segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

NOS CINEMAS - LEGO Batman: O Filme

Por Rafael Morais
Em 13 de fevereiro de 2017

Desconstruir a mitologia sem desrespeitar, conservando a essência, através de um humor afiado e constante: essas são apenas algumas das características da curtíssima, até então, filmografia da LEGO nos cinemas. Claro que o fan service também se encaixa como marca registrada, uma vez que os idealizadores adentram o universo do protagonista explorando a sua personalidade.

E a jornada da vez é a do Batman. O Cavaleiro de Gotham, que já havia roubado a cena na participação em "Uma Aventura LEGO", ganha seu próprio arco no mundo das pecinhas de encaixar, tudo ao seu modo peculiar: atmosfera colorida, diálogos ácidos, recheados de duplo sentido, que agradam tanto o público infantil  quanto o adulto, sem distinção. Se por um lado o humor negro dialoga com a audiência mais velha, o exagero na ação desenfreada e o tom por vezes ingênuo de alguns personagens flertam com a criançada.

Referências às diversas fases vividas pelo morcegão na cultura pop, seja TV ou cinema, cronologicamente, pipocam na tela, indo desde Adam West a Zack Snyder, passando por Joel Schumacher e Christopher Nolan. Nada é descartado aqui!

A trama gira em torno da solidão de Bruce Wayne. O herói bilionário - e propositalmente caricaturado aqui como um narcisista completo - tem tudo, mas não tem com quem dividir. Neste contexto, a falta de uma família atordoa o “Homem-Morcego”, o que faz surgir a possibilidade da adoção de um órfão, trazendo situações absurdamente engraçadas e ao mesmo tempo emocionantes. Tudo explora a personalidade egocêntrica do “Defensor de Gotham”, em detrimento do altruísmo que impera nesse gênero, fazendo com que o roteiro deixe sua mensagem, como uma espécie de moral da história, ao final. E o arco do herói se encaixa como uma luva no script.

Divertido desde a abertura até o último frame, “LEGO Batman” aproveita o sucesso de “Deadpool” e investe numa narração em off de seu herói, hilária, por sinal. Porém, tal artifício se restringe apenas à introdução, para depois ser abandonado, inexplicavelmente, durante todo o resto do longa, retornando apenas no finalzinho. Assim, ao não saber como contar a história, a linguagem escolhida se tornou confusa e dificultou a montagem da animação. Contudo, esse é o menor dos problemas, pois a película cumpre o seu papel e diverte muito! Gag's visuais surgem harmonizadas com a proposta do diretor Chris McKay. Músicas em forma de paródia preenchem os três atos, conferindo energia e identidade ao filme. Aparições de figuras icônicas do cinema tendem a agradar os cinéfilos, ao passo que as apresenta à nova geração.

Deste modo, nos resta a sensação de que a DC/Warner, responsável pelos filmes em live action, deve aprender a lição e se levar menos a sério, afinal de contas o sombrio e realista nem sempre cai bem em mascarados vestidos de colan que enfrentam vilões armados de armas à base de ketchup e maionese.

*Avaliação: 4,5 pipocas + 4,0 rapaduras = nota 8,5.



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