sexta-feira, 12 de outubro de 2012

NAS LOCADORAS - Sempre ao seu Lado

Não adianta se segurar, você vai chorar.
Rafael Morais
13 de outubro de 2012.

* À Lilinha. Saudades.

Quem já teve um cão de estimação sabe qual é a sensação de chegar em casa e ser recebido com o rabinho abanando, sem se aguentar de contentamento, e com a linguinha de fora, como se estivesse sorrindo. É inexplicável o sentimento dos bichos para com os seus donos. O amor que recebemos desses animais é algo incondicional. Não adianta se você está de mal humor, ou não, o tratamento não muda. Será em vão brigar, gritar ou até dá umas palmadinhas, o amor dele não mudará. Simples assim: não há ressentimos ou mágoas. E quem não queria ter um amigo desses? Pois é, eu já tive a feliz oportunidade de conviver com dois cachorrinhos inesquecíveis : Tito (um poodle malandro e com crise de identidade por conviver com um coelho, uma galinha e um pé-duro) e a Lila (uma schnauzer lady, meiga e extremamente amorosa). Dessa forma, durante esta resenha, será inevitável não fazer paralelos e não remexer nas memórias sem se lembrar desses bichinhos que passaram pela minha vida e demonstraram o valor de uma verdadeira amizade.

Mas voltando à trama do filme em si, reza uma lenda oriental que uma pessoa não escolhe o seu cachorro, mas sim, o bicho é que escolhe o seu dono. E é baseado nessa premissa que o longa, adaptação de uma história real, apresenta o seu protagonista, Hachiko, um cachorro da raça akita que ficou famoso no Japão, local de origem da história, depois que apareceu em reportagens de jornais que contavam sua jornada de lealdade ao seu dono, um professor da Universidade de Tóquio. Todos os dias Hachiko acompanhava seu amigo até a estação de trem e estava lá quando ele voltava para casa. Nessas horas, me lembro como eu era recebido pelos meus fiéis amiguinhos. O fato é que mesmo se eu chegasse em casa estressado ou chateado, eles estavam ali prontos para me receber, incondicionalmente.   

No entanto, a história deste cachorro virou uma lenda em todo o país e foi usada em escolas e casas para ensinar às crianças a importância da lealdade entre amigos. Serviu também para despertar no Japão uma onda de criações de akitas, raça pura japonesa que estava cada vez menos popular. Há hoje na estação de Shibuya uma estátua de Hachiko, no lugar onde ele ficava esperando seu dono voltar.

Na versão estadunidense da história, Hachiko continua sendo um akita. Ele é achado quando ainda é um filhote em uma estação na periferia de Nova York pelo professor universitário Parker Wilson (Richard Gere), que o leva para casa. No início, sua esposa (Joan Allen) se recusa a adotar o novo morador, mas é tocada pela cativante relação entre os dois.
Um personagem que faz a ponte entre as duas versões explicando um pouco da mentalidade e crenças japonesas é o também é um professor universitário Ken (Cary-Hiroyuki Tagawa). Ele explica ao amigo que talvez não tenha sido ele quem achou Hachiko, mas sim que o cão o escolheu como seu dono, confirmando a lenda. É ele também que explica que "hachi" é o numeral japonês para oito, um número especial, que simboliza a ligação entre os planos terrenos e espirituais.
Por sua vez, a direção do sueco Lasse Hällstrom (Regras da VidaChocolateO Vigarista do Ano) carrega no drama, incorporando elementos tipicamente ocidentais que certamente não estiveram na versão japonesa do filme, Hachiko Monogatari, sucesso de 1987. É o caso da brincadeira de pegar a bolinha, que Ken explica ser algo completamente sem sentido para Hachi. "Cachorros japoneses não pegam a bolinha apenas para agradar seu dono ou ganhar um biscoito", explica Ken em um prenúncio para uma das cenas mais emocionantes do filme. Nesse momento, pode deixar o jeito machão de lado e pegar aquele lenço de papel que estava no bolso desde Marley e Eu. Acredite, você vai precisar. E se ao acender das luzes vierem te perguntar alguma coisa, e você é do tipo orgulhoso, despiste dizendo que caiu um cisco no olho.

O vento bate em seu rosto como um sopro da liberdade. Nada lhe abala naquele instante. Ela está no colo da sua protetora e não tem o que temer. Dá língua para todos que passam sem soar mal educada. É a mais pura e ingênua felicidade que jamais poderei desfrutar.
Isso é apenas saudade dos passeios de carro com a Lila...

Comentários
4 Comentários

4 comments:

  1. Parabéns pelo excelente post... A amizade de um cão é e sempre será um exemplo de companheirismo e lealdade.

    Att: André Medeiros

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  2. Aquele dia foi inesquecivel!
    Ela adorava as coisas simples!!
    A lila foi uma cadela muito meiga, carinhosa, mansa e feliz.
    Saudade dela é grande, porém em pensar que tive a oportunidade de conviver com um ser tão graciado, uma experiência ímpar!

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