Quase 5.000 anos após ter sido agraciado com os poderes
onipotentes dos deuses antigos - e aprisionado logo depois - Adão
Negro (Dwayne Johnson) é libertado de sua tumba terrena, pronto para levar
ao mundo moderno sua forma singular de justiça. Essa é a sinopse do novo filme
do universo DC nos cinemas.
Dwayne Johnson estrela Adão Negro ao lado de Aldis
Hodge como Gavião Negro; Noah Centineo no papel de Esmaga-Átomo; Sarah Shahi
como Adrianna (uma espécie de "cospobre" de Tomb Raider); Marwan
Kenzari no papel de Ishmael; Quintessa Swindell como Ciclone; e Pierce Brosnan
como Senhor Destino. Ufa! Mas é isso mesmo, apesar do filme se chamar Adão
Negro, poderiam ter sido mais sinceros e intitulado de "A Sociedade da
Justiça x The Rock".
Assim, confesso que o mais difícil de escrever essa resenha é
realmente se lembrar do filme. Minha memória, que já não anda lá essas coisas,
fica turva ao tentar recordar alguma cena relevante que seja. Tudo é muito
genérico e soa até bollywoodiano, por vezes, sobretudo o terceiro ato banhado
por uma fotografia saturada em dourado. WTF! Confusão de cores, ideias e muita
porrada! É como se "Hobbs & Shaw" encontrasse "Velozes e
Furiosos" e ambos estivessem chapados.
A direção de Jaume Collet-Serra (que se você der um Google e
puxar o currículo do cineasta vai encontrar produções ordinárias - com exceção
de "A Órfã") é operante e se destaca na condução das sequências de
ação. O problema é o estilo cafona que o cara adota em alguns momentos (o que é
aquela câmera lenta utilizada nas rabiçacas coloridas e esfumaçadas da
Ciclone?!).
No limite da vergonha alheia, "Black Adam" tem como
único ponto positivo o que "Shazam" fez com maestria: ele tenta, e em
certos pontos até consegue, dar coração ao longa. Os personagens transbordam
sentimento e entrega, não tem como negar. Incluindo o carismático protagonista.
Sim, é a mesma cara e atuação que toda a filmografia do Dwayne Jhonson, mas
aqui com mais músculos aloprados que mal cabem na roupa. Sério, o trapézio do
cara salta do uniforme. Definitivamente, ele não precisa de enchimento no
figurino.
Outro destaque fica por conta de uma breve crítica ao modus
operandi do exército americano, na figura da Sociedade da Justiça, ao
"invadir" terras estranhas em "nome da paz" mundial. A
abordagem de um povo sofrido que precisa de um herói, mas na verdade é um
anti-herói é que deve fazer o “trabalho sujo” para resolver a parada (o famoso
"é o que tem pra hoje") deixa uma mensagem interessante no ar.
Levando em conta que estou me cansando de filmes de
super-herói, esta é uma obra que tem o potencial de divertir um público mais
despretensioso e ainda ávido pelo gênero.
Por fim, temos um filme que “pratica apneia” ao quase não
respirar em suas duas horas de projeção. Recheado de ação desenfreada e muitos
clichês, "Adão Negro" é uma típica produção que tem sua razão de
existir na empolgante cena pós-crédito. Neste aspecto negativo - ao alimentar o
hype da comunidade com um cliffhanger descarado - a DC se aproxima da Marvel
nos cinemas.
* Avaliação: 3,0 Pipocas + 2,0 Rapaduras = 5,0.