quinta-feira, 28 de julho de 2022

Nos Cinemas - DC LIGA DOS SUPER PETS


Por Rafael Morais

A sinopse de "DC Liga dos Super Pets" dá conta da trajetória de amizade e lealdade entre Krypto (Supercão) e Clark Kent (Superman), amigos inseparáveis que partilham os mesmos superpoderes e lutam em Metropolis lado a lado. E quando toda a Liga da Justiça é raptada, Krypto deve convencer os animais abandonados de um canil a dominarem os seus recém-adquiridos superpoderes e ajudá-lo a salvar os super-heróis em apuros.

E essa premissa se desenrola de maneira ágil em sintonia com o desenvolvimento de seus carismáticos personagens. A trupe formada por uma porquinha (PB), um esquilo (Chip) e uma tartaruga (Mirtes), além de um cachorro (Ace, o Batcão) consegue prender a atenção do espectador ao tempo em que arranca boas risadas através de piadas e gags bem construídas.

Destaque para duas sequências emocionantes: a que abre o longa e um flashback em específico; a primeira, marca o início da linda amizade entre um animal e uma criança. O pequeno Kal-El sendo enviado à Terra pouco antes da iminente destruição de deu planeta natal comove o mais desavisado, sobretudo quando o cachorrinho Krypto salta dos braços de Jor-El para embarcar com o amiguinho rumo ao desconhecido com a missão de protegê-lo. Na outra cena - que promete embargar sua voz e deixar os seus olhos marejados - um recorte do passado de Ace mostra o que aconteceu quando ele vivia no doce lar de uma família e o motivo pelo qual foi colocado à adoção.

Neste sentido, quando os pets expõem seus conflitos e dilemas existenciais, principalmente o amor incondicional pelo ser humano, remete diretamente à saga Toy Story. Aliás, a relação de Krypto e Batcão com os seus respectivos tutores lembra muito a dinâmica de Woody e Buzz. O filme dialoga com ótimas referências e isso é muito bem-vindo. Inclusive chega até a citar um personagem importante da concorrente Marvel.

A direção de Jared Stern, que tem em seu currículo colaborações em vários filmes de comédia e animação, entre eles "Lego Batman", é muito bem concatenada com as ideias do roteiro escrito por ele próprio e John Whittington. Os atos são bem amarrados para extrair o máximo de diversão e emoção do público. A eficiente montagem também auxilia para que os 105 minutos passem voando, literalmente.

Clichês à parte, típicos de um filme de equipe, não empalidecem o acerto na escolha da excelente trilha sonora, que vai de Queen a R.E.M sem pestanejar. A ótima dublagem, a propósito, é a cereja no bolo, ou melhor, o petisco no prato.

Surpreendente na escolha do antagonismo, garanto que você jamais terá visto um filme animado onde a figura do vilão é tão fofa e imprevisível. Criatividade tem de sobra.

Visualmente impecável, o fato é que estamos diante de um dos melhores filmes do gênero de herói deste ano, fácil! A DC/Warner não decepciona nas suas animações à medida que patina no live action. "A Liga dos Super Pets" é sinônimo de muita inventividade, ação, emoção e comédia.

Para o alto e avante...

* Avaliação: 5,0 Pipocas + 4,5 Rapaduras = 9,5.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

On Demand – NÓS

Por Rafael Morais

Durante um fim de semana na praia, em uma casa de veraneio, uma família passa por maus bocados quando se vê cercada por "sósias" ameaçadores. Premissa simples, mas que esconde camadas no desenrolar da trama. "Nós" é o novo trabalho do diretor e roteirista Jordan Peele (do aplaudido "Corra!"). Advindo do Youtube, onde realizava esquetes de humor, o hoje cineasta foi parar na TV com o divertido programa "Kee and Peele", o qual deixo a minha recomendação, desde já.

Repleto de signos, o longa brinca com as expectativas do público a cada cena, subvertendo-as sempre que possível. Não espere por clichês consagrados do gênero, “jump scares” formulaicos e facilitações narrativas. O novel diretor é sofisticado o bastante para criar um estilo próprio, bem seu. E nesta fórmula, ainda há espaço para ótimas referências cinematográficas e da cultura pop, como blusas estampando "Jaws/Tubarão", de Spielberg, e o icônico "Thriller" de Michael Jackson.

A narrativa, com o jeitão Peele de ser, tem no uso da comédia a sua principal característica. Para quem curte o horror clássico, talvez demore a se acostumar com o “terrir”. Falo isso baseado, principalmente, numa sequência em que pais e filhos disputam quem abateu mais inimigos, abrindo até contagem, numa típica piada deslocada. Isso pode tirar o espectador mais hardcore do clima de tensão, do punch e do peso necessário dos acontecimentos. Contudo, por outro lado, atrai um público maior, tornando o terror mais palatável no exagero do alívio cômico.

