Um Sci-fi que perpassa a ação, o drama e o suspense de forma sensível e convincente.
Rafael Morais
26 de julho de 2011.
Há tempos não assistia a um bom filme de ficção científica cercado por outros gêneros. E foi em Contra o Tempo que veio essa grata surpresa.
No longa, o Capitão Stevens (Jake Gyllenhall) acorda em um trem e se vê na pele de um homem que ele não conhece, descobrindo, assim, que, sem seu consentimento, está fazendo parte de um experimento (antiterrorista) criado pelo governo norte-americano chamado "Código Fonte" (Source Code, título original). O programa possibilita que Stevens assuma a identidade de um outro homem em seus últimos 8 minutos de vida. Assim, sua missão é encontrar os terroristas responsáveis por um atentado que deixou milhares de vítimas e, principalmente, impedir outro ataque.
Inicialmente, temos uma falsa e precipitada impressão de que toda a trama não passa de um Déjà Vu, e isso não é apenas aquele sentimento de já ter visto algo parecido antes, mas por ser bem assemalhado ao filme estrelado por Denzel Washington e dirigido por Tony Scott em 2006. Mas, não se preocupem, como disse, é apenas uma pseudo impressão.
Contudo, o filme não é tão simples quanto parece, exigindo, sobremaneira, uma atenção redobrada do espectador, uma vez que, com o passar da projeção, alguns personagens de capital importância dão o ar da graça, emaranhando, cada vez mais, a árdua missão do Capitão.
Nesse passo, somos apresentados a uma Capitã (vivida pela expressiva Vera Farmiga) que acrescenta doses de humanidade e objetividade às principais cenas da película. É ela que dá o briefing (instuções) de cada inserção do atordoado Stevens aos últimos 8 minutos naquele trem que, inevitavelmente, irá explodir. O personagem de Farmiga é essencial ao roteiro, pois traz consigo um toque de sensibilidade frente à frieza daquele experimento, tornando-a imprescindível ao desfecho do filme.
Mais uma vez Gyllenhall encara o papel de protagonista e não faz feio. O jovem ator se insere, paulatinamente, como um dos seletos da nova geração e isso acontece, especialmente, porque as suas atuações convencem e há uma entrega do ator para com o personagem. Sem falar no emergente diretor Duncan Jones (filho do elogiado David Bowie), cineasta ainda injustiçado pela pouca divulgação e distribuição do notável Lunar (ficção científica indie de 2009), filme de estreia do diretor. Agora, Jones tem nas mãos uma produção de grande porte impondo sua câmera/visão eletrizante e tensa, e aí ele não deixa a desejar.
Enfim, vale salientar que essa resenha não tem o condão de spoiler (entregar ou citar cenas importantes do filme), até porque o seu final deixa algumas pontas soltas (talvez de forma proposital) e apenas poucas certezas, das quais não direi quais são. Mas, acima de tudo, é uma competente produção que nos prende do início ao fim, sem "pestanejar".
Atenção: O filme só estreia em 29/06/11, ou seja, próxima sexta. A equipe do Pipoca&Rapadura teve a chance de assistir a uma espécie de premiere. Fomos, literalmente, "contra o tempo" . ; )