quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

TEATRO - A Bela e a Fera

Por Rafael Morais
07 de dezembro de 2017

Quando a Disney anunciou que iria realizar um remake do clássico "A Bela e a Fera" em live action (atores reais no lugar do desenho), enquanto cinéfilo, tive duas curiosidades: quanto sairia este orçamento, que chegaria a casa dos milhões de dólares; e se iriam retalhar/modificar demais o original ao ponto de perder a essência. Já quando o Colégio Dom Quintino resolveu montar o mesmo tema para o Festival de Dança deste ano, só tive uma preocupação: quando vou assistir a este espetáculo?! Digo isso porque sei do zelo, esmero e dedicação dos profissionais que cercam este evento. Ano a ano, o Colégio entrega uma verdadeira obra de arte que transcende o tradicional teatrinho para agradar e emocionar os pais de alunos. Vai muito além! Tanto que diversas pessoas, assim como eu, acompanha todo ano o espetáculo sem ter um filho participando, "apenas" por absorvê-lo como pura arte.

Adaptar "A Bela e a Fera" é um grande desafio, tendo em vista que o Cinema trouxe sua visão da literatura francesa (Gabrielle-Suzanne Barbot, 1740), originalmente, já fazendo o favor de incutir em nossos cérebros imagens e personagens icônicos deste universo fantástico, através de efeitos especiais de última geração. Mas onde tem criatividade e imaginação, não precisa de computação. Vixe, até rimou! A direção de arte demonstrou inteligência na condução do espetáculo, se saindo de “armadilhas” com maestria. A começar pela escolha do charmoso Cineteatro São Luiz. Dono de uma aura histórica, situado em frente à bucólica praça do Ferreira, no centro da nossa cidade alencarina, não poderia haver lugar melhor para uma adaptação de um conto épico. O Teatro é uma atração à parte, quase um personagem diegético da peça. A sua imponência, desde a entrada até as dependências, imerge ainda mais o público naquela história. Ou você não reparou nos lustres e nas suntuosas estruturas do espaço se imaginando dentro do castelo da Fera? Experiência única!  

Desta forma, mesclar cenário prático com digital (o telão em HD proporcionou ótimos enquadramentos) vem sendo uma saída cada vez mais interessante encontrada pelos idealizadores. A Companhia de Dança do DQ - que transita seja pelo ballet, jazz ou qualquer estilo com uma naturalidade incrível - se sentiu à vontade no enorme palco, deitando e rolando, literalmente, fazendo valer cada hora de ensaio, que não deve ter sido pouco. Em cada ato da peça - desta vez se arriscaram pelo estilo musical – os alunos/atores/dançarinos entravam com uma segurança invejável. As coreografias, harmônicas e perfeitamente sincronizadas, embalaram a apresentação. Vale ressaltar, por oportuno, que assisti na parte de cima do teatro e pude ter uma vista panorâmica, por outra perspectiva. Tudo estava encaixadinho: fala/texto, coreografia, sonoplastia, música e ritmo. Contudo, como o teatro é gigante em suas dimensões, faltou uma acústica mais apropriada, podendo ter sido reforçada, se possível, pela utilização de caixas de som também na parte superior, nas laterais.

Ainda quanto ao elenco, destaco o casal de protagonistas, carismáticos e performáticos, bem como o antagonismo na figura de Gaston. O cara simplesmente transformou um dos piores (no sentido de mal aproveitado) vilões da Disney num sujeito canastrão tridimensional, fugindo do preto no branco, em que pese o seu egocentrismo/narcisismo nas alturas, revelando uma faceta alegre e extremamente divertida, tão carismática quanto o casal, sendo responsável por um dos principais momentos do musical: o bar. A sequência da taberna teve um toque especial quando os refletores se voltaram para o público, já entregue pela magia do show, e a interação aconteceu. As palmas saíram espontâneas enquanto os atores - àquela altura já não sabíamos quem era aluno e quem era de Hollywood rsrsrs - sapateavam e distribuíam atuações memoráveis.

Não menos engenhoso, o figurino estava deslumbrante, como sempre, sendo capaz de vestir e dar vida inclusive a objetos essencialmente “inanimados” como um bule, uma xícara, um candelabro ou um relógio. A referência à animação da Disney, de 1991, estava ali para fã radical nenhum botar defeito. O que nos remete também à assertiva maquiagem. A verossimilhança na máscara da “Beast”, por sinal, é outro acerto na caracterização! Tudo tecnicamente impecável, só não fizeram nevar... ops, fizeram sim!

Enfim, como citei na introdução, agora só me resta um pensamento: quando vou assistir ao próximo espetáculo e qual será o tema? Aguardo os spoiler’s...  

*Avaliação: 5,0 pipocas + 5,0 rapaduras = nota 10,0.              
Comentários
2 Comentários

2 comments:

  1. Eu estava lá, foi simplesmente fantástico. Parabéns pelo texto!

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    1. Obg, Luan! Realmente foi lindo! E continue acessando nosso blog...abç!

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