sábado, 2 de abril de 2011

E A RAPADURA DE OURO DA SEMANA VAI PARA ...


A Saga da família Corleone: Uma Trilogia Clássica e Obrigatória!
Rafael Morais
02 de abril de 2011


Preparamos um especial sobre a obra, contendo detalhes que cercaram a produção e as resenhas dos três filmes. 


Era final dos anos 60 quando Francis Ford Coppola assumiu a direção do ambicioso projeto Poderoso Chefão (The Godfather, 1972, EUA) da Paramount Pictures. O filme que o diretor tinha em mãos era uma adaptação de um romance do escritor Mario Puzo. A partir daí, Coppola passou a trabalhar ininterruptamente no romance, lendo e relendo o livro inúmeras vezes.

Com o roteiro pronto, o diretor passou a sugerir nomes para os papéis principais. Problemas à vista com a produtora. Se você disser o nome de Marlon Brando mais uma vez, está despedido, disse o Presidente da Paramount na época para o jovem diretor. Ora se Brando não era aceito (por sua notória excentricidade) o que dizer do desconhecido Al Pacino, um ator que só tinha experiência em teatro, era considerado uma piada de muito mal gosto pelos executivos. 

O fato era que Coppola não imaginava outro ator no papel de Michael Corleone. Tinha que ser Al Pacino. Seu rosto era perfeito, afirmava o diretor sobre a escolha. Os produtores, não convencidos, solicitaram uma enorme quantidade de testes, ao total mais de centenas de candidatos foram testados para o papel.

Mal sabiam os produtores que Coppola era insistente e a cada nova leva de testes, ele sempre dava um jeito de colocar um novo teste de Pacino. Acabou vencendo pelo cansaço. No entanto um espião estaria o acompanhando na gravação das cenas e ao menor descontentamento dos produtores, Pacino seria demitido e substituído imediatamente. Eu sei que não sou desejado, disse o ator na época. 

Ainda faltava convencê-los de Marlon Brando para o papel de Don Vito Corleone, e isso foi um pouco mais fácil. Apesar da fama de encrenqueiro e de não ser pontual com horários. Coppola deu sua palavra que Brando trabalharia sério. Além do mais, os testes do ator ajudaram muito para a sua escolha. Foi dele a ideia de inserir as próteses nas bochechas para que ficasse com aquela aparência excêntrica e a voz arrastada, ou seja, nascia ali, na criação de um personagem, um mito na história do cinema.

As filmagens 

No início das filmagens, Coppola era desacreditado e ridicularizado por toda a equipe de produção. Só quem acreditava nele e nas suas ideias eram os atores. Sem muito recurso -orçamento inicial era de US$ 2,5 milhões, estourou e passou para US$ 6,5 milhões - sem dinheiro, muitas das cenas foram feitas por equipes com escassos recursos técnicos e de pessoal. Com isso, Coppola teve que contar com a ajuda de alguns amigos, entre eles, George Lucas (olha o amigo do cara), para a concretização de algumas cenas.

Com tantos percalços, o diretor esteve na corda bamba durante a primeira semana de gravações. Percebendo que a situação estava insustentável atuou como um verdadeiro Don. Demitiu diversos profissionais da equipe, seus traidores junto aos executivos da Paramount, o que causou uma reviravolta na produção e adiou sua saída por mais alguns dias. Nesse intervalo aproveitou para refazer algumas cenas e demonstrou toda a sua capacidade para dirigir o longa.

- O Poderoso Chefão -




O filme narra a primeira parte da saga dos Corleone. No comando da mafiosa famiglia  está o magistral Marlon Brando na pele do inesquecível Don Vito Corleone. O respeitado Don controla os "negócios" da família, inserida em uma Nova Iorque próspera e crescente dos anos 40 e 50, onde o sonho americano ainda existia. Nesse contexto, os conflitos com outras famílias e dons (imigrantes ou não) eram inevitáveis.


Don Corleone tem na figura dos seus filhos - Sonny (James Caan), Fredo (John Cazale), Connie (Talia Shire) e Michael (Al Pacino) -  e na honra de sua família seus verdadeiros bens e valores. Na gerência das negociações o poderoso Don, sempre que possível, inclui o seu "braço direito/homem de confiança" o sábio consigliere (o conselheiro, Robert Durvall). E nessas cenas que mostram os business beiram a perfeição, tendo nelas um ponto forte do filme.


