sábado, 7 de janeiro de 2012

EM CARTAZ: TUDO PELO PODER

O backstage do jogo político.
Rafael Morais
07 de janeiro de 2012.


A política é inerente ao ser humano, a uma sociedade civil, não tem como escapar. Você pode até dizer que não gosta de política, mas o correto seria dizer que não gosta dos políticos, pois são eles quem subvertem o verdadeiro sentido social e ideológico dessa ciência. E em Tudo pelo Poder, o tema em questão é abordado de uma forma realista e intrigante, burilado em um roteiro que pretende não só mostrar as jogadas estratégicas durante uma campanha eleitoral, como também abordar, paralelamente, subtemas como: ética, lealdade e humanidade.

A história conta as reviravoltas e trapaças que antecedem uma eleição, no caso a americana, onde nada é o que parece. Os democratas procuram um candidato para concorrer à presidência dos Estados Unidos, e acham na figura de Mike Morris (George Clooney) o homem certo para aquele país que já foi "a superpotência mundial", mas que hoje está mergulhado em uma crise sem precedentes. 

Nesse contexto, é notória a crítica ao governo Obama, inclusive, ao fazer alusões aos pôsters estampados nas ruas como a imagem de Morris pintada, metade-metade; a famosa campanha de efeito: "Hope", esperança; e claro, o bordão "Yes, we can". Afinal, sempre é mais fácil deixar nas mãos dos eleitores a missão de mudar algo, quando na verdade, esse fardo deveria ser deles que estão no poder.

A partir de então entra em cena a figura de Stephen Myers (Ryan Gosling), um jovem idealista diretor de comunicação, "braço esquerdo" do candidato Morris, porque o "braço direito" fica a cargo de Paul (o brilhante, Philip Seymour Hoffman). Aliás, as cenas em que Gosling e Hoffman dividem a tela são excelentes, na verdade, todo o elenco está muito bom, contando com belas atuações que são responsáveis pelo sucesso do longa. 

Com os dois "braços" em ação, os outros membros do candidato, atual governador, não poderiam falhar, e falharam. "As cabeças" não pensaram em sintonia, como deveriam, e quando isso acontece o corpo padece. O emaranhado político prende o espectador, e o jogo de "gato e rato" só acrescenta à dinâmica do filme. A propósito, o ritmo de uma produção com um teor de cunho tão político, me surpreendeu. Com a ajuda da ótima trilha sonora, em certos momentos, o longa ganha contornos dramáticos, angustiantes e de um bom suspense. 

Não menos brilhante é a direção de Clooney, o diretor apresenta planos e diálogos orquestrados de maneira eficiente, à ponto de gerar dúvidas acerca de quem devemos confiar, acreditar "cegamente" ou depositar nossa venal confiança.

Em um dado momento, a personagem de Marisa Tomei, uma jornalista tão antiética quanto os políticos que ela detona em suas colunas/tablóides, diz a Stephen: "Se você ainda não se decepcionou com isso tudo, você irá se decepcionar, mais cedo ou mais tarde".



Se você não sabe os reais significados de palavras como hipocrisia e demagogia, não precisa procurar nos dicionários, apenas vivencie a experiência de assistir Tudo pelo Poder. Já basta!
   

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