Por Rafael Morais
14 de dezembro de 2017
A nova comédia dirigida pelo cineasta Halder Gomes
entrega o que prometia nas prévias: piadas esculachadas inseridas em situações
inusitadas e muita galhofa! Contudo, o roteiro é todo pautado no acaso, ao
ponto de os principais acontecimentos serem aleatórios, como uma típica sitcom
de televisão. “Os Parças”, do título, se conhecem muito por acaso, durante uma confusão
na 25 de Março - SP, expondo as suas motivações e conflitos ao nível da
superficialidade, tão rasos quanto uma tainha numa poça d'agua. Tirullipa e
Whindersson Nunes são parceiros de enroladas na vinte e cinco, enquanto Tom
Cavalcante vive um radialista de loja, daqueles que atraem os clientes com um
microfone na mão. Hilário, o experiente humorista, de longe, é o mais solto
entre todos. Para tanto, basta notar a falta de timing cômico de Bruno de Luca,
perdido entre "os cobras" do humor.
A trama, por sua vez, une os quatro
"amigos", por conveniência, obrigando-os a organizar um casamento, de
última hora, da filha (a linda Paloma Bernardi) de um mafioso (Taumaturgo
Ferreira). Neste sentido, o trambiqueiro na pele de Oscar Magrini surge natural
e entrega as sidequests necessárias à
trupe de fuleragens. Os principais acertos ficam por conta da interação entre
os protagonistas, e mesmo as piadas requentadas de sucesso do humorista Tom ainda
consegue arrancar boas gargalhadas. A direção de Halder (que dessa vez apenas
auxiliou no roteiro, mas não o assina) demonstra segurança na condução da história
e na linguagem escolhida. Cortes rápidos durante um monólogo, enquanto um
personagem narra uma situação engraçada, apontam para uma narrativa voltada ao
público da “geração y”. Assim, o Youtube é homenageado no universo da película,
tanto que a escolha de Whindersson dialoga com esta proposta atual. Na
molecagem, destaque para a participação do Bolachinha - parceiro habitual de
Halder - pense numa comédia!
Ainda no aspecto técnico, o uso de slow motion, característico de títulos
como a saga “Se Beber Não Case”, por exemplo, é utilizado em exaustão pelo
diretor, rendendo ótimas, mas, previsíveis sequências. E as referências cinematográficas
não param por aí. Perceba a câmera colocada num bagageiro de um carro captando
a reação dos personagens ao abri-lo, fazendo alusão direta a Tarantino. Tudo não
passa de uma grande brincadeira em forma de paródia. O liquidificador foi
ligado com um mix de cultura pop pra ninguém botar defeito.
Carismático, colorido, despretensioso e gaiato por excelência,
“Os Parças” - Cines Holliúdys e Shaolins à parte, pois estão em outro patamar -
significa mais um projeto de sucesso, reforçado pela bilheteria estrondosa que
o filme vem conquistando em poucos dias de lançado.
*Avaliação:
4,0 pipocas + 3,5 rapaduras = 7,5.