Por Rafael Morais
Meu fascínio por Cinema começa e se confunde com a chegada de Tartarugas Ninja nas telonas. Calma, eu explico. Em meados dos anos 90, minha mãe me levava ao São Luiz do Centro (um clássico cinema aqui de Fortaleza) para ver todos os filmes das Tartarugas e dos Trapalhões também. Eu tinha meus 07 anos de idade, um cágado ainda rsrsrs. Ali foi dado o start na minha cinefilia.
E sabendo de suas origens, sobretudo do contexto histórico, o roteiro dessa nova versão de 2023 (escrito por Seth Rogen e Evan Goldberg) homenageia "Curtindo a Vida Adoidado", por exemplo, e dar uma piscadela para o seu público rootz.
Saem os figurinos emborrachados, em live action, e entra a animação que reluta contra o jeito Disney de ser. Traços disformes assumem com bastante personalidade, lembrando a reformulação pela qual passou "Gato de Botas" e a novidade trazida em "Aranhaverso", este último mais ainda. Na verdade, este estilo artístico encaixou muito bem com o universo cyberpunk onde as Tartarugas estão inseridas. Mérito da caprichada direção de arte!
A movimentação também é sentida na taxa de quadros, como se tivesse emulando um stop motion. As cores vibram, quando têm que aparecer, e dessaturam no momento certo. Há uma quebra do "padrão", e isso é notório. Aliás, a própria trilha sonora dos excelentes Trent Reznor e Atticus Ross acompanham a variação conforme a intensidade da paleta. O que não muda são os ícones: as personas de Raphael (o melhor deles, por motivos óbvios rsrsrs) Leonardo, Donatello e Michelangelo; as armas características de cada um e, claro, a paixão deles por pizza! A direção de Jeff Rowe e Kyler Spears sabe o terreno que está pisando.
Aqui, os nossos protagonistas são adolescentes e o humor, por vezes bobo e nonsense, funciona. As cenas de ação empolgam bastante! Tá tudo no lugar! Há química entre os irmãos, entre a família. Mestre Splinter rouba a cena. As referências diretas a alguns super-heróis são hilárias!
Entretanto, nem tudo são flores. Um ponto do enredo que me incomodou está na virada de alguns capangas. Não quero dar spoiler, mas a busca por redenção a qualquer custo parece apressada demais e pode desapontar um pouco a audiência mais purista. Me enquadro nessa categoria, tendo em vista minha relação com os primórdios dos quelônios no Cinema, como explicado.
Por sorte, o filme tem uma mensagem final muito interessante, além de falar de amizade e pertencimento. Sem esquecer que o respeito e a proteção aos animais deveria lhe render algum destaque junto à PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), assim como aconteceu com "Guardiões da Galáxia Vol. 3".
Definitivamente, é um ótimo ano para as animações: "Super Mario", a própria continuação do "Aranhaverso" e "Gato de Botas 2", como já citado. Que venham mais sequências divertidas e de qualidade como esse "Caos Mutante".
Cowabunga!
*Avaliação: 4,5 Pipocas + 4,0 Rapaduras = nota 8,5.