sábado, 3 de setembro de 2011

FILME: VELOZES E FURIOSOS 5 - OPERAÇÃO RIO

Alguns homens e nenhum segredo. 
Rafael Morais
30 de agosto de 2011.

Antes de mais nada, vai um dado: nenhum carioca/fluminense foi ferido durante as filmagens. Eram todos caribenhos, afinal. Pois é, em Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio, só foram realizadas 5% das filmagens por aqui, o restante aconteceu em Porto Rico. Claro que essa trucagem de usar dublês de cidades é tudo uma questão de estrutura (mão de obra, impostos, viabilidade de fechar ruas, entre outros), contudo essa farsa só funciona legal pra quem não conhece o lugar real. O que não é o nosso caso.
Vamos reconsiderar esse ponto e partir para o roteiro. Agora sim, algo interessante? Sinto informar, mas a premissa de Velozes e Furiosos, que alavancou a franquia, mudou e muito. Nada há mais naquele mundo unferground de rachas e pegas alucinantes. Nem resquício dele restou nesse último filme. Acredito até que o roteirista Chris Morgan pensou assim: "Vamos reunir toda a trupe dos filmes anteriores ( Chris “Ludacris” Bridges, Tyrese Gibson, Matt Schulze, Sung Kang, Gal Gadot, Elsa Pataky, Don Omar e Tego Calderon) para fazer um assalto a banco - não é o Banco Central de Fortaleza, ainda bem - e colocar no encalço da gangue um policial linha dura (The Rock) pra quebrar o pau com Vin em alguma cena." 
Mudar radicalmente de temática - antes, um filme mais descolado "car porn", agora uma ação/policial desloucada - demonstra que a franquia seguiu uma tendência das últimas produções hollywoodianas, lançar longas acerca de golpes recheados de reviravoltas pífias. Bem longe do resultado surpreendente conquistado em filmes como Saída de mestre , Plano Perfeito e Efeito Dominó. 

Aliás, a cena em que conseguem as digitais da palma da mão boba do mafioso Reis (vivido pelo ator português Joaquim de Almeida) é uma tentativa frustrada em imitar a icônica franquia Missão Impossível, no seu melhor estilo, a investigação.
Na pobre trama, os amigos Dominic Toretto (Vin Diesel) Brian (Paul Walker) se veem escondidos e foragidos nas favelas do "Rio de Janeiro", já que estão perseguidos pela Polícia Federal e sem nenhuma "banda" de dinheiro. Mas, quem tem Dom como amigo, tem tudo. O grandão arma um plano daqueles para sair da pindaíba, pretendendo assim, ajudar o amigo e cunhado Brian  casado com a sua irmã, que está grávida. 
A ação é cada vez mais exagerada, apesar de ser bem filmada e coreografada (as sequências de abertura e encerramento são absolutamente enlouquecidas e sem qualquer apego às leis da física) e o roteiro, anencéfalo, ignora a coerência (como a Equipe Toretto consegue seus equipamentos de ponta se estão falidos e escondidos?). Parece que o que importa é que Dom deixou de ser um valentão criminoso para tornar-se um verdadeiro general e "cérebro" da gangue.
A intenção de transformar Vin Diesel em um George Clooney bombado e Paul Walker em um Brad Pitt falido e mal pago, não cola. É isso mesmo pessoal, os brutamontes querem ser os Onze homens e um segredo. O que aconteceu com a originalidade da franquia? Pra ser sincero, só o 1º Fast e Furious e o desafio em Tóquio escapam dessas malogradas sequências. Até a ideia de trazer todos os comparsas de Toretto de volta me parece ridículo, pois o personagem "japinha" (Sung Kang) havia morrido na continuação em Tóquio. Nem uma explicação plausível somos merecedores. Ou será que aquilo é uma assombração saída desses filmes de terror asiáticos?
A trilha sonora "original" é composta pelo funk carioca, o "melô da popozuda" toca no meio de um furto aos carros da corrupta polícia do Rio. E aí há um lapso de memória do 1º e bom filme, quando os amigos durante esse furto resolvem fazer um pega. Pois é, vocês eram bons nisso, pessoal! Ao final da projeção, temos o desprazer de ouvir a música de Latino e Daddy Kall - não se engane com o nome estiloso, trata-se de um dos integrantes do You can dance do programa da Xuxa, lembra? - pois não é que incluíram a música do ritmo Kuduro no apagar das luzes. What the fuck?


Se vai haver Copa, Olimpíadas, ararinhas expatriadas (animação Rio de Carlos Saldanha), por que não explodir tudo em solo brasileiro? Afinal, Stallone quando veio rodar algumas cenas em terras tupiniquins, declarou o seguinte: : "Lá você pode atirar nas pessoas, explodir coisas e eles dizem 'obrigado! E aqui está um macaco para você levar para casa".




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