segunda-feira, 13 de março de 2017

NOS CINEMAS - Kong: A Ilha da Caveira

Por Rafael Morais
13 de março de 2017

Parece que a Legendary, em parceria com a Warner Bros, pegou o jeito em rodar filmes de monstros, vide “Círculo de Fogo” (Pacific Rim) e o último “Godzilla”, por exemplo. Mas o fato é que ambas se uniram para mesclar o universo do gorilão com o lagartão atômico, interligados pela mesma empresa fictícia “Monarch”, que já aparece durante estes longas.

Em “Kong: A Ilha da Caveira”, acompanhamos uma expedição a tal ilha remota, localizada em algum lugar do Pacífico Sul, na qual Bill Randa (John Goodman) busca atestar a existência de animais gigantes. A trupe também é formada pelo coronel Preston Packard (Samuel L. Jackson), o rastreador James Conrad (Tom Hiddleston) e a fotógrafa Mason Weaver (Brie Larson). Visualmente incrível, os efeitos especiais se harmonizam com a inspirada fotografia solar de Larry Fong, remetendo a obras como “Apocalypse Now”. E esta comparação não se restringe apenas ao campo estético, além disso, há uma tentativa do fraco roteiro em abordar, superficialmente, a questão da loucura do militar diante da guerra, algo batido em fitas de guerra.

Dono de um primeiro ato irretocável, o filme estabelece a missão com precisão, embora os seus personagens careçam de complexidade. Os estereótipos do gênero estão lá, descaradamente, e isso não quer dizer algo pejorativo, necessariamente, já que a obra tem consciência de sua limitação enquanto temática B, no bom sentido. Desta forma, o jovem diretor Jordan Vogt-Roberts jamais tenta ser o que não é - Copolla é apenas uma inspiração – inserindo a diversão acima de tudo. Blockbuster de primeira, “Kong: A Ilha da Caveira” ganha mesmo o espectador é nas aparições e sequências de ação do protagonista-título. E o Rei Kong nunca esteve tão imponente. Seja pelo tamanho - evidenciado no formato IMAX - ou pelas habilidades de luta, o primata gigante apresenta evolução até na utilização de armas brancas.

Roubando a cena do elenco, que contava com Nick Fury, Loki e Capitã Marvel, ops, Jackson, Hiddleston e Larson, o modesto Shea Whigham vive Cole: um soldado carismático, alívio cômico, que guarda a melhor cena de anticatarse da projeção. Já àquelas que ficam guardadas na retina do público repousam sobre os takes de King Kong. Toda vez que o gigante surge em cena – desde o espetacular combate com os helicópteros a uma degustação de polvo – o deslumbre toma conta da sala de cinema tamanha a imponência e detalhes técnicos na composição do protagonista. Neste contexto, o antagonista de Kong não se limita apenas ao ser humano, ambicioso por natureza. Outros monstros enormes vivem na ilha, tendo como um dos piores predadores um lagarto, meio crocodilo, escroto que mora nas profundezas do lugar. Assim, a referência à “Jurassic Park” grita na tela, já que o bicho/vilão se parece demais com aqueles que Spielberg apresentou há 24 anos, misto de Velociraptor e T-Rex. Outra semelhança com o Parque é a própria Ilha da Caveira. Cada local apresenta um ser diferente, onde os sobreviventes passam a conhecer a fauna e a flora em que estão envolvidos. Pena que Conrad não chega aos pés de Alan Grant, graças ao carisma de Sam Neil. 

Aliás, falta ritmo e tom nas personas do herói e da mocinha. Totalmente descartáveis, o aventureiro e a fotógrafa poderiam ser totalmente limados do final cut sem prejuízo algum para o desenvolvimento da história. Ponto negativo para o raso script.
Contudo, não podemos dizer o mesmo da magnífica trilha sonora escolhida, passando por Black Sabbath, David Bowie e Led Zeppelin. Um show à parte!

Com a cena pós-crédito, temos a certeza que o crossover entre este universo de criaturas fantásticas, proposto pelos estúdios, continuará a ser explorado, o que é ótimo. Porém, gostaria que nos próximos capítulos focassem mais nos monstros do que nos humanos, evitando o desperdício de um ótimo elenco com diálogos rasos e personagens acéfalos.

*Avaliação: 5 pipocas + 2,5 rapaduras = nota 7,5.  

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