quinta-feira, 31 de março de 2022

Nos Cinemas - MORBIUS


Por Rafael Morais

Sabe aquela produção genérica sem propósito de existir? Sabe quando você termina uma sessão de cinema e sai impassível, sem sentir absolutamente nada do que lhe foi estimulado? Se é que tentaram lhe estimular. Pois, assim é "Morbius": a nova tentativa frustrada da Sony de contar uma história, minimamente interessante, sobre um personagem do universo Marvel. 

A fórmula de "Venom" está lá intacta. A estrutura é a mesma: 
Surfar na onda do sucesso do Homem-Aranha em parceria com o Marvel Studios/Disney (check);
Apresentar um vilão, com tendências para ser anti-herói ou até mesmo com atos heroicos, envolto num roteiro vazio (check);
Escalar um ator de peso para ser o protagonista (check); 

E o resultado é um longa, com cara de curta-metragem, que grita o seu objetivo de ser caça-níquel. O que dizer daquelas cenas pós-créditos desconexas?! A superficialidade do argumento então é algo que assusta mais do que a careta do vampiro em transformação. Não há profundidade aqui. O script se apega aos arquétipos e se satisfaz. 

O fio de história narra a trajetória do Dr. Michael Morbius em busca de uma cura pra sua grave doença. No processo, enquanto faz experimentos com o seu sangue misturado ao de um morcego, o médico se transforma no "temível" vampirão sanguinário. 

Confesso que o desastre só não é completo porque sempre dá pra se aproveitar alguma coisa de um filme. No caso aqui, gostei do visual do anti-herói depois da metamorfose, do jogo de sombras, das cenas que o terror pedia passagem e até dos efeitos visuais, duramente criticados. Senti que ali havia um potencial para ser uma obra de terror mediana, no mínimo. 

No entanto, para ser uma película de origem bem realizada faltou muito mais. O cineasta Daniel Espinosa até tenta, mas se perde em qual história quer contar, se é que ele tem uma em mãos, e o filme se torna vazio, praticamente sem conflitos. É tudo muito apressado. A resolução, bem como quase todo o terceiro ato, é o mais puro anticlímax do tipo que quando acaba você se pergunta abrindo os braços: "É isso? Por que? Pra que fazer isso?". 

Outro questionamento que fica é o seguinte: Jared Leto não lê o roteiro antes de assinar o contrato ou ele tá só precisando pagar uns boletos mesmo?! É surreal como o ator (já vencedor de Oscar), de uns tempos pra cá, só tem entrado em projeto "suicida", com o perdão do trocadilho. Não deu pro Palhaço pimp e nem pro Drácula anêmico/tuberculoso. 

Diante de tudo, entre mortos, feridos, sugados e drenados eu escapei do tedioso Morbius a custa de algumas piscadas de 10 segundos (sim, cochilei por duas ou três vezes, mas foi rápido porque o som da sala IMAX me acordou). Quem dera eu tivesse dormido o filme todo, quem dera... 

*Avaliação: 2,0 Pipocas + 2,0 Rapaduras = nota 4,0.

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