quarta-feira, 5 de abril de 2023

Nos Cinemas: SUPER MARIO BROS. - O FILME


Por Rafael Morais

Mario (Raphael Rosatto) é um encanador junto com seu irmão Luigi (Manolo Rey) no Brooklyn – EUA. Um certo dia, eles vão parar, por acidente, no reino dos cogumelos, governado pela Princesa Peach (Carina Eiras), mas ameaçado por Bowser (Marcio Dondi), o rei dos Koopas, que faz de tudo para conseguir reinar e ter o poder supremo. Durante a jornada, os irmãos toparão com figuras como Toad (Eduardo Drummond) e Donkey Kong (Pedro Azevedo).

Essa é a sinopse de "Super Mario - O Filme". Nada demais, como se pode ver. Seria uma sessão da tarde marota se não fosse a execução de tudo isso. A forma como os diretores Aaron HorvathMichael Jelenic, sem esquecer do roteirista Matthew Fogel, conduzem o projeto é o diferencial. O trio pinta e borda, literalmente. Há esmero em cada detalhe. É perceptível o respeito às origens do icônico protagonista. Os mais variados gameplays e mecânicas auxiliam à narrativa de modo criativo, orgânico e revigorante. Rimas visuais e sonoras são cirúrgicas ao despertar memórias afetivas adormecidas.

Finalmente, estamos vivendo a era dos acertos nas adaptações de videogames para as telonas e telinhas. E, felizmente, esse é o caso dessa nova animação “fruto da união” entre Ilumination Entertainment (“Meu Malvado Favorito”) e a gigante Nintendo. O rebento é um misto de puro encantamento e nostalgia! É de deixar o espectador com um sorriso estampado no rosto durante toda a projeção. É a combinação do saudosismo com o novo numa sinergia perfeita.

O sucesso também está em não ter medo de ser fiel ao original. Da coragem de assumir as cores, os traços e o espírito da obra como foi concebida. Atualizar é preciso, e eles fazem aqui, mas jamais perdem de vista o paradigma. O êxito passa por respeitar a base de fãs para, a partir dela, conquistar um novo público. E não o contrário. Do nintendinho, SNES, Game Boy, Nintendo 64, Switch ou até mesmo quem nunca pegou em um console, não importa: prevejo uma bilheteria astronômica capaz de alcançar a audiência de maneira geral.

Destaco, para tanto, a esplêndida trilha sonora escolhida com precisão. Os caras brincam de apertar gatilhos e desbloquear lembranças no espectador. Cada vez que o herói desbrava um novo universo ou quebra uma caixa com uma interrogação, por exemplo, é certeza que algo extraordinário vai acontecer.

Como não me emocionar, em particular, ao ouvir “Take On Me”, do “A-Ha”, numa sequência de ação que remete diretamente à minha infância?! Na década de noventa, meu irmão, que é cinco anos mais velho, escutava os vinis da banda norueguesa em um toca-discos na sala de casa, local onde também jogávamos videogame. Não era raro os momentos em que a música do game se confundia, ou se misturava, com algum álbum rolando no som ao fundo. Assim, percebam que o jogo “Super Mario Bros.” é de 1985, e essa canção do “A-Ha” é de qual ano? Adivinhem! “Preste atenção em mim”, está tudo conectado.

Não menos fantástica, a dublagem nacional é um show à parte! O elenco brasileiro consegue transmitir o carisma dos seus personagens através de entonações, sotaques e maneirismos (com direito a regionalismos muito bem-vindos) que somente dubladores profissionais conseguiriam. Pois é, nos últimos meses, os fãs da franquia subiram a campanha #MarioSemStarTalent no Twitter, com o intuito de fazer a Universal dublar o filme do encanador apenas com profissionais, sem celebridades. A hashtag parece ter funcionado, tendo em conta a notável falta de “Star Talents” no elenco brasileiro, especialmente em contraste com o duramente criticado americano.

Dona de um visual exuberante, a mágica aventura emociona e diverte. O filme do Mario (mas não me pergunte “que Mario?”, porque essa piada eu não posso completar aqui rsrsrs) é necessário para a indústria cinematográfica entender, de uma vez por todas, que não existe maldição em adaptar um jogo para a sétima arte. Há sim muito amor e cuidado em cada frame, em cada composição. O coração estando no lugar, o resto há de funcionar.

*Avaliação 5,0 Pipocas + 5,0 Rapaduras = 10.


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