E por mais que Winston Duke se esforce, no papel do pai de família Gabe, é Lupita Nyong’o quem, definitivamente, rouba a cena na pele da mãe Adelaide. Os trejeitos faciais, a mudança da voz e as expressões corporais da atriz, sobretudo na composição de seu duplo, são sensacionais!

Tecnicamente impecável, a refinada direção de arte é capaz de adornar objetos que se tornarão memoráveis ao simples visualizar do cartaz: as luvas e as tesouras (signo este que significa cortar as convenções/normas), bem como o figurino vermelho (a cor do perigo), em forma de macacão, poderão influenciar cosplays no futuro, anote aí.

A trilha sonora, por sua vez, criada exclusivamente para o filme, não consegue fugir do lugar comum, apelando para violinos distorcidos e batidas desenfreadas, em que pese funcionar bem no crescente estranhamento do público ao descascar as camadas. Já as músicas escolhidas mastigam o que estamos vendo em tela, dando um ar de paródia. Merece destaque, entretanto, o belo jogo de câmeras do cineasta, quando usa e abusa de travellings (giro em 360º) que servem tanto para situar melhor o espectador na geografia da cena, quanto para nos colocar na perspectiva do personagem abordado. A sequência inicial do parque demonstra bem isso.

Assim, esta obra pode ser absorvida como um simples exemplar de horror, em seu primeiro nível. Porém, há espaço para uma leitura sob o ponto de vista psicológico, sobre o terror de não ser único, de ter um duplo me perseguindo, ainda mais numa versão piorada e animalesca de mim mesmo (e a natureza freaky da cópia explicita bem o estado natural - “o homem é o lobo do próprio homem”); sob o viés da repressão e dos padrões sociais, dos quais somos meros ratinhos de laboratório girando em rodas pré-estabelecidas, e quem ousa sair paga o preço; das questões sociais mais emblemáticas (“poucos com muito e muitos com pouco”), traçando paralelos entre as oportunidades e as desigualdades, afinal as sobras alimentam, mas causam rancor; da escancarada crítica ao “american way of life” - e quando perguntam quem são os duplos e o que eles querem, a resposta “somos americanos” entrega demais, tendo em vista que o título “Us” tanto pode traduzir “Nós” para a nossa língua, como significa as iniciais de “United States”, originalmente.

Muito mais audaciosa que “Get Out!”, a película peca exatamente nisso: ao tentar fazer uma obra aberta a várias interpretações, Peele esquece de desenvolver o contexto, chutando o balde para o realismo, como se as metáforas, por si só, fossem suficientes. Desta forma, deslumbrado com a subjetividade, desapegado às amarrações de pontas soltas, o filme, mesmo que interpretado na superficialidade, infelizmente, não funciona como deveria.

Terminada a salada, fica a confusão de juntar tudo isso num liquidificador, bater e servir ao espectador esta pretensiosa combinação. Tá servido?

*Avaliação: 4,0 Pipocas + 3,5 Rapaduras = 7,5.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Dica Netflix - A QUALQUER CUSTO


Por Rafael Morais

Faroeste contemporâneo, um dos indicados ao Oscar de melhor filme de 2017, retrata a empreitada criminosa de dois irmãos, Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster) que, pressionados pela dívida referente à hipoteca da fazenda da família, resolvem assaltar bancos para obter a quantia necessária ao pagamento. Ambientado no interior do Texas, EUA, o plano dos protagonistas consiste em roubar agências bancárias do próprio grupo que está cobrando a hipoteca. Mas o que eles não esperavam era a presença de um delegado veterano, casca grossa (Jeff Bridges), que está prestes a se aposentar.

Baseado nesta premissa, o diretor David Mackenzie estabelece o confronto de seus personagens num ambiente hostil, árido e solar, como um bom western deve ser. E a fotografia de Giles Nuttgens ressalta este aspecto. Porém, mais do que ação, o longa oferece uma leitura social para além dos tiros e perseguições. Aqui, os cavalos são trocados por pick-ups 4x4. Abordar sujeitos “engolidos pelo sistema” que os cerca, sejam eles heróis, anti-heróis ou vilões, traz humanidade ao enredo, além de descobrir um pano de fundo significante às motivações de cada um. Se os irmãos estão passando por um drama familiar, financeiro e social, o velho xerife Marcus já apresenta sinais de cansaço – aplauso para a bela atuação de Bridges baseada em fortes expressões corporais e dicção peculiar – e o seu parceiro, descendente de índios, que constantemente demonstra revolta com a história de massacre vivida pelos seus antecedentes.

