quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

NOS CINEMAS - Os Parças

Por Rafael Morais
14 de dezembro de 2017

A nova comédia dirigida pelo cineasta Halder Gomes entrega o que prometia nas prévias: piadas esculachadas inseridas em situações inusitadas e muita galhofa! Contudo, o roteiro é todo pautado no acaso, ao ponto de os principais acontecimentos serem aleatórios, como uma típica sitcom de televisão. “Os Parças”, do título, se conhecem muito por acaso, durante uma confusão na 25 de Março - SP, expondo as suas motivações e conflitos ao nível da superficialidade, tão rasos quanto uma tainha numa poça d'agua. Tirullipa e Whindersson Nunes são parceiros de enroladas na vinte e cinco, enquanto Tom Cavalcante vive um radialista de loja, daqueles que atraem os clientes com um microfone na mão. Hilário, o experiente humorista, de longe, é o mais solto entre todos. Para tanto, basta notar a falta de timing cômico de Bruno de Luca, perdido entre "os cobras" do humor.

A trama, por sua vez, une os quatro "amigos", por conveniência, obrigando-os a organizar um casamento, de última hora, da filha (a linda Paloma Bernardi) de um mafioso (Taumaturgo Ferreira). Neste sentido, o trambiqueiro na pele de Oscar Magrini surge natural e entrega as sidequests necessárias à trupe de fuleragens. Os principais acertos ficam por conta da interação entre os protagonistas, e mesmo as piadas requentadas de sucesso do humorista Tom ainda consegue arrancar boas gargalhadas. A direção de Halder (que dessa vez apenas auxiliou no roteiro, mas não o assina) demonstra segurança na condução da história e na linguagem escolhida. Cortes rápidos durante um monólogo, enquanto um personagem narra uma situação engraçada, apontam para uma narrativa voltada ao público da “geração y”. Assim, o Youtube é homenageado no universo da película, tanto que a escolha de Whindersson dialoga com esta proposta atual. Na molecagem, destaque para a participação do Bolachinha - parceiro habitual de Halder - pense numa comédia!

Ainda no aspecto técnico, o uso de slow motion, característico de títulos como a saga “Se Beber Não Case”, por exemplo, é utilizado em exaustão pelo diretor, rendendo ótimas, mas, previsíveis sequências. E as referências cinematográficas não param por aí. Perceba a câmera colocada num bagageiro de um carro captando a reação dos personagens ao abri-lo, fazendo alusão direta a Tarantino. Tudo não passa de uma grande brincadeira em forma de paródia. O liquidificador foi ligado com um mix de cultura pop pra ninguém botar defeito.

Carismático, colorido, despretensioso e gaiato por excelência, “Os Parças” - Cines Holliúdys e Shaolins à parte, pois estão em outro patamar - significa mais um projeto de sucesso, reforçado pela bilheteria estrondosa que o filme vem conquistando em poucos dias de lançado.

*Avaliação: 4,0 pipocas + 3,5 rapaduras = 7,5.

Nenhum comentário:

Postar um comentário