Contudo, não pense que esses negócios se resumem à problemas de ordem financeira, pagamento de contas, por exemplo. São mafiosos de verdade, e que passam um realismo impressionante às cenas. Para tanto, existem assassinatos, encruzilhadas, traições e toda a violência que Coppola não gosta muito de dirigir. Cogitou-se na época que seria contratado um diretor específico para as cenas com esse teor, porém, não foi necessário, pois o brilhante diretor encontrou uma interessante saída para lhe dar com o "lado negro" da máfia.


O diretor utilizou de elementos sutis que distraíssem o público (na realidade, ele mesmo estava se distraindo) das cenas mais pesadas. Exemplos disso são as laranjas rolando no asfalto durante um tenso tiroteio, o pé de uma vítima para fora do para-brisas durante sua execução por estrangulamento e muitas outras cenas incorporadas para dar textura à violência.
O resultado de tanto esforço foi um filme grandioso, ricamente ilustrado em todos os sentidos. 

Um sucesso de crítica e de público que acabou rendendo três Oscar - melhor filme, roteiro e ator (Marlon Brando, que se recusou a receber o prêmio por detestar Hollywood) e tornou-se um clássico imortal do cinema.

A aceitação de O Poderoso Chefão acabou fazendo com que Coppola assumisse a direção e o controle total do segundo filme da série - O Poderoso Chefão Parte II, desta vez com liberdade criativa e US$11 milhões de orçamento.
Inesquecíveis as cenas na inspiradora Sicília, do tiroteio na barraca de frutas, do duplo assassinato no restaurante entre outras. Mesmo após 20 anos de seu lançamento essas cenas continuam vivas em nossas memórias.

- O Poderoso Chefão (Parte II) -
Na segunda empreitada da dupla Puzo e Coppola, há uma inovação na maneira de como contar a história, ou melhor, são duas histórias ao mesmo tempo.
A primeira é a continuação de O Poderoso Chefão. Agora, com um Michael mais maduro e ousado no controle da família. O foco passa a ser outro, no lugar do contrabando há o investimento nos jogos de azar (cassinos em Las Vegas). Michael passa a enfrentar não apenas seus inimigos de praxe (outras famílias de mafiosos), mas também os federais que querem a todo custo desmascará-lo e trazê-lo à justiça.

Em paralelo, o filme apresenta toda a infância e mocidade de Vito Andolini, que mais tarde seria o Don Vito Corleone.

As sequências belíssimas gravadas na Sicília mostra as motivações que levaram o menino Vito (interpretado pelo sensacional Robert De Niro) a emigrar para a América.

Com o novo filme, Coppola e Puzo conseguiram o que parecia impossível... realizaram uma produção tão competente quanto a original. Como reconhecimento, Oscar de melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator coadjuvante (Robert de Niro)

Salvo engano, foi a 1ª vez que uma continuação ganhou um Oscar.  


 - O Poderoso Chefão (Parte III) -

Dezesseis anos se passaram entre a parte II e III, nessa última, Puzo e Coppola se unem novamente para trazer a baila a última parte do épico. A morte de Michael Corleone (título originalmente concebido (não estou fazendo spoiler), o título foi recusado pelos produtores que preferiram dar sequência ao Parte II.

Na terceira parte, carregada de uma carga dramática/emotiva, Michael Corleone já está velho e arrependido. Depois de tanto tempo a frente da família, ele está cansado e tenta a todo custo legalizar os negócios escusos.

O caçula dos Corleone parece buscar o perdão pelo seu passado negro, principalmente pelo sangue em sua mãos. O caçula dos Corleone se depara com a sua dura realidade, a família não foi a prioridade durante esse tempo e seus filhos não o admiram e nem o seguem. Pelo contrário. Michael percebeu que o poder o havia corrompido e o tempo, inexoravelmente, passou. 

Al Pacino cala a boca de todos aqueles que o desacreditaram e carrega o filme nas costas.


Participam do filme Andy Garcia, como o filho bastardo de Sonny - Vincent, e Sofia Coppola, filha do diretor, como a filha de Michael - Mary.


Um verdadeiro divisor de águas na história do Cinema.



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