Por Rafael Morais
Reza a lenda que toda continuação de filme blockbuster deve ser mais megalomaníaca que o seu antecessor. E “Sonic 2” segue isso à risca! Aproveitar o que deu certo no primeiro e apresentar novos personagens com um final grandioso do nível “vamos salvar a Terra” é a fórmula para o sucesso com a criançada. Mas, felizmente, essa nova aventura do “ouriço azul” vai além do algoritmo e funciona também com o público adulto em dois segmentos: a emoção e a comédia.
A história traz de volta o Dr. Robotnik (Jim Carrey leve, over, livre e solto como a gente gosta) à procura de uma esmeralda mística que tem o poder de destruir civilizações. Para detê-lo, Sonic se une à raposinha Tails e parte em uma jornada para encontrar a joia antes que ela caia em mãos erradas.
Premissa básica, roteiro bem estruturado no arco do herói, inclusive com direito a várias referências ao universo dos quadrinhos - uma sátira ao mundo sombrio do Batman não poderia faltar - enfim, tudo redondinho. Até uma singela homenagem a “Curtindo a Vida Adoidado” teve. Quem pegou o easter egg?! É impressionante como John Hughes ainda mexe com o nosso imaginário. O adolescente, ou pré, dos anos 80 e 90 adormecido em cada um de nós ainda vive.
Por sua vez, o diretor Jeff Fowler e os roteiristas Patrick Casey e Josh Miller entendem que estão diante de um protagonista que os gamers old school já o conhecem há mais de 30 anos, quando ligaram o Mega Drive e se deliciaram com a clássica apresentação: SEGAAAAAAA. Foi amor à primeira corrida!
Deste modo, apresentar esse personagem à nova audiência é essencial para o seu legado. O que auxiliou o Cinema, neste caso, foi o fato de que o Sonic não desapareceu da indústria dos videogames. Volta e meia tem um joguinho novo, ou uma remasterização, que nos puxa pela nostalgia.
E por falar nisso...o filme sabe “apertar os botões” do espectador e desbloquear as melhores memórias. O fan service é bem realizado aqui. As clássicas músicas-tema dos games estão inseridas no longa-metragem de forma inteligente; o visual de Sonic, Tales e do Knuckles são fidelíssimos; até alguns designs de fases estão lá, como as traumáticas sequências embaixo d’água (faltou só inserir a musiquinha cronometrada que mastigava meu juízo, na época). Assim, esta continuação em live-action dá aula ao adaptar um game de tamanha importância e tão querido pela comunidade.
Mas foi na emoção e na comédia que o filme me ganhou. A obra tem coração e não faz questão de esconder. Temas como amizade e família são abordados de maneira tocante. Destaque para o segundo ato totalmente voltado ao humor. Surpreendentemente, o filme se desvencilha do tom de ação/aventura e parte para uma comédia genuína. Gags visuais, piadas literais e muito humor físico prometem arrancar gargalhadas até do sujeito mais sisudo. Funcionou demais, sobretudo a participação da comediante Natasha Rothwell (Rachel) no elenco. A sequência do casamento até o seu desfecho, então...Timing preciso, risos garantidos!
Por fim, "Sonic 2" é um típico “pipocão” digno de levar a família aos cinemas. Diversão certa com um plus a mais para os que curtiram as Sessões da Tarde, as videolocadoras e arriscavam controlar um tal bichinho azul veloz e descolado que rolava pra cima e pra baixo no intuito de concorrer com um tal encanador italiano da Nintendo.
*Avaliação: 5,0 pipocas + 2,5 rapaduras = 7,5