Não menos especial, a excepcional trilha sonora composta por Nick Cave e Warren Ellis traduz o cenário com acordes que remetem a uma espécie de country melancólico. O que não poderia ser diferente, já que a miséria estampada no filme apresenta o interior dos Estados Unidos bem diferente do glamour pelo qual o público médio está acostumado, sendo facilmente percebido por casas abandonadas, bem como diversos outdoors que oferecem empréstimos fáceis espalhados por todos os lados.

Até o figurino dialoga com a proposta, já que os cowboys aqui passam longe de se vestirem com roupas limpas, cabelos penteados, ou alguma convenção do gênero. A desconstrução do ideal, do sonho americano, é sentida em cada frame. Neste sentido, a obra se comunica com a filmografia dos Irmãos Coen, sobretudo pelos diálogos afiados. Repare na cena em que Toby conversa com Marcus e a tensão é instalada lentamente, lembrando algumas sequências de “Onde Os Fracos Não Têm Vez” e “Bravura Indômita”, por exemplo.

Assim, “A Qualquer Custo” poderia cair no limbo das produções triviais/genéricas, se não fosse pela sutileza perceptiva de uma direção que sabe pôr em prática um script inteligente, oferecendo camadas a mais na interpretação da obra – ponto para a entrega do ótimo elenco. E sim, valeu a indicação à “carequinha dourada”!  

*avaliação: 5,0 pipocas + 5,0 rapaduras = 10

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Nos Cinemas - O TELEFONE PRETO


Por Rafael Morais

Baseado no conto de Joe Hill (filho de Stephen King) "O Telefone Preto" é dirigido e roteirizado por Scott Derrickson (reeditando a parceria de "A Entidade" com Ethan Hank).

A sinopse dá conta de Finney Shaw (Mason Thames): um tímido, mas esperto, adolescente de 13 anos, que é raptado por um sádico assassino (protagonizado por Ethan Hawke) que o enclausura num cativeiro à prova de som, onde gritar não vai resolver nada. Quando um telefone desligado começa a tocar, Finney descobre que consegue ouvir as vozes das vítimas anteriores do psicopata. E elas estão decididas a assegurar que o que lhes aconteceu não aconteça a ele.

E para nos contar essa história, o roteiro capricha no primeiro ato quando apresenta os personagens. A criação de laços fraternos entre Finney e sua irmã Gwen (a surpreendente Madeleine McGraw) é o sustentáculo necessário para que o espectador torça e se importe com a carismática dupla até o final. Neste sentido, tanto o elenco infantil quanto o adulto estão afiados, com destaque claro para o núcleo escolar que soa documental tamanha a verossimilhança entregue nas atuações.

A propósito, o pano de fundo com a temática do bullying me fez crer que o longa tomaria caminhos diferentes e se aprofundaria nesse quesito. Mas não. Ficou na superficialidade. Assim como a utilização do aspecto sobrenatural, mal explorado aqui, que começa no mistério envolvendo a mãe de Finney e Gwen, porém, o script não vai adiante com isso. O que é uma pena. No entanto, no pouco que abordou o lado imaterial, me remeteu à fitas como “A Espinha do Diabo”, de Guilhermo Del Toro, por exemplo.

Na verdade, o filme se vende como um terror, mas é um suspense psicológico bem atmosférico que flerta com o horror. É uma obra que não se decide por onde quer transitar sempre permanecendo no meio termo. Os jumps scares bem realizados estão lá, mas em contrapartida o gore é poupado talvez no intuito de alcançar um público mais abrangente. Falta coragem.

É uma pena, inclusive, que Ethan Hawke tenha tão pouco tempo de tela e desenvolvimento de seu vilão. Ficam muitas coisas nas entrelinhas e isso não é salutar. Será que a ideia é desenvolver o “The Grabber” em um spin off?! Vindo da Blumhouse, ultimamente, não duvido nada a forçação para criação de uma franquia.

O fato é que o tom onírico empregado em certos momentos rivaliza com a realidade e deixa a película mais conceitual do que propriamente dona de uma identidade própria. Observe, por exemplo, no uso das máscaras por parte do serial killer. Alegoria interessante para um filme do gênero, mas que jamais acrescenta à narrativa. É a busca ansiosa de tentar conceber um ícone pelo visual característico antes mesmo de engrandecê-lo. O que vejo como um grande equívoco, pois é notória a confusão entre algo ser misterioso e ser mal desenvolvido.

Por fim, entre erros (precária progressão dos personagens e ficando no meio do caminho com relação ao estilo que quer adotar) e acertos (excelente elenco e ótima ambientação); torço para que cortem a linha de “O Telefone Preto” e ele não toque mais.

* Avaliação: 3,5 Pipocas + 2,0 Rapaduras = 5,5.

terça-feira, 12 de julho de 2022

Dica Amazon Prime Video – CORRA!


