sábado, 16 de abril de 2011

FILME: OS OLHOS DE JULIA

Produção de Guilherme Del Toro não convence. O negócio dele é na direção mesmo.
Rafael Morais
16 de abril de 2011

Quanto maior a expectativa, maior pode ser a decepção. E foi isso que aconteceu em Os Olhos de Julia. 

Na trama, Julia (Belén Rueda) é uma mulher que sofre de uma doença degenerativa nos olhos. Após encontrar sua irmã gêmea cega morta no porão, ela decide investigar o acontecido, e descobre um mundo sombrio cheio de mistérios e mortes, enquanto sua visão começa a piorar.

Quem conhece as obras de Guilherme Del Toro com certeza esperava muito mais de qualquer produção envolvendo o seu nome. O cara é um dos melhores diretores da nova geração, por isso, ele não deveria ter assinado uma produção burilada num roteiro tão confuso e fraco.

Apesar da protagonista ser a mesma do excelente O Orfanato, Belén Rueda, o filme não consegue imprimir um suspense digno. Na verdade, o longa foi idealizado para tentar fazer sucesso em festivais, como o de Toronto, e essa foi a mesma estratégia de divulgação que El Orfanato seguiu arrecadando fãs por aí afora. 

Os tropeços começam quando Julia passa a investigar o suposto suicídio de sua irmã. O chato é que no início do longa, na primeira cena, para ser mais preciso, o mistério que poderia oxigenar o suspense, cai por terra, porque vimos que realmente houve um homicídio. Tinha alguém na cena do crime que influenciou diretamente no evento morte. É uma pena!

Como se não bastasse, os clichês de filme de suspense, são inseridos de forma descarada e não orgânica, contribuindo significativamente para o seu fracasso. Não contei as vezes que, forçadamente, o enredo cria situações para deixar Julia sozinha, chega a ser cômico, pois quando ela fica só já sabemos que algo vai acontecer, ou um susto, ou o assassino aparecerá... 

Engraçado que, de repente, sem mais nem menos, o marido de Julia ( que está prestes a ficar cega) a deixa só no ambiente, como se dissesse - Vou ali e quando você levar um susto eu volto - é ridículo. 

Se tudo na vida tem o seu lado bom, o ponto alto é o elenco, principalmente a protagonista e o psicopata "invisível" (Pablo Derqui). O ator me surpreendeu positivamente, ele consegue passar uma insanidade aterrorizante no olhar. A cena em que ele tira uma faca cravada na boca de uma vítima pendurada na parede, é sensacional.

Embarquem na maravilhosa viagem de o Labirinto do Fauno, se assustem e se comovam com O Orfanato, apreciem as adaptações de Hellboy 1 e 2, se arrepiem com A Espinha do Diabo, mas façam vista grossa quanto a Os Olhos de Julia. 






Nenhum comentário:

Postar um comentário