sábado, 11 de agosto de 2012

RAPADURA DE OURO - Psicopata Americano

Uma sátira à sociedade de consumo que vive de aparências. 
Rafael Morais
11 de agosto de 2012.

Patrick Batman Bateman (Christian Bale) é um jovem acima de qualquer suspeita. Bonito, rico, bem vestido e educado, o executivo disfarça, até certo ponto, uma mente doentia que o atormenta. Mas como alguém poderia imaginar que aquela figura "engomadinha" seria um "seria killer" pronto para explodir, se o que importa é a embalagem e não o conteúdo? Como uma sociedade alienada e "viciada", identifica um comportamento estranho, mesmo que ele seja óbvio e notório, se quem o pratica é uma figura bem sucedida que frequenta as altas rodas da high society? Essas são as questões propostas pelo filme baseado no livro homônimo, clássico da literatura estadunidense. 

"Eu tenho todas as características de um ser humano. Mas nenhuma única emoção identificável, exceto ganância e aversão", revela Bateman em uma de suas auto-confissões. Até então o nosso protagonista tenta segurar a máscara que está prestes a cair, travando diálogos internos recheados de humor negro. Aliás, esse tipo de humor, como elemento narrativo, acrescenta sobremaneira à história. Contudo, o filme não escapou da censura imposta pela Motion Picture Association of America - órgão que rege a censura dos filmes por lá - que se invocou com uma cena de ménage à trois do assassino (pra lá de narcisista) com duas prostitutas. Interessante é que tal cena é muito mais engraçada do que picante."Violência pode, mas sexo é inconcebível!"

Não menos recorrente é a obsessão doentia de Bateman em relação ao status de quem o cerca. Perceba que ele passa mal, suando frio, de tamanha inveja que sente dos cartões de visita, um mais bonito e luxuoso que o outro, de seus colegas de trabalho. 

Sim, estamos diante de um típico filme B, com direito a facões, machados, revólveres, serra elétrica e até disparador de pregos, tudo contrastando com o outro lado da mesma moeda: cremes esfoliantes, bronzeamentos artificiais, ternos da alta costura, 1.000 abdominais diários e um apartamento luxuoso onde vive o maníaco. 
Diante desse cenário/realidade, não se sinta culpado se você começar a rir em cenas como a que o jovem e ocioso executivo, despido de remorso, faz um memorável discurso tentando justificar a carreira solo de Phil Collins, enquanto uma pobre mortal aguarda inocentemente no sofá para ser a próxima vítima. A propósito, a trilha sonora é um show à parte. Os hits dos anos 80 ambientam fielmente cada cena, demonstrando a fase walkman. A partir disso, a individualização do homem foi inevitável, pois poderia ouvir o que queria, só pra ele, sem compartilhar, vivendo e interagindo com o seu próprio mundo. Perceba que desde então, tornou-se moda personalizar tudo. As coisas passaram a ter a "cara" do seu dono.
Enfim, Psicopata Americano subverte o ideal do american dream ao dilacerar essa imagem diante do sarcasmo e ironia. 


"Eu assisti com minha mãe, ela estava chorando de tanto rir! Que alívio!" disse Christian Bale.

Comentários
4 Comentários

4 comments:

  1. Muito boa a sua análise do filme, gostei do trocadilho "Batman" Bateman! kkk não sei se chega a ser um filme B, mas com certeza e um filme que não se esquece facilmente, VLW!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Emanuel, a questão do filme B é mais pela utilização de alguns elementos típicos do gênero, e só. Pq o elenco está fantástico e a história é baseada em um best-seller. Valeu pela dica do filme. Abç.

      Excluir
  2. Q LINDOOO, EU AMEI ESSE FILME, UM DOS MELHORES DE PSICOPATAS DE TODOS OS TEMPOS... AMEI CB FOREVER

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente um dos psicopatas mais inesquecíveis da história do cinema.
      Obrigado pelo comentário,Naty.

      Excluir