Por Rafael Morais

Quando Rose, (a surpreendente Allison Williams) uma mulher caucasiana que resolve levar o seu namorado negro, Chris, para conhecer a família num final de semana em uma casa de campo - e não estou me referindo à sinopse de "Entrando Numa Fria", apesar de o protagonista estar, de fato, enrascado - temos a premissa, aparentemente rasa, de "Corra!".

Nesse contexto, o Chris vivido pelo carismático ator Daniel Kaluuya (“Black Mirror” e “Sicario: Terra de Ninguém”) é um sujeito atormentado por um trauma do passado, o qual descobriremos aos poucos durante esta maldita estadia. Perturbação esta que faz diversas rimas visuais no decorrer da projeção, indo desde um incidente que ocorre durante a viagem do protagonista à fazenda, até a conclusão da obra. Logo, é bem verdade que o filme fala sobre traumas, de diversos tipos. Neste ponto, aplausos para a magnífica direção de arte que insere os elementos/objetos de cena capazes de situar o espectador naquele inquietante universo.

Repleto de suspense, horror psicológico e muito humor, com pitadas de gore na medida, "Corra!" reserva um plot twist (reviravolta) digno das fitas de Shyamalan - por isso não me estenderei tanto nos comentários para evitar o temível spoiler - lembrando também cineastas do porte de Hitchcok e Tarantino. Isso poderia até ser um exagero de minha parte se não fossem as decisões de Jordan Peele nos enquadramentos de câmera, na condução do suspense, nas escolhas das músicas, trilha sonora (o violino distorcido está lá), figurino e no uso da violência gráfica, bem como no contraste da paleta de cores, tudo representado pelo magistral plano-sequência no prólogo.

Desta forma, Peele - comediante por excelência e cineasta iniciante - deita e rola na utilização do humor como artifício para relaxar o público e pegá-lo de surpresa, “de calças curtas”, em momentos pontuais. Aliás, o personagem Rod (Lil Rel Howery), amigo de Chris, reserva as melhores cenas de comédia da projeção, sendo, verdadeiramente, um alívio cômico. Os diálogos humorísticos, por sinal, são muito bem escritos por Peele, também roteirista. Tanto é assim, que ao invés de nos tirar do crescente clima de tensão, o humor traz uma ferramenta de linguagem apropriada à história, explorando a origem histórica das encenações, na qual a tragédia e a comédia andam lado a lado. Portanto, seria cômico, se não fosse trágico, o misterioso objetivo da família na visita de Chris, a vítima da vez. Igualmente interessante, o elenco se sobressai com atuações críveis e expressões marcantes, que vão do blasé ao ódio num piscar de olhos, literalmente.

No entanto, para não dizer que é perfeita, a película peca na rapidez e facilidade com que o conflito final é resolvido, dando a impressão que o segundo ato comprimiu o desfecho, tamanha a pressa em resolver o problema apresentado.

Lembrando obras como “A Chave Mestra” e “O Albergue”, aqui e acolá, este “Get Out” vai além quando o quesito é o enredo/pano de fundo, pois, muito mais do que falar sobre hipnose ou explorar o sadismo através do torture porn, o filme aborda a alienação humana, num discurso social, frente ao diferente, comentando o preconceito racial disparado em cada gesto ou frase, mesmo que não direto, quase sempre indireto, machucando a vítima com a mesma intensidade. Desde já, um dos melhores filmes de 2017. Então, CORRA para streaming!

*Avaliação: 5,0 pipocas + 4,5 rapaduras = nota 9,5.   

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Com Spoilers - OS OITO ODIADOS


Por Rafael Morais

O oitavo filme de Quentin Tarantino pode carregar em seu título uma metáfora: os "8 odiados", em questão, poderia ser, além da óbvia indicação numérica dos protagonistas, uma referência à filmografia do cineasta, pelo ponto de vista de seus detratores?! É certo que muitos torcem o nariz para o Cinema de Tarantino, talvez por isso a ironia já no título.

De todo modo, a trama da vez gira em torno de uma diligência, ambientada após a guerra civil americana, onde o carrasco John Ruth (Kurt Russel) se incumbe de levar a prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) à cidade de Red Rock, local em que será julgada e condenada à forca em decorrência de seus crimes cometidos. Mas no caminho, em meio a uma forte nevasca, os planos de Ruth começam a mudar quando topa com o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson) no seu caminho, um enigmático caçador de recompensas, resolvendo dar carona a este sujeito após um longo diálogo de convencimento. Além de Warren, o aspirante a xerife Chris Mannix (Walton Goggins) também atravessa o destino da carruagem, embarcando naquela inesperada expedição.

