quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

TEATRO - Potter

Por Rafael Morais
01 de dezembro de 2016

Ok, eu confesso: não sou fã da saga Harry Potter nos cinemas; e sou ex-aluno do Colégio Dom Quintino, com muito orgulho! Dito isso (ufa, precisava desabafar!), o Festival de Dança do DQ deste ano trouxe o tema “Potter” através de uma linda montagem teatral, capaz de nos levar do Expresso às dependências da escola de Hogwarts. Como não lembrar os irmãos Lumiére com o seu filme experimental: “A Chegada do Trem”, enquanto acompanhamos, logo no início da peça, a estação e os personagens que passamos a seguir? Para um cinéfilo, as referências pipocam na cabeça.

Assim, acostumado a assistir, todo ano, aos magníficos festivais do Colégio, percebemos a diferença no cenário, desta feita em sua maior parte digital - por meio de um enorme telão em alta resolução - o que configura um acerto por parte da direção de arte do espetáculo, afinal de contas rivalizar com as suntuosas locações dos filmes se tornaria inviável. Mesmo assim, quando surge um efeito prático, um objeto de cena físico, vislumbramos o belo trabalho do artista plástico Raimundo Dias Vieira (o talentoso Jocieldo) tomando conta do ambiente e nos imergindo ainda mais na história.

O que dizer do figurino caprichado e das cartinhas caindo do céu, literalmente, interagindo com o público a atmosfera lúdica proposta? Fantástico! E como estamos falando de um evento escolar, imagino a emoção dos pais presenciando as suas pequenas vestidas de maquinistas ou de porções mágicas: uma fofura sem tamanho!

Mérito também para a excelente escolha das canções, que passeia pela própria trilha sonora da franquia, épica por excelência, passando por um dance eletrizante, até as repaginações de Boyce Avenue, tudo na medida. Na verdade, a utilização de músicas anacrônicas, uma das características do Festival em todas as suas edições, não só auxilia na ritmização, como também empolga o espectador. Buscar regravações de um som extremamente conhecido traz frescor e jovialidade à montagem.

Contudo, como vivemos na era dos cosplay’s, gostei da entrega dos alunos ao pintarem o cabelo nas cores de suas personas, trazendo um toque de verossimilhança. Porém, senti falta do protagonista não estar com o corte /penteado parecido com o do Harry, por mais que a armação redondinha dos óculos ajude a lhe identificar. Todavia, a maquiagem merece aplausos na composição do vilão Voldemort e do elfo Dobby, especialmente.

O ballet, o jazz e a dança contemporânea são estilos muito bem representados na coreografia de Gorete Maia e Jessé Anastácio. A expressão corporal carrega vigor, paixão e sensibilidade, quando necessário. Não deve ser fácil ensaiar e controlar aquela garotada, sobretudo a ansiedade.

Por fim, as irmãs Melissa e Milena Mangueira, responsáveis pela direção geral do Festival, podem se sentir orgulhosas do trabalho realizado, pois, entre outras conquistas, conseguiram despertar em mim a vontade de dar uma segunda chance à filmografia do bruxinho. Ou será que ainda estou sob os efeitos da magia a que fui submetido no teatro há dois dias? 

*Avaliação: 5 pipocas + 5 rapaduras = nota 10.

Nenhum comentário:

Postar um comentário