sábado, 3 de setembro de 2011

EM CARTAZ: LANTERNA VERDE


Aceso o sinal vermelho para o herói esverdeado da DC Comics.
Rafael Morais
04 de setembro de 2011.

De todos os personagens da DC Comics, o Lanterna Verde é o que tem o universo mais complexo. Afinal, o super-herói faz parte da Tropa dos Lanternas Verdes, formada por mais de 3.600 defensores da paz na galáxia. O pano de fundo, rico em infinitas possibilidades de interação entre esses seres e os de outros planetas, como a Terra, por exemplo, credenciava o filme a um resultado apoteótico. Entretanto, a expectativa não foi correspondida, colimando em uma fracassada adaptação.
Os contratempos existem desde a superficial apresentação do planeta Oa - Lar dos Guardiões da Galáxia - até a falta de detalhamento de seus ocupantes, os Lanternas Verdes. Diferente de Asgard (Thor - Marvel), Oa não exprime uma verossimilhança de que aquele lugar possa existir, ou até mesmo, de estar em harmonia com os outros planetas, justo porque falta uma narrativa mais convincente e os combates/conflitos dos outros lanternas são esquecidos, dando foco apenas no lanterna humano/guardião da Terra (Hall Jordan - Ryan Reynolds)
Apesar da boa atuação de personagens coadjuvantes como o Sinestro (Mark Strong) e do vilão Hector Hammond (Peter Sarsgaard), que os tornam de longe os mais reais do filme, a entrega desses atores, definitivamente, não segura o filme. Aliás, por falar em prender o espectador, a história não hipnotiza nem criança, muito menos adulto, haja vista que durante a projeção - na minha sessão, pelo menos - era comum constatar o vaivém dos espectadores nas poltronas,  saindo para comprar bombons, pipocas e visitando o toilet com mais frequência, tudo na esperança que, de repente, o longa melhorasse exponencialmente. Falsa ilusão!  

Confesso que em um dado momento, quase adormeci. Vale dizer que isso só tinha me acontecido em Harry Potter - As relíquias da morte 7.2, porém, no filme do bruxo, o fato de não ter lido nenhum livro da saga, pode justificar o cochilo.
O que vale, afinal, a única rapadura representada na avaliação? O design, a qualidade da computação gráfica, e, principalmente, os efeitos 3D. Acredite, só não joguei dinheiro fora graças à ilusão de ótica que os óculos tridimensionais conseguem nos proporcionar. Para não ser injusto, o treinamento de Hal Jordan para se tornar um dos lanternas é uma sequência positiva, pinçada no meio da desastrosa película.
A história carece de intensidade e aprofundamento, o que era rico nas HQ's e animações, tornou-se pobre nas telonas. Interessante que o cinema tem o poder de aumentar - não só em tamanho, mas em valorizar cada cena - e em Lanterna Verde não houve essa simbiose.
Na ilógica trama, o herói é apresentado como o melhor piloto de provas da Ferris Aeronáutica,  que desafia a todo instante seus medos - tema central do filme - mas a memória do pai, morto em um acidente durante um teste, é a barreira entre Hal e o que ele pode se tornar, o homem que pode ser. O problema é que isso é trabalhado com mão extremamente pesada pelo roteiro, além de ser repetitivo e chato.
Os conflitos de Hal ficam apenas na superfície sem fazer muito sentido e o diretor Martin Campbell, que deixou claro estar ali pelo tamanho do cheque, não tem qualquer afinidade com a obra original e nada faz como cineasta para mudar isso. Repare que o texto cria as situações de conflito para resolvê-las com falatório. 
Ao invés do super-herói aprender lições sobre amadurecimento e responsabilidade, simplesmente, ouve da ex-namorada, Carol Ferris (Blake Lively), em uma sequência tediosa, o que precisa para seguir adiante. Tudo soa como uma obra de auto-ajuda super-heróica.  Como se não bastasse mastigar o roteiro, a solução para os problemas do herói esverdeado se repete tantas vezes, que chega a subestimar a inteligência do espectador. A obviedade do discurso menospreza os vastos recursos cinematográfico que poderiam ter sido utilizados, sutilmente, para uma explanação mais orgânica e perspicaz. 
Que vilões adoram explicar seus planos, todo mundo já sabe, mas em Lanterna Verde essa é uma característica geral, ganhando até um narrador para deixar tudo ainda mais claro.

O verde é cor da esperança, e esta é a última que morre. Tomara que não venha sequência por aí.







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