Dividido em capítulos, como já é comum em algumas de suas obras, o filme se preocupa em apresentar estes personagens, durante o seu primeiro ato, estabelecendo as suas intenções através da profundidade que os detalhados diálogos oferecem. Assim, é no segundo ato que o conflito ganha forma com a chegada do comboio - fugindo da severa tempestade - no armarinho de Minnie e Sweet Dave. A partir daí, o longa investe num clima claustrofóbico, enfatizado por enquadramentos que remetem ao enclausuramento, uma vez que dentro da cabana conhecemos os demais personagens: o britânico Oswaldo Mobray (Tim Roth imitando claramente Christoph Waltz), o cowboy Joe Gage (Michael Madsen), o mexicano Bob (Demian Bichir), o idoso general confederado Sanford Smithers que lutou contra os rebeldes (Bruce Dern) e o cocheiro O.B Jackson.

Rodado em 70 mm, em câmeras Ultra Panavision, o diretor consegue ampliar a profundidade de campo, explorando ainda mais o universo microcosmo daquele inóspito local. Mérito também para a bela e evocativa fotografia de Robert Richardson, que consegue entregar uma identidade à cabana, com pouca luz, mas aquecida sempre em tons amarelos, dando ênfase em objetos importantes na mise en scène, contrastando com o clima gélido e branco da nevasca lá fora.

Contudo, como não estamos falando de um filme qualquer, Tarantino trata logo de apresentar as suas "armas" e o sangue não demora a jorrar, e em profusão, literalmente. Violência gráfica, sarcasmo, montagem não linear, o perfeito uso de músicas pontualmente inseridas: tudo grita o estilo “tarantinesco”. Identidade visual não falta ao longa, definitivamente. E o uso das cores, neste sentido, faz toda a diferença: como não notar o bule azul, objeto decisivo no roteiro? Como não reparar nos bombons espalhados pelo chão da cabana, pedindo atenção para cores alegres em meio ao caos? Ponto também para a minuciosa direção de arte que capricha no design interior do armazém. Cercado por correntes e ganchos, o ambiente remete não só à relação da prisioneira, mas de todos os personagens ali envolvidos que de certo modo também estão encurralados. Sem contar com a ilustre trilha sonora original composta por ninguém menos que o mestre Ennio Morricone. Compositor acostumado a criar temas para westerns, Morricone foge do clichê e traz uma abordagem com notas de tensão, carregada de suspense, que quando entra em cena toma o filme para si, de tão impactante e icônica. Os prêmios e as indicações conquistadas não são à toa.

Já quanto à interligação dos filmes, o próprio Tarantino já declarou que todos fazem parte do mesmo universo. Será que os doces vendidos no armazém de Minnie têm relação com aqueles mostrados em Django Livre, quando o vilão Calvin Candie (que remete a Candy, doce), vivido por Leonardo Di Caprio, aparece com os dentes podres de tanto consumir estas deliciosas balas?!

O certo é que temática e cronologicamente, esta nova película se passa após as aventuras de Django, já que oficialmente a escravidão já havia acabado, pelo menos no papel. O racismo, tema recorrente, também está presente aqui e em suas diversas formas. Perceba, em um olhar mais apurado, que o longa não se preocupa apenas com o inevitável impasse mexicano - coisa que o diretor já havia feito em "Cães de Aluguel" - e menos ainda com o tiroteio desvairado (Django está aí para isso).

Em "Os 8 Odiados", Tarantino vai além e constrói, alegoricamente, uma visão da sociedade americana baseada na representatividade, incluindo, sobretudo as minorias: uma mulher marcada para morrer, sem direito à defesa e julgada por homens, que a maltratam constantemente; um mexicano, que através da sua mão de obra, participa ativamente da construção do conflito e mesmo amigo dos americanos sempre é o primeiro a ser acusado, podendo ser interpretado como um representante da classe de imigrantes daquele país; o operariado na figura do cocheiro O.B. Jackson, sempre escolhido para os trabalhos mais pesados e difíceis, exposto ao relento do frio e até mesmo quando é "sorteado" o sujeito é escolhido; o negro lutando pela sua igualdade, mesmo que para isso precise se utilizar de mecanismos ilusórios, atraentes aos olhos dos brancos (e a carta que Warren carrega retrata bem isso), como uma forma de se aproximar e ganhar respeito, mesmo trapaceando; um idoso preconceituoso, na figura de um general confederado que já matou inúmeros homens “pelo bem” da nação; o mercenário, caçador de recompensa que já trucidou índios durante a guerra; e um homem da lei, o xerife sem estrela, sem distintivo, apenas na palavra, na persona "inocente" de Mannix.

Sim, estamos diante de uma obra que deve ser apreciada com paciência e detalhismo, até porque possui quase 3 horas de duração. Enfim, demonstrando o domínio habitual às suas narrativas, Tarantino, que também escreveu o roteiro, dar o ar da sua graça em uma participação como sujeito interlocutório, abusando da metalinguagem, ao narrar uma sequência importante à história, tirando o espectador de um foco para outro, jogando com a nossa percepção, ao tempo em que homenageia o mais puro Cinema.

