segunda-feira, 16 de maio de 2011

E A RAPADURA DE OURO DA SEMANA VAI PARA ...


A História vista sob outra perspectiva.
Rafael Morais
14 de maio de 2011.

Quem disse que os alemães são frios e insensíveis? Pelo menos em Adeus, Lênin! não enxergamos nada disso. Pelo contrário, o filme é recheado de emoções e sentimentos, sobretudo quando o roteiro explora um país imerso em mudanças políticas e sociais tão bruscas.

O que fazer quando a sua mãe (comunista militante) está acometida de uma doença grave da qual não pode ter tantas surpresas, caso contrário, poderá ter um ataque cardíaco fatal? E o pior, essa mãe mora em uma Alemanha dividia em Oriental e Ocidental, prestes a se unificarem sob um governo capitalista. Essa é a premissa do filme, que mostra de uma forma bem peculiar - cômica e emocionante ao mesmo tempo - a queda do muro de Berlim e a "vitória" do Capitalismo sobre o Comunismo.

O filme escrito e dirigido por Wolfgang Becker, começa algumas semanas antes da queda do muro. Christiane (Katrin Sass) é uma apaixonada colaboradora do regime comunista. Ela só não imaginava presenciar seu filho Alex (Daniel Bruhl) se manifestando contra o regime nas ruas, do qual acabou espancado e preso por policiais. Em choque, ela sofre um colapso e entra em coma no meio do conflito.

Ao despertar, vários meses depois, desse "sono profundo", o médico dá o veredicto: Qualquer choque será fatal, pois o seu coração está bastante fragilizado. A solução encontrada pelo filho, repleto de amor e remorso, aparentemente, é simples: Manter, pelo menos dentro do apartamento, uma Alemanha oriental viva.

A partir daí o longa ganha fôlego e diz para que veio. Alex começa então uma louca e interessante luta constante em ambientalizar o quarto e a vida de sua querida mãe, em algo inversamente proporcional ao rumo da história. 

Para isso ele conta com a ajuda de sua irmã, genro e namorada que precisam se vestir como antes, consumir produtos estatais (comidas, bebidas, roupas), tudo em prol da saúde da matriarca. Tudo estava dando certo até que bem em frente ao aposento da enferma, aparece,  hasteado em um prédio, um Outdoor da Coca-Cola, como se marcasse o fim de uma era e começasse a época do Consumismo/Capitalismo. Sem dúvida, aquela bandeira significava muito mais do que um simples refrigerante de cola. 

Além da excelente premissa, o filme conta com um ótimo elenco. Os dois protagonistas fazem um trabalho irretocável, ao lado de coadjuvantes divertidos, como Maria Simon (a irmã de Alex), que começa a trabalhar entusiasmadíssima num Burger King e vestir-se de maneira New Wave. Merece destaque também Florian Lukas, o amigo de Alex que filma casamentos achando que é o novo Stanley Kubrick. E vale destacar que as melhores cenas do filme, ou seja, a reinvenção e repaginação da história, ficam por conta das criativas filmagens de Alex e seu amigo. Memoráveis!

Enfim, sensível e com ótimas piadas, Good Bye, Lenin! é algo raro, uma comédia alemã que prova que a tal "frieza" dos germânicos pode estar degelando enquanto o país sofre importantes mudanças.

Essa é uma obra cinematográfica que mostra a relativização das coisas e dos fatos. Por isso, não esqueçam: Existem várias maneiras de se contar uma história, tudo vai depender do seu ponto de vista.



  


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