segunda-feira, 17 de julho de 2017

NOS CINEMAS - Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Por Rafael Morais
17 de julho de 2017

A parceria entre a Sony Pictures e a Marvel/Disney finalmente saiu e rendeu bons frutos. Este novo filme do teioso tem um tom (além do Holland) leve e despretensioso, sem jamais desmerecer a trama e a importância com o desfecho de seus integrantes. Rejuvenescendo o protagonista para os seus 15 anos, inserido num pano de fundo colegial, a adaptação da vez incorpora todo o universo cinematográfico já estabelecido dos heróis da Marvel, se passando logo após os eventos de "Capitão América: Guerra Civil", onde o Aranha teve uma participação incrível. Aqui, enquanto Peter Parker aguarda mais missões principais de seu "padrinho" Tony Stark, o garoto vai se divertindo com o novo uniforme ultra high tech, ao passo que percorre uma jornada de autoconhecimento e afirmação, digna de um adolescente da sua idade com os poderes que lhes pesam sobre os ombros. A importância do bairro/distrito Queens e das pessoas q convivem com Peter é de extrema relevância nesse contexto, influenciando diretamente nas suas escolhas em momentos decisivos. Ponto para o roteiro que não peca pelo exagero, pieguice ou melodrama. 

Os conflitos do protagonista são sentidos e compreendidos pelo espectador, nos aproximando ainda mais sempre que algum traço de humanidade surge em nosso herói. Assim, a história de “Homecoming” se passa após a invasão alienígena dos Chitauri em “Os Vingadores”, bem como posterior ao enfrentamento da ameaça de Ultron. E isso acaba sendo importante para os objetivos do vilão Abutre (o excelente Michael Keaton). Dotado de complexidade na sua composição, a caricatura passa longe dessa figura vilanesca tendo em vista as motivações do sujeito. Entender os motivos do vilão tal qual o herói é algo digno de aplausos para um script que tenta se desvencilhar do maniqueísmo próprio deste gênero de filme. 

Fantástico no upgrade do traje, a tecnologia alien deixada pós-invasão faz total sentido naquele universo e só acrescenta à ação. Inclusive, tais mecanismos lembram o novo game que está sendo desenvolvido pela Insomniac para o Playstation, tamanha as semelhanças no que diz respeito ao tutorial, ao mapa das missões disponíveis e o conceito em si. Sobre o tom acertado da película – e dessa vez me refiro ao Holland – temos uma atuação segura e convincente do talentoso ator. Desconjuntado, cheio de acnes no rosto e esbanjando vitalidade, Holland “caiu como uma luva” no papel de um dos super-heróis mais querido do grande público. Observe, por exemplo, na sequência em que Peter é confrontado por Toomes/Abutre (ameaça real) e logo após precisa entrar numa festa teen como se nada tivesse acontecido. Sensacionais as performances dele e do Keaton, sempre se reinventando no cinema, apesar de não sair de personas aladas. 

Recheado de referências, o diretor John Watts despeja homenagens ao seu xará John Hughes não só na escancarada menção ao clássico “Curtindo a Vida Adoidado/Ferris Bueller’s Day Off”, como também em toda a ambientação escolar, o que nos remete diretamente a “Clube dos Cinco”, por exemplo. Ainda sobre as escolhas de Watts, interessante notar a opção pela diversidade de etnias no elenco. O Flash, colega de sala de Peter, sempre apareceu loiro e alto nos quadrinhos (galera da HQ, me corrijam se eu estiver errado) e nas outras adaptações para o cinema, aqui um indiano representa o cara. Não só ele: o Ned de Jacob Batalon (havaiano), melhor amigo de Parker; a Liz, Laura Harrier, interesse amoroso, apesar de ser americana é negra; assim como a Michelle da exótica atriz Zendaya. 

Fechando a conta, Michael Giancchino recria uma música-tema baseada na original, mas com cifras que denotam a inovação tecnológica e a limpidez sonora da era digital, sem esquecer os acordes heroicos de um protagonista que está se descobrindo. Desta forma, dotado de bom humor, energia e vivacidade, este Homem-Aranha voltou ao lar de onde nunca deveria ter saído.  

*avaliação: 5 pipocas + 4,5 rapaduras = nota 9,5. 

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