*Avaliação: 4,5 pipocas + 5,0 rapaduras = nota 9,5

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Nos Cinemas - ELVIS


Por Rafael Morais

Da ascensão ao estrelato da lenda do rock Elvis Presley (Austin Butler), a obra retrata o relacionamento complicado do astro com o seu enigmático empresário, Tom Parker (Tom Hanks); figura esta que, surpreendentemente, narrará todo o filme sob a sua perspectiva. E por mais que o empresário se esforce, no início, para afirmar que não é o vilão dessa cinebiografia, todo o desenrolar dos seus atos mostrarão o contrário.

E para apresentar essa história ao grande público, confesso que fiquei desapontado com a montagem escolhida; a edição se torna por vezes confusa tamanho o vaivém dos acontecimentos, sejam eles saltos no futuro (Flashforwards) ou no passado (Flashbacks).

Estranhamente, não há cerimônia aqui em arremessar o espectador em qualquer linha temporal, abruptamente, para só depois tentar situá-lo. É como se o montador não soubesse diferenciar o dinâmico do apressado. Mas essa crítica não vale para as apresentações nos palcos, uma vez que aí sim a montagem sabe cortar, pausar, ir pra frente e pra trás dando o ritmo sonoro à imagem. O problema, curiosamente, é na narrativa dos atos e acontecimentos, com exceção dos números musicais, repito.

Pronto, esse foi o único problema gritante que merece ser pontuado. Vamos para os pontos positivos, que não são poucos.

Tecnicamente, a película guarda em um dos seus triunfos uma mixagem e edição de som irretocáveis. Perceba a captação de todos os sons ambientes, sobretudo quando as canções são reproduzidas. Até as reações sonoras da plateia (estridentes e exageradas, como realmente eram) são absorvidas com precisão. Sem esquecer a caprichada maquiagem, cabelo e figurino. Não consigo perceber muito bem esses aspectos, geralmente, mas aqui é impossível não reparar. O filme ganha contornos épicos justamente nos detalhes. Aplausos também para o esmero da direção de arte: fantástica na ambientação e recriação.

Neste contexto, a relação do fanatismo e a criação de um mito na figura de Elvis Presley passa a ser objeto de estudo do diretor Baz Luhrmann. Observe que, lá para as tantas, com Elvis já aclamado pela crítica e, sobretudo pelo público, a câmera o enquadra durante um show, quando ele desce para cumprimentar calorosamente de perto as suas fãs, olhando a sua amada Priscila Presley de cima pra baixo, que já não o reconhece mais àquela altura. Acuada na ponta do sofá, a esposa sabia que a partir dali ela perderia o homem para o mito.

Ainda neste estudo de personagem, desde o primeiro ato somos apresentados às referências musicais a partir da infância de Elvis. Não menos espetacular, a expressão do cenário fonográfico do estilo musical e cultural Black e Gospel, da época, é bem representado e mostra como influenciou o artista. Os cultos religiosos e a descoberta da música, entrelaçados, dão uma conotação mística a Elvis, mas que logo ele mesmo vai desmistificar quando diz que o seu legado é cantar, alegrar e motivar as pessoas através do canto.

Assim, um dos méritos desse longa é reconhecer o poder da atemporalidade do protagonista e não ter medo de apostar nisso. Perceba o anacronismo de inserir Eminem na trilha sonora. Isso revela como a cultura pop, de maneira geral, ainda reverencia o cantor e só reforça aquela famosa frase: "Elvis não morreu!"

Dono de um terceiro ato arrebatador, o filme convida o público a sentir a exaustão, quase como um exercício de empatia ou de testemunha, no mínimo, quando nos encarcera junto ao herói nos seus últimos meses de vida preso em um contrato com um grande Hotel de Las Vegas, o qual lhe sugava a alma, o tempo e a saúde. É angustiante e exaustivo acompanhar um artista enclausurado, e talvez isso justifique a duração de 2h e 49m, acentuando a sensação de esgotamento físico e mental. E aqui não utilizo a palavra herói como um sinônimo de protagonista, mas sim porque o próprio assim se reconhecia; o seu poder: cantar e encantar.

E mesmo diante da ambição e da ganância de quem os cercava, incluindo familiares, Elvis Presley sabia que era a "galinha de ouro" de muitos que dependiam dele. Talvez por isso, jamais deixou de ser profissional em seus derradeiros momentos. Até porque precisava do show business, do money, para manter o seu alto padrão de vida, bem como porque amava estar nos palcos. O público ia ao delírio e isso alimentava o ego e o espírito do artista. Performático ao extremo, o cara simplesmente deixava tudo de si em cada apresentação. O suor corria em profusão de seu rosto corroborando com a metáfora do "dinheiro suado".

