02 de outubro de 2016
Depois do aclamado “Dia de Treinamento” e o medíocre “O
Protetor”, chegamos à terceira parceria entre o diretor Antoine Fuqua e Denzel
Washington nesse “Sete Homens e Um Destino”. Remake do remake - sim, trata-se
de uma regravação do filme de 1960 que, por sua vez, adaptou o clássico “Sete Samurais” de Akira Kurosawa – o longa conta a história dos habitantes de um pequeno vilarejo que sofrem
com os constantes ataques de um bando de pistoleiros. Revoltada com os saques,
Emma Cullen (Haley Bennett) deseja justiça e pede auxílio ao pistoleiro Sam
Chisolm (Denzel Washington), que reúne um grupo de especialistas para
contra-atacar os bandidos. Baseado nesta premissa, conhecemos, paulatinamente,
os personagens-título através de pequenas apresentações, como a do charlatão
Faraday (Chris Pratt) que surge num típico Saloon jogando o seu baralho.
Na
verdade, o recrutamento de Chisolm para reunir a trupe transforma o filme numa
espécie de road movie, conferindo
dinâmica à montagem, sem jamais nos deixar enfadados nas duas horas de
projeção. Deste modo, dada a química entre o ator e o cineasta, ficou fácil
para Fuqua enquadrar o protagonista por diversos ângulos, sobretudo na
utilização de inúmeros contra-plongée (ou “câmera baixa”; posiciona a lente de baixo
pra cima) demonstrando o acerto na linguagem narrativa proposta: engrandecer e
dar superioridade ao “mocinho” nas telas conforta o público.
Neste ponto, o
roteiro também acerta ao apresentar um vilão alegórico, caricatural,
propositalmente composto por Peter Sarsgaard. Um cara inescrupuloso, corrompido
pela ganância, de olhar perturbador e cabelos meticulosamente penteados (para
não dizer lambidos). É a típica antítese que a história precisava, tamanha a
nocividade do sujeito e o seu exército: igrejas incendiadas, cidadãos
assassinados covardemente e crianças ameaçadas são apenas alguns dos modus operandi.
Outro destaque desta
regravação se encontra na representação da diversidade de gêneros no grupo,
principalmente das minorias. Temos um negro liderando um índio (Martin Sensmeier), um latino (Manuel Garcia-Rulfo) e até um asiático atirador de facas
(Byung-Hun Lee) e, claro, todos contratados por uma mulher! Sim, a personagem feminina
forte da vez não deixa de chorar um só instante que surge em tela, porém,
compensa a lágrima com muita bala nos inimigos. E por falar em tiros, assistir
no formato IMAX, no “ponto G” da sala de cinema, trouxe uma agradável
experiência de estar no meio dos tiroteios, entre os diálogos dos personagens,
nos colocando no centro do caos, como se fôssemos mais uma habitante daquela
cidadezinha. Ponto para o design de som e direção de arte, impecáveis!
Assim, ao passo
que há metalinguagem na questão visual do faroeste, atendendo aos requisitos da convenção quando
foca no embate de quem saca a arma primeiro, na constante utilização da
câmera no chão para enfocar o duelo, até mesmo na fotografia ensolarada, o
filme aborda, mesmo que superficialmente, a complexidade daqueles sujeitos que
estão prestes a dar sua vida numa missão quase suicida. O personagem de Ethan
Hawk (Goodnight) adiciona camadas à figura máscula e destemida
do cowboy, bem como Jack Horne (vivido pelo metódico Vincent D’Onofrio), cuja mansidão
na voz que, teima em recitar versos bíblicos, esconde a sua fortaleza selvagem.
De outra parte, a concepção de uma trilha sonora que não usa os clichês
esperados, tais como assobios, pássaros, entre outros, diegeticamente perfeitos
neste cenário, evidencia uma inovação na forma de enxergar o “novo” velho
oeste. Mesmo assim, ainda prefiro as composições de Ennio Morricone, sem
dúvida!
Enfim, este “Sete Homens e um Destino” ainda nos reserva duas
sequências de ação de tirar o fôlego, com direito a ótimos dublês que despencam
do telhado e tudo mais que temos direito neste gênero de filme. Vale o
ingresso!
*Avaliação: 4,5 pipocas + 4,5 rapaduras = nota 9,0.