segunda-feira, 16 de outubro de 2017

NOS CINEMAS - Kingsman: O Círculo Dourado

Por Rafael Morais
16 de outubro de 2017

Se toda continuação, de qualquer blockbuster que se preze, segue a regra da grandiloquência, em que tudo deve ser maior e mais exagerado, então este “Kingsman: O Círculo Dourado” seguiu direitinho a cartilha.

A trama da vez gira em torno do surgimento de uma nova ameaça capaz de eliminar o Kingsman, sobrando “apenas” Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong) como remanescentes. Em busca de ajuda, eles partem para os Estados Unidos à procura da Statesman, uma organização secreta de espionagem onde trabalham os agentes Tequila (Channing Tatum), Whiskey (Pedro Pascal), Champagne (Jeff Bridges) e Ginger (Halle Berry). Unidos, eles precisam enfrentar a responsável pelo ataque: Poppy (Julianne Moore), a maior traficante de drogas da atualidade, que elabora um plano mirabolante para sair do anonimato.

A boa notícia é que Matthew Vaughn voltou à direção – após o excelente capítulo antecessor – conseguindo imprimir o seu ritmo alucinante de ação em sequências de tirar o fôlego, ao ponto de a polêmica cena da igreja do primeiro ser apenas um aperitivo para o que estava por vir. Pautado na falta das leis da física, e isso não é nunca foi um problema em si, a ação prende a atenção do público, ao passo que o carisma de seus personagens também nos faz importar com o desfecho de cada um. O agende Galahad de Colin Firth volta, para o bem da franquia, demonstrando toda a força de um ator veterano e talentoso, contracenando ótimos diálogos e situações com o jovem Egerton.

A química experimentada em “Serviço Secreto” está lá, mas isso é o suficiente? Em que pese os efeitos especiais espetaculares, bem como as alucinantes perseguições de carro, o tom de autoparódia, e do uso abusivo de clichês do gênero (filmes de espionagem) podem incomodar. Carros submarinos, mulheres descartáveis que servem somente para o espião descobrir algo, elegância e glamour são apenas algumas das convenções exploradas aqui até não poder mais. Oscilando entre a comédia e a ação, não sabendo se decidir em qual lado ficar, “O Círculo Dourado” peca mesmo é na escala de sua urgência, sempre relegada ao famoso “vou ali salvar o mundo e volto já”. Sem falar no erro de casting ao escalar a doce Juliane Moore como uma vilã maquiavelicamente caricata, não nos convencendo jamais aquela maldade fabricada.

Não, o filme anda longe de ser todo ruim. A trilha sonora é bem escolhida, os enquadramentos de Vaughn são bem realizados e o resultado é uma obra divertidíssima que quase não percebemos passar suas duas horas e pouco de duração. Mas é Pedro Pascal, como o agente Whisky, que salva o longa. O novel personagem da saga confere uma rasteira complexidade à sua persona, acrescentando camadas, embora finas, a um tipo que também estava fadado ao trivial.
Ao final, resta mesmo é aquele cheirinho de produção “caça-níquel” no ar, tanto que um próximo episódio já está vindo por aí. Veremos até quando a criatividade de Hollywood consegue expandir este universo.

*Avaliação: 4,5 pipocas + 2,5 rapaduras = nota 7,0.

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