jihad pelo universo.A escolha que ele faz, sem spoilers diretos, pesa tanto na narrativa quanto nos olhos do espectador, pois Villeneuve constrói cada passo de sua jornada com ares de inevitabilidade.

Visualmente, o filme é uma obra-prima. Villeneuve mantém a estética de desolação e grandiosidade do primeiro filme, mas agora adiciona camadas ainda mais sofisticadas. Os tons de laranja e dourado dominam as paisagens do deserto, contrastando com sombras profundas e uma luz oposta que recorta cada cena como um quadro épico. As tomadas aéreas situam o espectador na vastidão de Arrakis, deixando claro o tamanho do palco em que esse drama se desenrola.

Já as cenas que envolvem Feyd-Rautha, sobrinho dos Harkonnen, apostam num preto e branco que remete a registros históricos do século XX, traçando um paralelo visual com os abusos cometidos por ditadores – um toque de Villeneuve para reforçar o peso da opressão e da crueldade desse personagem.

O ritmo do filme equilibra momentos contemplativos com sequências de ação brutais. Se no Parte Um havia um foco maior na construção do mundo e da política, aqui a guerra se torna real. As batalhas são coreografadas com precisão, usando o deserto como um elemento vivo da narrativa. O som do tambor ressoa como um chamado para algo grandioso e terrível, e a trilha de Hans Zimmer complementa essa grandiosidade com uma intensidade quase hipnótica.

No final, 'Duna: Parte 2' não é apenas uma continuação, mas a concretização de tudo o que foi prometido. Paul Atreides não é mais um jovem buscando seu lugar – ele se torna algo muito maior, e, ao mesmo tempo, muito mais perigoso. A pergunta que fica é: o poder era realmente seu destino ou apenas a armadilha que sempre esteve à sua espera?

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