segunda-feira, 26 de março de 2012

EM CARTAZ: JOHN CARTER - ENTRE DOIS MUNDOS

Definitivamente: Pixel's não salvam filmes.
Por Rafael Morais
26 de março de 2012.

Como não comparar a nova produção da Disney, primeira da Pixar em live-action, com os seres azuis de Pandora? Sem chance. Avatar marcou o seu nome na história do cinema, tanto pelo seu sucesso nas bilheterias (ultrapassou mais de US$2 bilhões em arrecadação), como pelos seus efeitos visuais impecáveis, captados e gerados pela inovadora tecnologia 3D do cineasta James Cameron

Contudo, os filmes que viriam depois, pegando carona no sucesso de Avatar, deveriam ter se preocupado com a única falha do filme-referência, qual seja o previsível e saturado roteiro. Uma pessoa é tirada do seu local de origem e colocada em meio a um povo de cultura completamente diferente. Após um estranhamento inicial, essa pessoa passa a aprender com os estranhos e, consequentemente, toma seu lado quando é necessário lutar para defender aquela cultura. Uma trama que já foi exaustivamente explorada pelo cinema (Dança com lobos, O Último Samurai). Sendo assim, qualquer filme que deseje se utilizar dessa sinopse – que peca em criatividade de conteúdo – precisa apresentar outros elementos que tornem sua narrativa interessante. E John Carter tentou, mas não conseguiu.

Agora entendo o prejuízo astronômico que o o filme vem amargando nas bilheterias internacionais. Os gastos excessivos em efeitos especiais/visuais, demonstram uma insegurança nos personagens de carne e osso, bem como na frágil dinâmica narrativa, advinda de um roteiro insosso e previsível. As cifras são tão assustadoras quanto as criaturas marcianas, chegando em torno de US$ 350 milhões, arrecadando apenas US$ 150 em todo o mundo. Será que o Brasil salva tal desastre, uma vez que o filme estreou bem depois do circuito internacional?

A trama, por seu turno, nos apresenta ao personagem título, um veterano da guerra civil americana que busca uma lendária “caverna de ouro” visando enriquecer e, de alguma maneira, eliminar seus fantasmas do passado. Quando finalmente a encontra, o resultado não sai como planejado, e Carter acaba sendo levado até o planeta Marte, onde a diferença de gravidade lhe confere extrema força e a habilidade de pular grandes distâncias. Lá, o herói se vê metido em outra guerra, uma disputa que ocorre entre as grandes cidades de Helium e Zodanga, cujo resultado pode decidir o destino do planeta.

A própria concepção dos personagens é bastante rasa, não deixando espaço para praticamente ninguém demonstrar um mínimo de "talento tridimensional". Aliás, o casal protagonista (Taylor Kitsch e Lynn Collins) parece ter saído de um filme pornô do escalão B, tamanha é a canastrice na atuação. A troca de olhares excitados são demasiadamente forçados; o figurino da "mocinha", praticamente entrega a "piriguete" marciana. Em diversos momentos, pensei: " É agora que eles se pegam". Enfim, não dá pra entrar no romance do filme. Sendo assim, é possível ver logo de início quem é bom e quem é mal – algo que a própria seleção do elenco não ajuda. 
    
Defeitos a parte, John Carter: Entre Dois Mundos tem ótimas cenas de ação (principalmente as que o protagonista faz uso da gravidade a seu favor) e divertidas pitadas de humor (o cachorro marciano como alívio cômico). Vale lembrar da ótima sequência de guerra em que Carter luta com os seus inimigos, intercalado por belos flashs de memória que revelam o seu triste passado. Sem esquecer do interessante diálogo entre o héroi e o ser supremo, quando falam do equilíbrio imprescindível ao universo.  E, por mais que deseje criar uma franquia lucrativa no cinema (o próprio e interessante final sugere isso), o longa nada mais é do que uma divertida aventura. 


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