E para interpretar essa figura icônica, o ator Austin Butler simplesmente encarna o personagem. Não é uma simples emulação. Impressionante a força e a emoção de sua atuação, principalmente do meio do segundo ato até o final. O drama pede passagem ao glamour fazendo com que o jovem ator entre de cabeça na imersão, ao ponto de nos fazer duvidar, em algumas cenas, se o que estávamos assistindo era um recorte de vídeos verdadeiros de Presley ou era Butler atuando. Simplesmente não dá para distinguir.

Por fim, "Elvis", de Baz Luhrmann, é a sinergia perfeita entre um cineasta que entende o legado de um ícone e a performance poderosa de Austin Butler.

* Avaliação: 4,5 Pipocas + 4,5 Rapaduras = 9.0.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Nos Cinemas - THOR: AMOR E TROVÃO

Por Rafael Morais

Neste novo episódio da saga “solo” do deus do trovão, encontramos Thor (Chris Hemsworth) em uma jornada diferente de tudo que ele já enfrentou. Em meio a uma crise existencial, onde a busca pela paz interior é a sua meta, o herói precisa interromper o seu período sabático após o assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale, formidável como sempre) buscar incessantemente a extinção dos deuses.

Para combater esta ameaça, Thor pede a ajuda de Valquíria (Tessa Thompson), Korg e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman), que – para sua surpresa – inexplicavelmente empunha o Mjolnir com bastante propriedade, revelando-se a Poderosa Thor. Juntos, eles embarcam em uma aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança de Gorr e detê-lo antes que seja tarde demais.

Essa é a sinopse de “Thor: Amor e Trovão”. E não se espante, o filme não reserva muita coisa além disso no quesito enredo. E olhe que não dei nenhum spoiler aqui. Tudo isso está nos trailers. Não há grandes reviravoltas, desenvolvimentos ou intrigas. Com exceção da importância, merecida, dada à personagem de Natalie Portman (eu mesmo já reclamava disso lá em 2011).

Taika Waititi, que continua na direção e roteiro, usa a "carta branca" de Kevin Feige para entregar o filme de comédia definitivo do universo cinematográfico da Marvel. O timing cômico do idealizador é perceptível em cada cena. As piadas se acumulam de maneira ininterrupta dando ritmo ao longa e fincando os dois pés no gênero. Quase não sobra espaço para o habitual momento dramático, muito menos para o público respirar diante de tanta cor, luzes e gags...muitas gags visuais e verborrágicas! Confesso que me diverti muito com a maioria esmagadora das piadas, enquanto que outras vão se tornando repetitivas, mas não menos engraçadas. O tom de autoparódia e galhofa fica no ar e isso pode desapontar bastante boa parte do público.

Assim, o ponto alto mesmo fica por conta de Christian Bale, que se desdobra para apresentar um vilão minimamente em tom de cinza, uma vez que o fio de história não o ajuda. O conhecido antimaniqueísmo da Marvel em seus filmes, na apresentação do antagonista, continua em "Love and Thunder", mesmo que por vezes pareça forçado. 

Gorr merecia um pouco mais de tempo de tela, é bem verdade. Mas fica aquela questão: é obrigatório o vilão ter sempre motivos moralmente inquestionáveis? Sinto falta de ver no Cinema blockbuster atual aquele tipo malvado por natureza que não terá redenção, não adianta tentar sensibilizá-lo, sobretudo quando o filme flerta com a época oitentista - o que é o caso - através de diversas referências, mas sem jamais se entregar a ela quando o assunto é a vilania e o âmago da sua intenção.

Ainda sobre o antagonismo, interessante perceber que o roteiro diminui tanto a mitologia das divindades, equiparando-a rente ao chão - através de quebra de expectativa e sátiras o tempo todo - que o objetivo do “Carniceiro dos Deuses”, como o Gorr é conhecido, acaba se esvaindo na própria ideia. A sensação que fica é a seguinte: “Ok, vilão, pode matar todos esses deuses aí que mais parecem cópias jocosas de si mesmos, não me importo”. Observe que esse conceito é um “tiro no pé” nas pretensões dos conflitos e no senso de perigo/urgência. O público não se importar com o desfecho dos personagens pode ser um grande problema em um filme de super-heróis.

Entretanto, quando o assunto é quesito técnico, a saturação da paleta e do humor representa o conceito que Waititi imagina para esse universo. É o extremo oposto do sombrio e realista. Há inventividade, coração e química entre as personas que já se conhecem há bastante tempo. Isso é inegável. No entanto, não há nada de impactante ou muito relevante aqui. É a típica sequência hollywoodiana onde a fórmula do antecessor é repisada e elevada à enésima potência, à exaustão.

