Mario
(Raphael Rosatto) é um encanador junto com seu irmão Luigi (Manolo Rey) no
Brooklyn – EUA. Um certo dia, eles vão parar, por acidente, no reino dos
cogumelos, governado pela Princesa Peach (Carina Eiras), mas ameaçado por
Bowser (Marcio Dondi), o rei dos Koopas, que faz de tudo para conseguir reinar
e ter o poder supremo. Durante a jornada, os irmãos toparão com figuras como
Toad (Eduardo Drummond) e Donkey Kong (Pedro Azevedo).
Essa
é a sinopse de "Super Mario - O Filme". Nada demais, como se pode
ver. Seria uma sessão da tarde marota se não fosse a execução de tudo isso. A
forma como os diretores Aaron Horvath e Michael Jelenic, sem esquecer do roteirista Matthew Fogel,
conduzem o projeto é o diferencial. O trio pinta e borda, literalmente. Há
esmero em cada detalhe. É perceptível o respeito às origens do icônico protagonista.
Os mais variados gameplays e mecânicas auxiliam à narrativa de modo criativo, orgânico
e revigorante. Rimas visuais e sonoras são cirúrgicas ao despertar memórias
afetivas adormecidas.
Finalmente,
estamos vivendo a era dos acertos nas adaptações de videogames para as telonas
e telinhas. E, felizmente, esse é o caso dessa nova animação “fruto da união”
entre Ilumination Entertainment (“Meu Malvado Favorito”) e a gigante Nintendo. O
rebento é um misto de puro encantamento e nostalgia! É de deixar o espectador
com um sorriso estampado no rosto durante toda a projeção. É a combinação do saudosismo
com o novo numa sinergia perfeita.
O
sucesso também está em não ter medo de ser fiel ao original. Da coragem de
assumir as cores, os traços e o espírito da obra como foi concebida. Atualizar
é preciso, e eles fazem aqui, mas jamais perdem de vista o paradigma. O êxito passa
por respeitar a base de fãs para, a partir dela, conquistar um novo público. E
não o contrário. Do nintendinho, SNES, Game Boy, Nintendo 64, Switch ou até
mesmo quem nunca pegou em um console, não importa: prevejo uma bilheteria
astronômica capaz de alcançar a audiência de maneira geral.
Destaco,
para tanto, a esplêndida trilha sonora escolhida com precisão. Os caras brincam de apertar gatilhos e desbloquear lembranças
no espectador. Cada vez que o herói desbrava um novo universo ou quebra
uma caixa com uma interrogação, por exemplo, é certeza que algo extraordinário
vai acontecer.
Como
não me emocionar, em particular, ao ouvir “Take On Me”, do “A-Ha”, numa
sequência de ação que remete diretamente à minha infância?! Na década de
noventa, meu irmão, que é cinco anos mais velho, escutava os vinis da banda
norueguesa em um toca-discos na sala de casa, local onde também jogávamos
videogame. Não era raro os momentos em que a música do game se confundia, ou se
misturava, com algum álbum rolando no som ao fundo. Assim, percebam que o jogo
“Super Mario Bros.” é de 1985, e essa canção do “A-Ha” é de qual ano?
Adivinhem! “Preste atenção em mim”, está tudo conectado.
Não
menos fantástica, a dublagem nacional é um show à parte! O elenco brasileiro
consegue transmitir o carisma dos seus personagens através de entonações,
sotaques e maneirismos (com direito a regionalismos muito bem-vindos) que
somente dubladores profissionais conseguiriam. Pois é, nos últimos meses, os
fãs da franquia subiram a campanha #MarioSemStarTalent no Twitter, com o
intuito de fazer a Universal dublar o filme do encanador apenas com
profissionais, sem celebridades. A hashtag parece ter funcionado, tendo
em conta a notável falta de “Star Talents” no elenco brasileiro, especialmente
em contraste com o duramente criticado americano.
Dona
de um visual exuberante, a mágica aventura emociona e diverte. O filme do Mario
(mas não me pergunte “que Mario?”, porque essa piada eu não posso completar
aqui rsrsrs) é necessário para a indústria cinematográfica entender, de uma vez
por todas, que não existe maldição em adaptar um jogo para a sétima arte. Há
sim muito amor e cuidado em cada frame, em cada composição. O coração estando
no lugar, o resto há de funcionar.
*Avaliação 5,0 Pipocas + 5,0 Rapaduras = 10.