quinta-feira, 1 de maio de 2025

NOS CINEMAS - Thunderbolts

 

Por Rafael Morais

'Thunderbolts' é mais uma tentativa do Marvel Studios de emplacar um grupo low profile (pra não dizer B) no gap deixado pelos 'Avengers'.

O pedágio continua lá: para ter uma experiência completa é importante consumir, previamente, a tudo que foi lançado, incluindo as séries. E isso parece continuar fazendo sentido somente na cabeça de Kevin Feige. Pena (ou graças a Deus) que larguei faz tempo e nem o último Capitão América consegui assistir, o do Hulk vermelho lá. Desinteresse mesmo. 

No filme da vez, um grupo de anti-heróis é pego em uma armadilha mortal e forçado a trabalhar juntos em uma missão perigosa. Premissa preguiçosa que se arrasta com uma sucessão de clichês. Dirigido pelo não inspirado Jake Schereier, o longa tem o seu melhor momento no terceiro ato quando desvenda o vilão interpretado por Lewis Pullman. Bob/Void/Sentinela eleva à enésima potência a máxima de Nietzsche: "Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." O sentido figurado dessa encarada ao nosso lado mais obscuro - onde vivem os medos, os ressentimentos e a culpa - é o ponto alto do roteiro.

Interessante, portanto, como a Marvel conseguiu levantar temas sensíveis como a depressão profunda, a solidão, o luto e o propósito. Emocionante, o desfecho representa um sopro de altruísmo e união de um grupo desacreditado para salvar o outro, e a si próprio, dos seus piores pesadelos. Destaque para Florence Pugh, que entrega ação e emoção aos socos e entre olhares compassivos, respectivamente.

Por fim, é lamentável que apenas 30 minutos, de 126, tenha alguma relevância narrativa. O terceiro ato mostra que o apego aos Vingadores não deveria ser uma constante. Isso empalidece a nova proposta apresentada. A sensação de não estar vendo algo fechado e único é enfadonha. São tantas promessas, criação de expectativas (hype) e tantos personagens! Que tal desenvolvê-los melhor antes de apenas arremessá-los em tela?!

As sombras (e as sobras) de Homem de Ferro, Capitão América e sua trupe não deveriam pautar o UCM. Essa dependência traz um tom episódico a cada obra lançada. A sanha pelas famigeradas cenas pós-créditos já virou uma marca da ansiedade de um público que está mais interessado sempre no que estar por vir e nunca naquilo que está bem à sua frente. E já sabemos: ansiedade demais, em tempos de cólera, gera depressão, que gera um vácuo...cuidado! Mais autocuidado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário