Brasil na onda dos falsos-documentários.
24 de novembro de 2011
Rafael Morais
Já não era em tempo do Brasil aderir a moda dos mockumentaries. Desaparecidos, dirigido por David Schurmann (O Mundo em Duas Voltas) e estrelado por atores desconhecidos, é o primeiro longa brazuca de suspense/horror com ambição de espelhar fenômenos de público como A Bruxa de Blair, Cloverfield e Atividade Paranormal.
A idéia para o filme surgiu durante o Producer’s Network do Festival de Cannes de 2010, onde Schurmann participou de um bate-papo sobre o mercado transmídia. Empolgado, o cineasta e sua equipe desenvolveram um projeto com foco no público jovem (entre 14 e 18 anos), e que começou a tomar corpo há um ano, quando perfis de 15 personagens fictícios foram montados no Facebook. Não demorou muito para que cada um deles tivesse cerca de 500 amigos. Uma equipe cuidava e atualizava os perfis com postagens constantes.
No final de agosto, um desses personagens convidou seus amigos virtuais para a festa “Luz, Câmera, Party”, que seria realizada em outubro, em Ilhabela, no litoral paulista. Como centenas de pessoas responderam ao convite, o personagem explicou que precisaria fazer uma seleção, e que os escolhidos receberiam em casa uma câmera de vídeo leve, no formato de um tablet, que deveria ser usada pelos convidados o tempo todo, pendurada no pescoço por um cordão.
Tudo isso, é claro, era fantasia. Apenas os personagens fictícios postaram mensagens no Facebook confirmando que receberam o convite – e assim estava armado o cenário virtual para Desaparecidos. O filme mostra o que aconteceu com seis desses jovens convidados, que desapareceram durante a festa, com imagens tomadas “por eles mesmos”, com a tal câmera-convite.
O nível de amadorismo dos atores é perceptível no trailer, mas o filme tem lá o seu clima de tensão. Confira:
Desaparecidos foi rodado com um baixíssimo orçamento de 55 mil reais, com direção de fotografia do canadense Todd Southgate, especializado em tomadas dentro de florestas. Posteriormente, foi feito todo um trabalho para “sujar” a imagem com interferências digitais e uma cuidadosa edição de som, para atingir a atmosfera de horror pretendida.
A estreia nacional está marcada para 9 de dezembro.