A trama gira em torno do vendedor
norte-americano Henk Rogers (Taron Egerton), que tenta conseguir os direitos de
distribuição de “Tetris”, criado pelo engenheiro de software russo Alexey
Pakitnov (Nikita Efreton). Mas para conseguir seu objetivo, o protagonista
passará por situações inusitadas e grandes reviravoltas lhe aguardam.
Assim, Tetris, da AppleTV+, é uma grata
surpresa! Protagonizado pelo talentoso Taron Egerton, o filme biográfico é uma incursão
pelos bastidores do mundo dos videogames, sobretudo da indústria. Antes de se
tornar um sucesso, o jogo precisou ser exportado da União Soviética para os
Estados Unidos em meio aos conflitos da Guerra Fria.
Acompanhamos um empreendedor nato
(Henk) que não medirá esforços para atingir sua meta. O longa passa uma
sensação de que criar algo novo, como um joguinho, é tão árduo quanto distribuí-lo
em larga escala. A montagem é extremamente dinâmica quando se utiliza da
metalinguagem para brincar com as possibilidades.
Os sons monofônicos trazem nostalgia
ao tempo em que nos situa naquele universo. A trilha sonora também está
impecável! As músicas ditam o ritmo da aventura. Sim, a uma certa altura o
filme se transmuta em vários gêneros: espionagem, suspense, drama, comédia... É
impressionante como a obra consegue transitar por todas essas categorias de
maneira orgânica.
Dirigido com inspiração por John S.
Baird, “Tetris” mostra como um programador de jogos, mesmo sem intenção nenhuma,
não consegue prever o que estar por vir. Após lançada, uma obra não pertence
mais ao seu criador: e o filme eleva essa ideia à enésima potência. Prepare-se
para não piscar em algumas sequências, uma vez que a história vai prender sua
atenção reservando plot twists incríveis! É um filme tão viciante quanto
o game do título.
Outro acerto é o contexto geopolítico
da época. A Guerra Fria travava embates velados homéricos até mesmo quando o
assunto era um “simples”, e bota aspas nisso, videogame! As piadas, de ótimo
bom gosto, se confundem com a seriedade do assunto e, por vezes, não sabemos se
rimos ou ficamos tenso. Ou tudo ao mesmo tempo.
Certamente, quem teve Game Boy, por exemplo, vai se lembrar de Tetris. Claro que depois o jogo foi adaptado para diversos consoles, incluindo realidade virtual, PC’s e similares “piratex”. Ou vai me dizer que na infância sua mãe não chegou do centro da cidade com aquele mini game preto e amarelo para lhe dar de presente?! O jogo da “cobrinha” também estava na memória desse humilde console de mão. Quem nunca?!
*Avaliação: 4,5 Pipocas + 4,0 Rapaduras = 8,5.