segunda-feira, 25 de abril de 2011

EM CARTAZ: RIO

Definitivamente, o Brasil é a bola da vez. 
Rafael Morais
25 de abril de 2011.

Que o nosso país ainda não é desenvolvido, todo mundo já sabe. Mas, que tem muita gente tirando casquinha dele, ah isso tem!

Ultimamente tudo que é produção gringa está vindo para cá. Amanhecer (4ª parte da saga Crepúsculo) trouxe o casal de pombinhos morceguinhos apaixonados; Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio, desembarcou com a sua caravana carregada de testosteronas e explosivos; sem contar as inúmeras visitas de James Cameron à Amazônia, uma vez que o diretor pensa em gravar a continuação de Avatar aqui também. E ainda  seremos sede da próxima Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016).

Fico me perguntando: será que a mão-de-obra é mais barata? A cidade maravilhosa dá o ar da graça nas locações? A corrupção, tanto policial quanto política, atrai a atenção dos gêneros de ação? As belezas naturais do Brasil são o diferencial? É tudo isso e mais um pouco.

Pegando carona nessa vibe, chega a animação Rio, do experiente diretor Carlos Saldanha (Era do Gelo 1, 2 e 3). Pelo fato de o diretor ser brasileiro, acredito que ele poderia ter explorado o Rio de Janeiro (Brasil) sob outra perspectiva, menos caricata e mais valorativa. Durante a projeção, algumas vezes, me deu uma ligeira impressão de que era o típico filme pra gringo ver e que eu estava ali de "penetra".

No entanto, como estava diante de uma animação, fiz de conta que não vi os furos de roteiro - jogo de futebol entre Brasil e Argentina em pleno carnaval - e me deixei levar pelas cativantes músicas e alegres cores que o longa apresenta do início ao fim.

A história narra a trajetória da ararinha azul Blu (voz original de Jesse Einsenberg) capturada no Rio de Janeiro e levada para o frio de Minnesota, onde é adotada por Linda (Leslie Mann). A vida dos dois é autocentrada, um toma conta do outro, e com o passar do tempo eles nem percebem que já estão tão acostumados/acomodados que a moça não tem tempo e espaço para conviver com outro ser humano, por exemplo, e que o bichinho nem sequer aprendeu a voar.

Para saírem do marasmo e mesmice daquela vida, foi preciso a chegada de Tulio (Rodrigo Santoro), um amante e estudioso dos pássaros que viajou até os Estados Unidos atrás da última arara azul macho da espécie que se tem conhecimento. Seu objetivo é levar a ave de volta ao Brasil para se acasalar com a fêmea Jade (Anne Hathaway) e assim perpetuar a espécie.

Tudo não é tão fácil quanto parece. Os contrabandista aparecem de novo no caminho das lindas ararinhas e a confusão começa.

A fotografia do filme é linda e inspiradora. Toda a "engenharia urbana", típica das favelas, está retratada de forma fiel e esplêndida. As cenas em 3D (tanto aproximação quanto profundidade) conseguem captar com precisão os mais belos ângulos do Cristo Redentor e de Copacabana, tornando, dessa maneira, um filme visual e graficamente impecável. Sem esquecer da agradável trilha sonora. 

A abertura é linda, com todas aquelas aves dançando e cantando livres e alegres, como têm que ser. Cheguei a me animar com essa cena inicial, mas a emoção foi se esvaindo até que sobrou, apenas e tão somente, a estética.

Uma pena que todos os estereótipos que os estrangeiros têm do nosso país estão inseridos na animação. E aquela gangue de macaquinhos ladrões? Desnecessário! Até porque, imitar os pinguins de Madagascar não é tarefa fácil. Aliás, se esse filme caísse nas mãos da Pixar, viraria uma jóia rara!

O Brasil tem algo mais do que bunda-carnaval-futebol? Acho que sim!






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