Malick entrega um filme que não deve ser entendido, mas, acima de tudo, sentido, contemplado.
Rafael Morais
08 de março de 2012.
Inicialmente, devo concordar que não é tarefa das mais fáceis assistir A Árvore da Vida. Por vários motivos. Não que o filme seja ruim, mas, sim, por tratar-se de uma obra cinematográfica de narrativa não-linear, sob um roteiro forjado no estúdio de montagem, e, ainda, ter quase três horas de duração.
Contudo, surpreendentemente, essa fórmula me conquistou. Comprei a ideia. Também, com uma excelente atuação do elenco, uma fotografia impecável (em vários trechos, parece que estamos assistindo a uma exposição de obras de arte em movimento) e uma edição e mixagem de som impecáveis, admito que o resultado é fantástico, uma verdadeira experiência que nos incursiona aos questionamentos mais intimistas que um ser humano pode ter.
No longa, o obstáculo e o conflito, sugerido pelo excêntrico cineasta, Terrence Malick, é a autoridade do pai. "Por que ele nos machuca, o nosso pai?", pergunta o jovem Jack ( Hunter McCracken), o mais velho entre três irmãos de uma família texana. Talvez seja o luto pelo familiar perdido, talvez seja o rancor por não ter seguido sua vocação, mas o fato é que a educação intransigente do pai, somado à sua formação militar rígida ( Brad Pitt) desfalca o primogênito até a vida adulta (quando Jack reaparece interpretado por um Sean Penn alheio aos dias de hoje).
Ao longo de 139 minutos, contudo, A Árvore da Vida nos sugere que podemos viver o lado da graça e o da natureza, complementarmente, mensagem passada de maneira subliminar, através de explosões de supernovas, big bang, enfim, trata-se de um filme diferente, contemplativo. Sinta-o!