quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Aniversariantes Memoráveis - 11 anos de A ÁRVORE DA VIDA

Malick entrega um filme que não deve ser entendido, mas, acima de tudo, sentido, contemplado.

Por Rafael Morais

Inicialmente, devo concordar que não é tarefa das mais fáceis assistir “A Árvore da Vida”. Por vários motivos. Não que o filme seja ruim, longe disso. A questão é que se trata de uma obra cinematográfica de narrativa não-linear, sob um roteiro forjado no estúdio de montagem, com quase três horas de duração.  Contudo, surpreendentemente, essa fórmula me conquistou. Comprei a ideia.

Os destaques ficam por conta da excelente atuação do elenco, a fotografia sublime do premiado Emmanuel Lubezki - em vários trechos, parece que estamos assistindo a uma exposição de obras de arte em movimento - que dialoga com a linda música de Alexandre Desplat, além de uma edição e mixagem de som impecáveis. Admito que o resultado disso tudo é fantástico! Uma verdadeira experiência que nos incursiona aos questionamentos mais intimistas que um ser humano pode ter.   

No longa, o obstáculo e o conflito, sugerido pelo excêntrico cineasta Terrence Malick, é a autoridade do pai. "Por que ele nos machuca, o nosso pai?", pergunta o jovem Jack (Hunter McCracken), o mais velho entre três irmãos de uma família texana. Talvez seja o luto pelo familiar perdido, talvez seja o rancor por não ter seguido sua vocação, mas o fato é que a educação intransigente do pai, somado à sua formação militar rígida (Brad Pitt) desfalca o primogênito até à vida adulta (quando Jack reaparece interpretado por um Sean Penn alheio aos dias de hoje).   

A culpa não é do personagem de Pitt e também não é culpa da rigidez com que se criavam filhos na década de 50. Em “A Árvore da Vida”, o próprio conceito de paternidade pressupõe o castigo. A religião e a busca por Deus são temáticas persistentes, de ponta a ponta, da epígrafe à resolução, passando por uma trilha sonora clássica. Nesse sentido, observamos como o ser humano tenta sempre obter todas as respostas em um ser superior.

Ao longo de 139 minutos, o filme nos sugere que podemos viver o lado da graça e o da natureza, complementarmente, mensagem passada de maneira subliminar através de explosões de supernovasbig bang, contemplação do universo e uma pitada de psicodelia. Enfim, trata-se de uma proposta diferente, de puro encantamento sensorial. Apenas sinta-o!

*Avaliação: 3,5 Pipocas + 5,0 Rapaduras = 8,5.


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