Neste sentido, observe que enquanto em "Ragnarok" imperava o Immigrant Song de Led Zeppelin para inebriar o público nas cenas de ação, um videoclipe perfeito, neste novo capítulo o heavy metal do Guns N' Roses tem a mesma função, com exceção que agora quase um álbum inteiro é utilizado, um verdadeiro tributo. A trilha sonora de Michael Giacchino é quase imperceptível tamanha a inserção de músicas conhecidas e licenciadas para a produção.

Infelizmente, fica a impressão que o Marvel Studios possa estar enfrentando alguma crise de ideias, como se estivesse perdido desde a conclusão da inesquecível “Saga do Infinito”.

E se Martin Scorsese comparou os filmes de heróis com um parque de diversões, que venha a próxima montanha-russa de altos e baixos. O problema são os efeitos de rodar tanto e sempre nos mesmos brinquedos. Só espero não chegar ao ponto de passar mal e enjoar.

* Avaliação: 4,0 Pipocas + 2,0 Rapaduras = 6,0.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Dica Disney Plus - THOR: RAGNAROK

Por Rafael Morais

*resenha escrita em outubro de 2017

Um filme de comédia, que respeita todas as convenções do gênero, pontuado pelo som pauleira de Led Zeppelin (“Immigrant Song” cai como uma luva) nas principais cenas de ação, tudo isso contando com a presença da estonteante Cate Blanchet. Sem querer minimizar a nova produção do Marvel Studios, este resumo retrata bem a película, mas isso não quer dizer que foi uma experiência ruim. Longe disso.

A aventura da vez foca no iminente Ragnarok (apocalipse) de Asgard, enquanto Thor (Chris Hemsworth, cada vez mais à vontade no personagem) está preso do outro lado do universo, no distante planeta Sakar. Assim, o herói precisa correr contra o tempo para voltar à sua terra natal e tentar impedir o pior. Contudo, a tarefa não vai ser fácil, tendo em vista que a incumbência de destruir aquele mundo repousa nas mãos da poderosa e implacável vilã Hela (a linda e talentosa Cate Blanchett).

Baseado nesta premissa simples, o roteiro deita e rola nas piadas, sem se preocupar em aprofundar as relações, muito menos dramatizá-las. Tudo funciona a favor da diversão, embora esteja tratando, simultaneamente, da extinção de um planeta. Mas isso não incomoda, já que o tom da filmografia da Marvel nunca foi sério ou sombrio, com a exceção da trama de espionagem imprimida em “Capitão América 2: O Soldado Invernal”. Desta vez, o público não pode alegar que foi enganado pela campanha de divulgação. Cartazes extremamente coloridos, trailers bem humorados e a contratação de Taika Waititi para direção: o resultado não poderia ser outro, foi entregue justamente o que se esperava.

Tecnicamente regular, o CGI (computação gráfica), em alguns momentos, não traz verossimilhança aos cenários, sendo quase palpável o chroma key (tela verde para projeção de efeitos) por detrás dos personagens. O capricho visual ficou mesmo por conta do esperado embate entre Thor e Hulk (Mark Ruffalo) na arena de gladiadores. Impecável! Os monstros gigantes também tiveram atenção especial dos efeitos digitais.

A fotografia, por sua vez, parece pouco inspiradora, em que pese o 3D entender bem a profundidade de campo e oferecer perspectivas interessantes, seja na ação ou na própria ambientação, afinal de contas estamos conhecendo o novel universo de Sakar. Destaque para a vasta e saturada paleta de cores nem explorada pela película - transformando-a em um arco-íris - totalmente inspirada nos traços marcantes das HQ’s do aclamado Jack Kirby, segundo especialistas na matéria.

Desta forma, se por um lado “Thor: Ragnarok” acerta na apresentação de novos personagens, como o divertido Korg (expressão corporal captada pelo próprio Waititi); a jornada de redenção da Valquíria interpretada pela ótima Tessa Thompson; o Skurge/Executor de Karl Urban acaba mais interessante do que começou; sem esquecer o divertido Grão-Mestre na pele do experiente Jeff Goldblum; por outro, o mesmo não podemos dizer sobre o desenvolvimento daqueles que já conhecemos: o Loki, que já foi vilão dos Vingadores, não oferece mais ameaça alguma; o Thor parece um humorista, sugerindo que talvez possa vir a ser o alívio cômico do supergrupo; Heimdall, como sempre, desperdiça o talento de seu intérprete, Idris Elba. Já o Hulk “chutou o balde” para o seu dilema existencial, restando apenas um gigante bobo dentro do excêntrico cientista Banner. Mas há uma química entre todos eles, isso não se pode negar.

Ao final, Waititi entrega uma típica obra da Disney/Marvel, dentro da zona de conforto, sem jamais se arriscar, mas que promete agradar a todos os níveis de público. E que venha a saga “Guerra Infinita”...

 *Avaliação: 4,5 pipocas + 3,0 rapaduras = nota 7,5.