Por Isa Barretto
Já imaginou um relacionamento onde o parceiro sempre te entende, nunca discorda e está ali para te satisfazer em todos os sentidos? Parece o sonho perfeito, né? Mas e se esse "parceiro" for, na verdade, um programa de inteligência artificial arquitetado para atender aos seus desejos sem questionar? É exatamente essa a premissa de Acompanhante Perfeita (Companion), filme dirigido por Drew Hancock, que mistura ficção científica e terror para entregar uma história surpreendente e inquietante.
O protagonista, Josh (Jack Quaid), tem tudo o que quer em Iris (Sophie Thatcher). Ela é linda, dedicada e incapaz de dizer "não". O detalhe? Ela não tem escolha. É um ser artificial programado para obedecê-lo sem questionar, mesmo quando ele a conduz a ultrapassar limites impensáveis, transformando-a em uma peça de seu próprio jogo manipulador. É a partir desse momento que o filme toma um rumo intenso, revelando não apenas a crueldade de Josh, mas também o quanto essa dinâmica reflete um ciclo de abuso real.
O que torna Acompanhante Perfeita tão envolvente é como a história brinca com a tensão. A direção de Hancock sabe exatamente como segurar o espectador, com uma atmosfera cada vez mais sufocante à medida que Iris começa a perceber que está presa em uma relação doentia. O terror aqui não se apoia em sustos previsíveis, mas na inquietação crescente de que algo está profundamente errado – e na percepção de que essa dinâmica de controle e submissão está mais próxima da nossa realidade do que gostaríamos de admitir.
E aí vem o grande ponto do filme: quando Iris finalmente tem a chance de tomar uma decisão por si mesma, o que a impede?O que a faz continuar presa ao mesmo homem que a explorou e usou para seus próprios interesses? Essa é uma questão brutalmente real. Quantas mulheres, mesmo sem serem controladas por IA, permanecem em relações tóxicas por medo, dependência emocional ou até por acreditarem em um amor que nunca existiu?
Companion entrega um filme que, além de entreter, dá aquele soco no estômago. É sobre controle, submissão e a ilusão do "amor perfeito". E, no final, a maior reflexão fica para o espectador: se alguém pudesse criar um parceiro sob medida, sem vontades próprias, o que isso revelaria sobre sua verdadeira natureza?
Enfim, uma experiência intensa, que vale cada minuto.
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